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Principal aliado de Abilio, Tarpon quer negociar com fundos

Segundo fontes ligadas à Tarpon, que possui 7,3% da empresa, há interesse em ouvir a proposta dos fundos de pensão

Abilio Diniz: a Tarpon irá defender, porém, que os fundos apreciem o plano da atual direção da empresa (Fabiano Accorsi/Divulgação)

Abilio Diniz: a Tarpon irá defender, porém, que os fundos apreciem o plano da atual direção da empresa (Fabiano Accorsi/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de fevereiro de 2018 às 22h06.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2018 às 22h21.

São Paulo - Terceiro maior acionista da BRF, o fundo Tarpon está disposto a negociar com os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobras (Petros) sobre mudanças no comando da companhia de alimentos, que é dona da Sadia e da Perdigão.

Segundo fontes ligadas à Tarpon, que possui 7,3% da empresa, há interesse em ouvir a proposta dos fundos e, eventualmente, apoiá-los na assembleia, que irá deliberar sobre a destituição do atual conselho de administração da companhia.

A Tarpon irá defender, porém, que os fundos apreciem o plano da atual direção da empresa antes de promoverem nova mudança na administração. Nos últimos cinco anos, a BRF teve quatro presidentes e algumas dezenas de trocas nos principais cargos executivos.

O comando da Tarpon pretende posicionar o fundo na disputa societária em curso como "um acionista relevante" e não há interesse em se engajar na defesa da gestão à frente da BRF. Até o fim do ano passado, a empresa era comandada por Pedro Faria, sócio da Tarpon.

Na segunda-feira, 5 de março, será realizada uma reunião do conselho da BRF para deliberar sobre o pedido dos fundos de pensão. Eles querem a realização de uma assembleia geral extraordinária para destituir o atual conselho, tirar Abilio Diniz do comando do colegiado e eleger novos membros.

Caso a Tarpon decida se aliar aos fundos de pensão, será uma mudança em seu posicionamento recente. O fundo de investimento sempre votou junto com Abilio Diniz. A Tarpon, que é acionista da BRF desde sua criação, foi responsável por levar o empresário para o comando do conselho de administração da empresa, em 2013. Na ocasião, teve apoio da Previ e de integrantes da família fundadora da Sadia.

Desde então, Abilio e Tarpon formaram um bloco, votando juntos em decisões do colegiado e definindo os rumos da BRF. No ano passado, rusgas começaram a surgir. Mesmo assim, o fundo de investimento votou junto com Abilio, em novembro passado, para eleger José Aurélio Drummond para a presidência-executiva da empresa, em substituição a Faria.

Houve oposição dos fundos de pensão, que tentaram bloquear a escolha, mas Abilio conseguiu impor o nome de Drummond, valendo-se da prerrogativa de dar o "voto de minerva".

À espera

Dono de 4% da BRF, por meio da Península Participações, Abilio ainda não decidiu como irá reagir ao movimento dos fundos, que manifestaram publicamente o desejo de vê-lo fora do comando do conselho, segundo uma fonte próxima ao empresário. É incerto se ele tentará negociar com os fundos ou medir forças.

Ele viajou para França na segunda (26) para uma série de reuniões sobre o Carrefour. O empresário faz parte do conselho de administração da varejista no mundo. A Península, empresa que concentra os investimentos de sua família, tem 10% do negócio global do Carrefour.

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