Destino do acordo está nas mãos do Casino, diz banqueiro de Abilio
Fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour depende do aval do sócio francês de Abílio e divide analistas
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2011 às 12h34.
São Paulo – A importância do Casino na fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil é reconhecida mesmo entre os idealizadores da operação. “A família Diniz não tem força para levar a operação adiante", disse Pércio de Souza, sócio-fundador da assessoria financeira Estáter, conhecido como banqueiro de Abilio Diniz, que também participou da fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia.
A proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil feita pelo BTG Pactual divide alguns analistas ouvidos por Exame.com. Para um analista da Banif que preferiu não se identificar, a visão inicial da operação é negativa, pois coloca em dúvida qual o foco do Pão de Açúcar. Para Júlia Monteiro, da corretora Ativa, a operação é positiva, pois vai gerar muitas sinergias para a rede.
A rede de Abilio Diniz ainda não terminou de capturar as sinergias das operações com a Casas Bahia e com o Ponto Frio – que ainda nem foram julgadas pelo Cade. Caso concretize a operação com o Carrefour, o Pão de Açúcar teria que dividir sua atenção com um processo de captura de sinergias no ramo dos supermercados. Para o analista da Banif, a operação coloca em dúvida qual o foco do Pão de Açúcar, se expansão orgânica, captura de sinergias em eletro ou supermercados.
“A operação como é hoje, supermercados e eletrônicos, já é complexa o suficiente para essa atual administração”, disse o analista. Para Monteiro, como são duas equipes diferentes dentro do Pão de Açúcar que atuam em cada área, não há problemas na captura de sinergias.
A operação, se concluída, daria origem a uma rede com faturamento de 65 bilhões de reais em 2010, segundo dados da Abras de 2010. O Walmart, outrora terceiro colocado nessa lista, sobe para o segundo lugar – mas, com seu faturamento de 22 bilhões de reais, fica bem mais longe do líder. Para o analista do Banid, a operação não traria grandes prejuizos ao Walmart, mas os outros supermercados do país não teriam a mesma sorte que o líder mundial.
A participação de mercado fica entre 30% e 40%, segundo analistas, mas seria necessário observar cada linha de produtos. “Correria o risco de criar um varejista que quebraria fornecedores de pequeno e médio porte”, disse. Além de alimentos, o Carrefour vende eletro-eletrônicos, assim como a Nova Casas Bahia, o Ponto Frio e o Extra – seria necessário observar a participação nesse mercado. Para Monteiro, não haveria problemas com o CADE, talvez apenas em algumas cidades.
O Pão de Açúcar e o Carrefour, se unidos no Brasil, teriam que fechar muitas lojas e, consequentemente, demitir funcionários, segundo o analista da Banif. “Essa operação teria um canibalismo em termos de lojas e público consumidor”, afirmou. Os benefícios seriam vistos a longo prazo.
Órgãos públicos
Além do CADE, há a CVM. No início das especulações sobre o interesse do Pão de Açúcar no Carrefour, a rede brasileira negou, em comunciado à CVM, qualquer aproximação. Como uma empresa de capital aberto, ela precisa dar informações verdadeiras para a CVM, que pode cobrar explicações - uma vez que a proposta apresentada hoje indica que as negociações ocorrem há algum tempo.
A proposta foi feita pela Gama, que é controlada pelo banco BTG Pactual e capitalizada pelo Bndes. “É dinheiro público sendo usado para financiar uma aquisição dentro do varejo brasileiro, o Bndes tem como interesse proteger a indústria nacional, mas esse player já é líder”, disse o analista da Banif.
Antes de sequer pensar em CADE, a primeira batalha do Pão de Açúcar é com seu principal acionista, o Casino, que, por enquanto, usa adjetivos como “ilegal”, para se referir à negociação entre Pão de Açúcar e Carrefour. Nesse ponto, os analistas concordam; ainda não se sabe o que o Casino pode fazer. Para descobrir, Abilio Diniz está em Paris para tentar falar com os sócios.
