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Provedora de internet Unifique fecha acordo para adquirir empresa de assessores de investimento

A estimativa, então, é que em até três anos, a Unifique já tenha 60% da participação da Plantare

Ricardo Hoffmann, da Plantare, e Gabriel Amâncio, da Unifique: acordo prevê aquisição de 60% da Plantare pela Unifique em três anos (Unifique e Plantare/Divulgação)

Ricardo Hoffmann, da Plantare, e Gabriel Amâncio, da Unifique: acordo prevê aquisição de 60% da Plantare pela Unifique em três anos (Unifique e Plantare/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de outubro de 2023 às 09h00.

Última atualização em 3 de outubro de 2023 às 09h18.

Duas empresas com forte participação em Timbó, a 110 quilômetros de Florianópolis, estão em processo de fusão. A Unifique, provedora de internet listada em Bolsa e que conta com cerca de 700.000 clientes, assinou um acordo de cooperação com a Plantare Investimentos. Essa parceria prevê que a Unifique disponibilize no seu portfólio de produtos o serviço de assessoria de investimento da Plantare. Os resultados e receitas gerados dessa parceria - ou seja, a partir da base de clientes da Unifique - será convertido em participação na empresa de assessores de investimentos. 

Na prática, o processo de aquisição não envolve dinheiro. A Unifique não está colocando nenhum montante para adquirir a Plantare. O que acontecerá é que, na medida em que os clientes da Unifique aderirem aos produtos da Plantare, isso se converterá em ações da empresa para a provedora de internet.

“Todo portfólio da assessoria de investimento entra como uma nova oferta dos clientes da Unifique”, diz Gabriel Amâncio, diretor de Inovação e Transformação Digital da Unifique. “Hoje, dessa parceria, o patrimônio sob gestão é zero. Conforme o patrimônio for aumentando, vamos atingindo metas e fazendo subscrição de equity até 60%”.

A estimativa, então, é que em até três anos, a Unifique tenha até 60% da participação da Plantare. O restante ficará com os atuais fundadores da assessoria de investimentos. 

Por que a Unifique fez esse movimento

O movimento do acordo para aquisição faz parte de uma estratégia contada em primeira mão pela EXAME de diversificar o portfólio de produtos da Unifique. A empresa quer ampliar a receita trazendo outros serviços além da telecomunicação para seus clientes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. 

Na última semana, inclusive, lançou um corporate venture capital (CVC) e vai investir 5,5 milhões de reais em até 20 startups de diferentes segmentos, como cidades inteligentes, edtechs e healthtechs. Mas por quê não colocar a Plantare dentro do programa de investimento via venture capital?

“O CVC foi um programa aprovado neste ano e que mira startups específicas do segmento de tecnologia”, diz Amâncio. “Já o assunto de ter oferta financeira por meio de um agente autônomo está evoluindo desde o ano passado. Estamos discutindo esse acordo com a Plantare há algum tempo”.

Por que essa provedora de internet de SC que fatura R$ 678 milhões decidiu investir em startups

Como foi a aproximação entre as duas empresas

É parte coincidência, parte estratégia de negócio o fato das duas empresas serem da mesma cidade, Timbó, um pequeno município de 46.000 habitantes no Vale do Itajaí. Isso porque a escolha da Plantare foi por meio de um processo de concorrência nacional, onde participaram os principais líderes do setor. Mas o fundador da assessoria de investimentos já conhecia e atuava com a Unifique.

“Quando a Unifique fez a abertura de capital, começamos a cobrir a empresa com o pessoal do Relação com Investidores, porque muitos dos nossos clientes queriam investir na Unifique”, afirma Ricardo Hoffmann, um dos fundadores da Plantare. “Foi um dos motivos pelos quais a gente foi convidado para participar do processo de concorrência”. 

A Unifique analisou alguns pontos para escolher a Plantare. Entre eles a centralidade do cliente e o potencial de crescimento comprovado pelos números da empresa. 

Quem é a Plantare

Fundada em 2021, a Plantare conta hoje com 1.500 clientes e mais de 1 bilhão de reais em custódia. A sede registrada é em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, mas o fundador e 80% da equipe ficam em Timbó, Santa Catarina.

A empresa atua no mercado financeiro vinculada a Necton, uma marca do grupo BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME). “É a sofisticação da Faria Lima chegando ao interior do país”, diz Hoffmann. “A Plantare e a Unifique, juntas, representam um potencial enorme de crescimento, temos um projeto de expansão arrojado, queremos ter assessores de investimento em todas as cidades nas quais a Unifique atua e, vamos trabalhar para nos próximos três anos dobrarmos a empresa todo ano”.

Importante destacar que a Plantare não vai pegar a lista de clientes da Unifique e oferecer o serviço. Os clientes da provedora de internet receberão a proposta e, caso aceitem, serão procurados pela rede de assessores de investimento para oferecer o portfólio de produtos. 

Qual a estrutura da Unifique hoje

Hoje, a Unifique oferece banda larga fibra óptica, televisão, telefonia fixa e telefonia móvel. Recentemente, venceu leilões no sul para usar a rede 5G. O principal cliente é o consumidor final, mas há também soluções para empresas, como oferta de cloud e de segurança cibernética. Já o carro-chefe, nos produtos, é a internet banda larga. No segundo trimestre do ano, aliás, representou 82% dos negócios. 

Hoje, 500.000 clientes ficam em Santa Catarina e outros 150.000 usuários estão no Rio Grande do Sul. Há também alguma participação no Paraná, mas é pequena. Além da expansão orgânica, também tem feito aquisições. A mais recente foi da Naxi, de 35,5 milhões de reais.

No ano passado, de acordo com os dados divulgados para o mercado, a Unifique teve uma receita líquida de 678,4 milhões de reais, aumento de 48% em relação ao ano anterior. Já o lucro líquido bateu os 130,2 milhões de reais. Aumento de 61,7% em relação a 2021.

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