João Adib Marques, CEO da Cimed, e Dayane Cardoso, da Baly: parceria gera nova marca de energéticos (Baly/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 15h32.
Última atualização em 11 de janeiro de 2024 às 18h41.
O crescimento da Baly, empresa de Tubarão, no sul de Santa Catarina, é tão enérgico quanto o produto que vendem. A marca é o principal nome nacional no setor de energéticos, que é liderado no país por gigantes estrangeiras: o Red Bull, da Áustria, e o Monster, dos Estados Unidos.
Do que é feito em solo brasileiro, quem está na frente, mesmo, é a Baly. A empresa vem comemorando uma sequência de crescimento expressiva: em quatro anos, registrou um aumento de 17 vezes no número de vendas. O faturamento ainda não é revelado, mas a Baly afirma vender, anualmente, 150 milhões de litros da bebida.
Por trás desse crescimento está a empresária Dayane Titon Cardoso. Filha de um dos fundadores da empresa, Mário Cardoso, ela é diretora comercial e de marketing da Baly. Assumiu a operação junto com o irmão, que também se chama Mário, em 2017. Desde então, “não pararam de crescer”, segundo a executiva.
“Desde 2017, tivemos crescimentos audaciosos”, afirma Dayane. “Crescemos acima do mercado na categoria. Tudo isso aconteceu com muitas estratégias, com um trabalho árduo de conquista de clientes, novos produtos e de manutenção do consumidor”.
Não deu outra: o resultado veio e Dayane se tornou, praticamente, a rainha (ou princesa, já que é filha do fundador) dos energéticos no Brasil.
“Hoje estamos presentes no Brasil todo”, diz. “Somos líder de mercado de energético em embalagem PET. Também é a maior marca brasileira de energéticos. Estamos trabalhando muito para alcançar essa colocação”.
E chegam em 2024 com um novo passo nessa trajetória de crescimento. A empresa acaba de firmar uma parceria com a Cimed para lançar uma marca de energéticos exclusiva da farmacêutica. Se chamará Flynow e deve chegar ao mercado nos próximos dias.
Se hoje o carro-chefe da empresa é o energético, a história da Baly começa com outro tipo de bebida. Quando Mário Cardoso e o sobrinho criaram o negócio, em 1997, a ideia era comercializar cachaças e vinhos. E foi o que fizeram por mais de 10 anos.
O negócio de energéticos pintou na empresa no Carnaval de 2009. Na época, surgiu a oportunidade de comercializarem a bebida em embalagens PET, algo pouco comum até então. O que bombava mesmo no setor eram as latinhas.
“A chegada das garrafas PET às prateleiras democratizou a bebida entre novos consumidores, especialmente nos grupos de amigos e famílias”, afirma a executiva.
A ideia deu certo e o negócio escalou, a ponto do energético se tornar o carro-chefe do negócio. A cachaça e o vinho, por sua vez, foram deixados de lado. A empresa só voltaria a lidar com bebidas alcóolicas em 2017, quando lançou uma linha de cervejas.
Hoje, a Baly tem duas unidades. Uma fábrica numa área de 30.000 metros quadrados de área construída em Tubarão e outra, de 20.000 metros quadrados, em Treze de Maio. São quase 1.000 funcionários diretos.
Além das vendas nacionais, também é líder em vendas no Paraguai e está presente no Uruguai. Os próximos mercados na mira da catarinense são os Estados Unidos e o México.
Quando Dayane e Mário assumiram a operação, em 2017, decidiram olhar fundo para a concorrência e, principalmente, para quais eram as demandas do público. Uma das mais urgentes era por produtos saborizados, que já começavam a chegar nas concorrentes multinacionais.
“Como temos produção nacional, conseguimos preços mais competitivos e ajudamos a democratizar o mercado de sabores, que era carente”, afirma Dayane. “Durante a pandemia, isso ficou muito claro. Fomos lançando vários sabores diferentes, e todos com aderência do público”.
