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Por que os R$ 5,5 bi de lucro da Petrobras não bastaram

No terceiro trimestre, companhia conseguiu reverter prejuízo acumulado no período anterior, mas mesmo assim, analistas não ficaram satisfeitos


	Petrobras: mesmo revertendo prejuízo, lucro da estatal poderia ter sido melhor
 (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: mesmo revertendo prejuízo, lucro da estatal poderia ter sido melhor (Sergio Moraes/Reuters)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 29 de outubro de 2012 às 12h50.

São Paulo – Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o resultado apresentado pela Petrobras entre os meses de julho a setembro foi fenomenal. Isso porque, a companhia conseguiu reverter um prejuízo de 1,3 bilhão de reais e somar lucro de mais de 5,5 bilhões de reais no período; mas para analistas de mercado, o resultado não foi tão brilhante assim.

Apesar de ter fechado o trimestre no azul, na comparação anual, o lucro da Petrobras é 12,1% menor em relação ao mesmo trimestre de 2011. A queda é ainda maior no acumulado dos nove primeiros meses do ano, quando a companhia somou ganhos de 13,4 bilhões de reais ante lucro de 28,2 bilhões de reais registrado no mesmo período do ano anterior.

Alguns analistas esperavam que a Petrobras atingisse ganhos entre 7 e 8 bilhões de reais no trimestre. Um relatório do Banco J.Safra, assinado por Leonardo Alves, um pouco menos otimista, estimava que a companhia alcançasse lucro de pelos menos 5,9 bilhões de reais, principalmente impacto positivo dos reajustes dos preços dos combustíveis.

Segundo Almir Guilherme Barbassa, diretor financeiro e de relações com investidores da estatal, embora alguns eventos tenham favorecido os números da Petrobras no período, como o aumento no preço da gasolina e diesel e a variação cambial, o período foi marcado também por alguns eventos não recorrentes que pesaram contra.  Veja, a seguir, quatro itens que  ofuscaram o lucro da Petrobras no trimestre:

Menor produção

No terceiro trimestre, a produção total de óleo e gás natural da Petrobras totalizou 2,523 milhões de barris/dia. O volume é 2% menor em relação ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2011. Em setembro, a queda na produção foi ainda maior, a estatal produziu 1,843 milhão de barris de petróleo por dia, o menor volume desde o registrado em abril de 2008, quando a produção atingiu 1,842 milhão de barris/dia.

De acordo com Barbassa, a queda na produção está relacionada às paradas programadas feitas pela Petrobras e que duraram além do previsto. “Devido ao mau tempo, alguns de nossos poços ficaram parados além do previsto, mas, com certeza, vamos cumprir a meta de 2,022 milhões de barris por dia, prevista para o ano”, disse o executivo, em teleconferência com analistas e investidores, nesta segunda-feira.

Prejuízo no braço de abastecimento

O braço de abastecimento também pesou contra no balanço da Petrobras no trimestre. O segmento reportou prejuízo de 5,6 bilhões de reais no período. No terceiro trimestre do ano passado, a área havia registrado prejuízo de R$ 3,1 bilhões.


Segundo a companhia, “as perdas decorreram de maiores custos com aquisição e transferência de petróleo e importação de derivados, refletindo a depreciação cambial e a maior participação de derivados importados no mix das vendas”. 

Perda de rentabilidade

A perda de rentabilidade foi outro ponto contra no trimestre para a Petrobras. De acordo com levantamento feito pela agência Bloomberg, no período, para cada 100 dólares em receita, a companhia obteve lucro de 25 dólares, valor menor que o registrado pela companhia no mesmo trimestre do ano passado.

O prejuízo está relacionado aos altos custos de produção, à falta de equipamentos e ao declínio de produção – que caiu, em média, 11% no terceiro trimestre. “Embora os resultados tenham sido até certo ponto melhores, nós persistimos trabalhando com determinação e foco na recuperação da rentabilidade da companhia”, disse Graça Foster, presidente da Petrobras, em comunicado.

Pagamento do acordo coletivo

O pagamento do acordo coletivo dos trabalhadores também pesou nos resultados da Petrobras. No período, a companhia desembolsou 875 milhões de reais para fazer o pagamento do dissídio.

O montante reduziu em 13% o lucro líquido da companhia. Segundo Barbassa, trata-se de um evento não recorrente, ou seja, que não vai se repetir no próximo trimestre. “O pagamento do acordo coletivo normalmente ocorre entre os meses de julho e setembro e já esperávamos essa baixa”, disse o executivo.

Aumento do custo do refino

No terceiro trimestre também, o custo com refino da Petrobras foi maior tanto em dólar quanto em moeda local. No período, o preço do custo do refino por barril foi de 9,31 reais, 21% maior na comparação com o trimestre anterior. Em dólar, o aumento foi de 18% em relação ao mesmo período de comparação.

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