Atualizado às 12:30
São Paulo – A importância do Casino na fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil é reconhecida mesmo entre os idealizadores da operação. “A família Diniz não tem força para levar a operação adiante", disse Pércio de Souza, sócio-fundador da assessoria financeira Estáter, conhecido como banqueiro de Abilio Diniz, que também participou da fusão entre o Pão de Açúcar e as Casas Bahia.
A proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil feita pelo BTG Pactual divide alguns analistas ouvidos por Exame.com. Para um analista da Banif que preferiu não se identificar, a visão inicial da operação é negativa, pois coloca em dúvida qual o foco do Pão de Açúcar. Para Júlia Monteiro, da corretora Ativa, a operação é positiva, pois vai gerar muitas sinergias para a rede.
A rede de Abilio Diniz ainda não terminou de capturar as sinergias das operações com a Casas Bahia e com o Ponto Frio – que ainda nem foram julgadas pelo Cade. Caso concretize a operação com o Carrefour, o Pão de Açúcar teria que dividir sua atenção com um processo de captura de sinergias no ramo dos supermercados. Para o analista da Banif, a operação coloca em dúvida qual o foco do Pão de Açúcar, se expansão orgânica, captura de sinergias em eletro ou supermercados.
“A operação como é hoje, supermercados e eletrônicos, já é complexa o suficiente para essa atual administração”, disse o analista. Para Monteiro, como são duas equipes diferentes dentro do Pão de Açúcar que atuam em cada área, não há problemas na captura de sinergias.
A operação, se concluída, daria origem a uma rede com faturamento de 65 bilhões de reais em 2010, segundo dados da Abras de 2010. O Walmart, outrora terceiro colocado nessa lista, sobe para o segundo lugar – mas, com seu faturamento de 22 bilhões de reais, fica bem mais longe do líder. Para o analista do Banid, a operação não traria grandes prejuizos ao Walmart, mas os outros supermercados do país não teriam a mesma sorte que o líder mundial.
A participação de mercado fica entre 30% e 40%, segundo analistas, mas seria necessário observar cada linha de produtos. “Correria o risco de criar um varejista que quebraria fornecedores de pequeno e médio porte”, disse. Além de alimentos, o Carrefour vende eletro-eletrônicos, assim como a Nova Casas Bahia, o Ponto Frio e o Extra – seria necessário observar a participação nesse mercado. Para Monteiro, não haveria problemas com o CADE, talvez apenas em algumas cidades.
O Pão de Açúcar e o Carrefour, se unidos no Brasil, teriam que fechar muitas lojas e, consequentemente, demitir funcionários, segundo o analista da Banif. “Essa operação teria um canibalismo em termos de lojas e público consumidor”, afirmou. Os benefícios seriam vistos a longo prazo.
Órgãos públicos
Além do CADE, há a CVM. No início das especulações sobre o interesse do Pão de Açúcar no Carrefour, a rede brasileira negou, em comunciado à CVM, qualquer aproximação. Como uma empresa de capital aberto, ela precisa dar informações verdadeiras para a CVM, que pode cobrar explicações - uma vez que a proposta apresentada hoje indica que as negociações ocorrem há algum tempo.
A proposta foi feita pela Gama, que é controlada pelo banco BTG Pactual e capitalizada pelo Bndes. “É dinheiro público sendo usado para financiar uma aquisição dentro do varejo brasileiro, o Bndes tem como interesse proteger a indústria nacional, mas esse player já é líder”, disse o analista da Banif.
Antes de sequer pensar em CADE, a primeira batalha do Pão de Açúcar é com seu principal acionista, o Casino, que, por enquanto, usa adjetivos como “ilegal”, para se referir à negociação entre Pão de Açúcar e Carrefour. Nesse ponto, os analistas concordam; ainda não se sabe o que o Casino pode fazer. Para descobrir, Abilio Diniz está em Paris para tentar falar com os sócios.
Atualizado às 12:30