Hoje, a Baly tem energéticos de sabores como:
“Apostamos nos sabores e fomos além da concorrência”, diz. “Hoje, temos diversos sabores que são brasileiros, escolhidos pelo cliente brasileiro. É um atributo que acredito fortemente que nos fez chegar até aqui”.
Outro ponto destacado pela executiva é a proximidade que a equipe comercial tem com os pontos de venda. “Valorizamos muito onde o produto está”, afirma. “Estamos gastando bastante sola de sapato para saber o máximo de necessidade que o cliente tem, e o ponto de venda dá muitas informações, da necessidade às ausências”.
Uma ausência relatada pelos clientes era de um produto com maçã verde. A equipe da Baly identificou que os bartenders usavam muito xarope de maçã verde para preparar drinques, e resolveu já fazer o energético saborizado.
“Outro exemplo: dobramos o faturamento da empresa com o tropical, porque percebemos que o ponto de venda tinha carência grande deste produto de maneira mais econômica”, afirma. “O ponto de venda é onde tudo acontece”.
O lançamento de novos produtos também fez com que a Baly criasse uma versão de energético para crianças. É uma bebida com ferro, magnésio e zinco, vitaminas A e Complexo B e levemente gaseificada. Diferente de um energético normal, ela não tem cafeína, taurina ou teor energético. Já foram vendidos mais de 4 milhões de latas de Baly Kids.
“As crianças desejam pertencer aos momentos de lazer dos adultos, por isso, ter seu próprio Baly já cria uma conexão com a marca desde cedo, assim teremos renovação dos consumidores com o passar dos anos”.
Uma estratégia de crescimento também é firmar parcerias. No caso da Baly Kids, fizeram um licenciamento com o personagem Sonic. Em outros momentos, o energético fez uma linha especial com a marca de roupas La Mafia.
Agora, o próximo passo nessas parcerias é um projeto desenvolvido junto com a farmacêutica Cimed, que faturou 3 bilhões de reais em 2023. Será um energético de marca própria, vendido pelas duas empresas. A Baly venderá no varejo alimentar. A Cimed fará a distribuição no fármaco.
“A Cimed tem uma sinergia muito grande com a Baly”, diz a empresária. “As duas empresas têm no DNA a cultura com agilidade. E aí trazemos conexão de saúde para o mundo energético, e fez-se o produto”.
O energético se chamará Flynow. O diferencial da bebida está numa vitamina do complexo B presente em muitos suplementos nutricionais, que será adicionada no energético. O produto chega em lata 250ml em três sabores, todos sem açúcar: tradicional, tropical e melancia.
“Em uma conversa com a Dayane, nós detectamos rapidamente que a população brasileira precisava de uma alternativa que unisse saúde, bem-estar e diversão”, diz João Adib Marques, CEO da Cimed.
Em 2023, a Baly cresceu 50% em relação a 2022. A porcentagem deve se repetir em 2024. “A Baly está preparada para isso, porque temos um plano, novos produtos funcionais, sem açúcar, infantis”, diz Dayane.
O mercado de energético é estimado em 9 bilhões de reais, com potencial de crescimento para 22 bilhões de reais. É inserido nesse setor que a Baly mira. “Hoje o energético vende mais que a água”.
Para 2024, devem investir 60 milhões de reais no parque fabril, em máquinas, em logística, tecnologia e armazenamento. Também haverá mais campanhas de marketing.
“O nosso sonho do momento é estar em todo lugar”, diz. “Hoje a Baly está presente no varejo alimentar, mas não somos tão presentes no canal indireto, como conveniência, farmácia. A collab com a Cimed também irá apoiar nisso. Faremos também contatos com festas, lanchonetes. Queremos chegar a ainda mais pessoas”.
Haja energia para tudo. Do escritório de Tubarão, enquanto fala com a reportagem da EXAME, Dayane garante que está no pique para todos os projetos futuros. E tomando Baly. “Só nesta manhã, já tomei dois”, brinca.