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Pressionadas pela Netflix, Scripps e Discovery negociam fusão

Para analistas, nenhuma parceria resolverá os desafios enfrentados pelo setor, no qual as empresas mais bem posicionadas possuem menos canais a cabo

Netflix: “Combinando Discovery e Scripps, chega-se agora, literalmente, a 20 canais”, diz analista (Victor J. Blue/Bloomberg)

Netflix: “Combinando Discovery e Scripps, chega-se agora, literalmente, a 20 canais”, diz analista (Victor J. Blue/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2017 às 18h14.

Nova York/Los Angeles - Uma combinação da Scripps Networks Interactive com a Discovery Communications ou a Viacom poderia ajudar as empresas de mídia a reduzir custos, ganhar força em negociações com distribuidores e crescer internacionalmente em um momento em que a indústria televisiva dos EUA enfrenta novas pressões.

Mas nenhuma parceria do tipo resolverá os principais desafios enfrentados por um setor que muda rapidamente e no qual as empresas mais bem posicionadas possuem menos canais a cabo, e não mais, afirmam analistas de mídia.

A Discovery e a Viacom, duas proprietárias de emissoras de TV a cabo prejudicadas pela ascensão da Netflix e do YouTube, tiveram conversas separadas para se combinarem com a Scripps, proprietária da HGTV e da Food Network, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto. A notícia fez as ações das empresas subirem nesta quarta-feira.

A Scripps, que tem um valor de mercado de US$ 8,7 bilhões, chegou a subir 20 por cento no pregão desta quarta-feira, maior aumento registrado desde outubro de 2008.

As ações da Discovery, empresa avaliada em US$ 15 bilhões dona dos canais Animal Planet e TLC, chegou a subir 7 por cento, maior alta registrada desde novembro. A Viacom, empresa avaliada em US$ 14,5 bilhões dona da Nickelodeon e da MTV, avançou 2,5 por cento.

A Discovery, que gera cerca de metade de sua receita fora dos EUA, poderia ajudar a Scripps a expandir sua presença internacional, especialmente na Europa, onde a Scripps adquiriu participação na operadora de TV polonesa TVN. Uma combinação também poderia ajudá-las a ganhar alguma força nas negociações com as distribuidoras de TV, uma vez que ambas foram excluídas dos novos serviços de TV on-line.

“As pressões no ecossistema tradicional das emissoras de cabo são fortes o suficiente -- e as avaliações são baixas o suficiente -- para vermos os méritos dessa possível combinação”, disse Jason Bazinet, analista do Citigroup, em nota, na quarta-feira.

Pacotes mais magros

Mas um acordo entre as empresas pode acabar prejudicando, e não ajudando, a Discovery e a Scripps em suas negociações com as distribuidoras, segundo Todd Juenger, analista da Sanford C. Bernstein. A indústria da televisão está avançando em direção a pacotes de TV reduzidos e mais baratos para competir com a Netflix em termos de preço, o que força as empresas de programação a reduzirem a quantidade de canais de cabo em vez de aumentarem.

“Combinando Discovery e Scripps, chega-se agora, literalmente, a 20 canais”, e muitos deles não são de interesse das distribuidoras, disse Juenger, em nota na quarta-feira. “Isso já representa um problema para a Discovery, mas achamos que somar a Scripps piora a situação.”

Além disso, nenhuma das três empresas transmite esporte ao vivo nos EUA, amplamente considerado um dos últimos tipos de programação capazes de atrair grandes audiências de televisão e chamar anunciantes.

As empresas tradicionais de mídia que criaram negócios bilionários com base na TV a cabo estão sentindo a pressão para crescerem por meio de aquisições após perderem espectadores para serviços de vídeo on-line e para as redes sociais. Os consumidores estão passando mais tempo na web e os anunciantes os estão seguindo.

“Há mais pressão sobre as empresas de TV a cabo em todo o mundo, e também sobre as empresas de satélites e de dispositivos móveis, para se combinarem ou tentarem descobrir como oferecer tudo isso juntas”, disse o CEO da Discovery, David Zaslav, a jornalistas na semana passada, em conferência em Sun Valley, Idaho, nos EUA, realizada pela Allen & Co.

“Daqui a dois ou três anos as pessoas comprarão tudo isso de uma mesma empresa. Temos um conteúdo excelente e exclusivo para oferecer, por isso eles precisarão de nós.”

As três empresas preferiram não comentar o assunto.

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