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Preço de roupas pode cair com crise do coronavírus, diz Pernambucanas

As peças vendidas também devem mudar: peças feitas com tecidos importados podem ficar caras demais e ser substituídas por outras de produção nacional

Pernambucanas: Sergio Borriello, presidente da varejista, falou em live na série exame.talks (Alexandre Battibugli/Exame)

Karin Salomão

Publicado em 29 de maio de 2020 às 15h55.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às 16h10.

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus pode afetar as vendas das varejistas de moda , impactar os fornecedores e até afetar o tipo de peça exposta nas araras. No curto prazo, os preços no varejo de moda devem cair, acredita Sergio Borriello, presidente da varejista Pernambucanas .

Ele falou em live na série exame.talks, em entrevista aos jornalistas da EXAME João Pedro Caleiro e Gabriela Ruic.

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Com a crise, o consumidor perde renda e poder de compra e a demanda por compras fica menor. Além disso, muitos varejistas e pequenas indústrias de confecção podem não sobreviver e as que ficarem podem reduzir o preço das peças."Os preços vão se reequilibrar para baixo nesse ano. As lojas que estão abertas estão levando mais oportunidades de compra para o consumidor", afirma o executivo.

As peças vendidas também devem mudar. Com a mudança no câmbio e a desvalorização do real, algumas peças feitas com tecidos importados podem ficar caras demais e com preços impraticáveis e, assim, serem substituídas por outras de produção nacional. De acordo com Borriello, cerca de 20% do mix de peças na Pernambucanas é importado, já que são peças feitas com tecidos que não são fabricados por aqui.

"Vamos depender mais da indústria brasileira, mas isso é uma obrigação nossa", diz o executivo, citando que a maioria das confecções brasileiras são pequenas e estão enfrentando dificuldades na pandemia. "Não só o varejo, mas o governo, BNDES e bancos precisam dar uma mão para a indústria brasileira, para que ela consiga passar por essa crise e sair renovada."

Sérgio Borriello entrou na empresa como diretor financeiro e é presidente desde dezembro de 2016. Antes de chegar à Pernambucanas, passou pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil e foi diretor do banco Santander.A Pernambucanas passou a se focar em moda nos últimos anos e introduziu a categoria de beleza, inicialmente com operação própria. Logo, decidiu tocar o setor de cosméticos por meio de parcerias, com a Avon e a Jequiti.

“Varejo dá mais crédito na ponta que bancos"

Com 112 anos de história, a Pernambucanas já passou por diversas crises, mas nenhuma como essa, acredita o presidente. A grande diferença é que essa crise, ao contrário de outras, é global e não atinge apenas o Brasil. Também é um problema que atinge todas as empresas. "A gente já imaginou precisar fechar uma ou duas lojas. Mas nunca imaginei acordar um dia pela manhã, me reunir com o comitê executivo e dizer que decidi fechar todas as lojas, pelo tempo que for", conta Borriello.

Ele fala que se viu diante de uma bifurcação, entre preservar a relação com o cliente e preservar a saúde financeira da empresa. "A Pernambucanas escolheu dar opções para que o cliente possa passar por esse momento junto com a gente", diz.

A empresa alterou os pagamentos de seu cartão e crediário para dar um prazo maior, por exemplo, e mantém seus projetos de crediário, abertura de conta digital e oferta de cartão. "Estamos chamando esse cliente para se bancarizar, vamos ajudar nas compras e a pagar as contas", diz o presidente. “O varejo dá mais crédito na ponta que bancos, porque fazemos compras parceladas."

Na medida em que o país volta a se abrir, a Pernambucanas está adotando processos para que as lojas sejam mais seguras. Com unidades em 165 cidades diferentes, esse não é um processo fácil, conta.

Entre as medidas adotadas para aumentar a segurança das lojas está nos provadores. Em alguns lugares os ambientes estão fechados e, nas lojas em que estão abertos, cada roupa recebe um jato quente de steamer para a higienização. No caso das roupas devolvidas para troca, é borrifado um álcool líquido. As peças ficam ainda separadas por um tempo antes de voltarem para as araras na loja. Esse tipo de cuidado deve se manter no longo prazo e pode, eventualmente, levar a um aumento de preços reequilibrando a queda de preços que deve ocorrer esse ano.

A pandemia tem impactado o varejo de moda no Brasil e no mundo. Por aqui, o valor das varejistas de moda, como C&A, Arezzo, Renner e Guararapes caiu desde o começo do ano.O Ebitda das empresas, o lucro antes de taxas e impostos, pode ter encolhido em média 30% para as varejistas, segundo estimativa feita pelo Bradesco e divulgada em relatório no dia 5 de maio.

Já nos Estados Unidos, a rede de supermercados norte-americana Walmart acabou de anunciar que passará a vender roupas usadas. As vendas serão apenas online, de modo que as roupas não ficarão expostas em corredores das lojas físicas do Walmart como peças novas que a rede já vende.

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