Preço do petróleo ameaça a Petrobras
Analistas já consideram uma cotação do Brent abaixo de US$ 70, o que comprometeria a viabilidade de investimentos estratégicos
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2014 às 20h01.
Rio - A manutenção dos volumes atuais de produção de petróleo pela Opep lança mais sombras sobre um cenário já conturbado para a Petrobras .
Analistas já consideram uma cotação do Brent abaixo de US$ 70, o que comprometeria a viabilidade de investimentos estratégicos, como o pré-sal.
A falta de informações financeiras do último trimestre, à espera do impacto da corrupção no caixa da empresa, e de projeções atualizadas para 2015, que só devem ser divulgadas em abril, contribuíram para o pessimismo do mercado.
"Foi a pior notícia no pior momento da companhia. É gravíssimo", afirmou o ex-diretor da estatal, Wagner Freire.
"O impacto será negativo no curto, médio e longo prazo. Agora, ela deixa de subsidiar o petróleo, mas não o suficiente para recompor o caixa e gerar novas receitas", completou.
A avaliação é que até o patamar de US$ 80 a Petrobrás conseguiria estancar a defasagem entre os preços de importação e revenda no mercado interno de derivados de petróleo.
O déficit da companhia chegou a US$ 20,4 bilhões em 12 meses encerrados em setembro, segundo cálculos do Itaú Unibanco.
Mas os analistas não vislumbram, nem no longo prazo, esse patamar para a cotação internacional. Nesta quinta-feira, 27, após a decisão da Opep, o Brent chegou a ser negociado a US$ 69, próximo ao limite de viabilidade de exploração do pré-sal.
A estimativa é que a companhia conseguiria segurar a produção com cotação a US$ 45 e US$ 60 - em cenários de estresse passageiro, e não prolongado.
"Quem pode dizer quando e se o patamar vai voltar a US$ 100?", diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.
"Com a situação atual, a companhia começa a repensar a atuação. O medo é que as estratégias fiquem contaminadas com a situação e a companhia adie investimentos em um momento que já é ruim para sua credibilidade", completa Galdi.
Sem as informações do balanço financeiro do terceiro trimestre, e também sem uma definição sobre o plano de negócios de 2015, investidores avaliam que o mercado está no "escuro" sobre a real situação da Petrobras. "A surpresa é que a queda das ações não tenha sido maior", disse Galdi, em referência ao desempenho da petroleira na Bovespa, hoje.
A preocupação com o longo prazo é unânime entre os analistas.
Em análise encaminhada a analistas, o Itaú Unibanco classificou que uma recuperação do cenário, para a companhia, só viria a partir de 2018, com a alta da produção e sua "eventual" consolidação como exportadora de óleo.
Na última semana, a presidente Graça Foster tentou expressar otimismo aos investidores, projetando um patamar médio de US$ 85 até 2018. "O Brent menor para nós é bom, por que temos ainda uma diferença sobre perdas que tivemos anteriormente", afirmou.
Ainda assim, a executiva ressalvou que as mudanças provocam uma "diferença na geração de nossas receitas e financiabilidade".
Em meio a discussões sobre a nova composição do governo, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, reagiu sem entusiasmo à decisão da Opep.
"Se reduzir produção, aumenta preço e beneficia a petroleira. Se não reduzir, não beneficia nenhuma petroleira", disse. (Colaborou Fernanda Nunes)
Rio - A manutenção dos volumes atuais de produção de petróleo pela Opep lança mais sombras sobre um cenário já conturbado para a Petrobras .
Analistas já consideram uma cotação do Brent abaixo de US$ 70, o que comprometeria a viabilidade de investimentos estratégicos, como o pré-sal.
A falta de informações financeiras do último trimestre, à espera do impacto da corrupção no caixa da empresa, e de projeções atualizadas para 2015, que só devem ser divulgadas em abril, contribuíram para o pessimismo do mercado.
"Foi a pior notícia no pior momento da companhia. É gravíssimo", afirmou o ex-diretor da estatal, Wagner Freire.
"O impacto será negativo no curto, médio e longo prazo. Agora, ela deixa de subsidiar o petróleo, mas não o suficiente para recompor o caixa e gerar novas receitas", completou.
A avaliação é que até o patamar de US$ 80 a Petrobrás conseguiria estancar a defasagem entre os preços de importação e revenda no mercado interno de derivados de petróleo.
O déficit da companhia chegou a US$ 20,4 bilhões em 12 meses encerrados em setembro, segundo cálculos do Itaú Unibanco.
Mas os analistas não vislumbram, nem no longo prazo, esse patamar para a cotação internacional. Nesta quinta-feira, 27, após a decisão da Opep, o Brent chegou a ser negociado a US$ 69, próximo ao limite de viabilidade de exploração do pré-sal.
A estimativa é que a companhia conseguiria segurar a produção com cotação a US$ 45 e US$ 60 - em cenários de estresse passageiro, e não prolongado.
"Quem pode dizer quando e se o patamar vai voltar a US$ 100?", diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora.
"Com a situação atual, a companhia começa a repensar a atuação. O medo é que as estratégias fiquem contaminadas com a situação e a companhia adie investimentos em um momento que já é ruim para sua credibilidade", completa Galdi.
Sem as informações do balanço financeiro do terceiro trimestre, e também sem uma definição sobre o plano de negócios de 2015, investidores avaliam que o mercado está no "escuro" sobre a real situação da Petrobras. "A surpresa é que a queda das ações não tenha sido maior", disse Galdi, em referência ao desempenho da petroleira na Bovespa, hoje.
A preocupação com o longo prazo é unânime entre os analistas.
Em análise encaminhada a analistas, o Itaú Unibanco classificou que uma recuperação do cenário, para a companhia, só viria a partir de 2018, com a alta da produção e sua "eventual" consolidação como exportadora de óleo.
Na última semana, a presidente Graça Foster tentou expressar otimismo aos investidores, projetando um patamar médio de US$ 85 até 2018. "O Brent menor para nós é bom, por que temos ainda uma diferença sobre perdas que tivemos anteriormente", afirmou.
Ainda assim, a executiva ressalvou que as mudanças provocam uma "diferença na geração de nossas receitas e financiabilidade".
Em meio a discussões sobre a nova composição do governo, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, reagiu sem entusiasmo à decisão da Opep.
"Se reduzir produção, aumenta preço e beneficia a petroleira. Se não reduzir, não beneficia nenhuma petroleira", disse. (Colaborou Fernanda Nunes)