Processo da Alphabet contra Uber põe fim a uma relação complicada
Alphabet, controladora do Google, está processando o Uber por roubo de segredos corporativos
Reuters
Publicado em 6 de março de 2017 às 12h04.
São Francisco - Quando o Uber estava levantando capital de risco em 2013, a empresa era uma das mais atraentes, e ninguém estava mais disposto a preencher um cheque que Bill Maris e David Krane, do braço de investimentos do Google.
Porém, nem todo mundo na Google Ventures, atualmente conhecida como GV, concordava. A companhia já tinha investido em uma rival, a Sidecar, e o Uber estava querendo um valor muito elevado na época.
Maris e Krane acabaram prevalecendo e o investimento é hoje considerado um dos maiores sucessos da GV. No papel, o investimento inicial de 258 milhões de dólares em 2013 se multiplicou por 14 vezes nos três anos seguintes, para mais de 3,5 bilhões de dólares.
Mas agora a Alphabet, controladora do Google, está processando o Uber por roubo de segredos corporativos, alegando que um de seus principais engenheiros no programa de carro autônomo acessou milhares de arquivos confidenciais, incluindo projetos que o ajudaram a fundar a companhia de caminhões autônomos Otto e a vender a empresa rapidamente para o Uber. O Uber nega as acusações.
O processo, aberto pela unidade de carros autônomos Waymo, da Alphabet, está agitando a crescente indústria que está sendo considerada como o futuro do transporte rodoviário privado.
A relação complexa entre as duas empresas foi tensa desde o início, segundo fontes com conhecimento do assunto, e azederam de vez com o aumento da competitividade entre as duas.
Agora, se o processo da Waymo atingir o Uber, o investimento da GV na companhia pode ser afetado por uma raridade no Vale do Silício: um grande investimento minado pelos próprios investidores da companhia.
"Se a Waymo ganhar, a GV perde", disse Stephen Diamond, professor associado de direito na Santa Clara University.
O processo é apenas um de uma série de revezes sofridos pelo Uber, incluindo alegações de assédio sexual que dispararam uma investigação interna, um vídeo do presidente-executivo, Travis Kalanick, discutindo com um motorista do Uber que o fizeram fazer um pedido público de desculpas, e admissão pelo Uber na sexta-feira de que usou uma ferramenta secreta de rastreamento para evitar autoridades.
"Avaliamos as alegações da Waymo e determinamos que elas são uma tentativa sem fundamento de desacelerar um competidor e vamos nos defender vigorosamente contra eles no tribunal", disse o Uber em comunicado. Uma porta-voz da GV não comentou o assunto.