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Por que o WeWork está otimista com a crise nos escritórios

A crise causada pela pandemia pode ajudar a empresa de coworking, que vive um dos seus piores momentos

WeWork: a pandemia do novo coronavírus poed ser uma boa notícia para a empresa (Kate Munsch/Reuters)

Mariana Desidério

Publicado em 2 de junho de 2020 às 06h00.

Última atualização em 2 de junho de 2020 às 12h42.

A pandemia do novo coronavírus pegou o WeWork , maior empresa de coworking do mundo, em um de seus piores momentos. No mês passado, o mega investidor Masayoshi Son, presidente do Softbank , que investiu mais de 10 bilhões de dólares na empresa, disse que errou ao apostar suas fichas no negócio.

A companhia é atualmente avaliada em cerca de 2,9 bilhões de dólares. Em dezembro de 2019, valia mais que o dobro: 7,3 bilhões de dólares. Em setembro do ano passado, o fundador Adam Neumann deixou o comando da empresa depois que a oferta inicial de ações (IPO) na bolsa não aconteceu. Agora o negócio é liderado pelo executivo de ascendência indiana Sandeep Mathrani, com experiência no ramo imobiliário.

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No entanto, a crise mundial causada pele pandemia pode trazer algumas boas notícias para o WeWork. “O mercado imobiliário comercial sofreu com esse momento e vai continuar a sofrer. Algumas mudanças vão ter efeito mais duradouro e nós estamos bem posicionados porque somos flexíveis. A crise provou a validade dessa flexibilidade”, afirmou Lucas Mendes, diretor geral do WeWork Brasil, em entrevista a EXAME.

Segundo Mendes, o WeWork tem sido procurado por empresas em busca de soluções mais personalizadas e flexíveis para seus escritórios. “No modelo tradicional de escritório, a empresa contrata arquiteto, assina contratos com prazo de locação longos. Se acontece algo e ela precisa reduzir de 1.000 para 500 postos de trabalho, vai ter dificuldades”, afirma. “Já nós temos produtos ultra personalizados, e essa característica está mais valorizada agora. Não sabemos até quando vamos conviver com quarentenas e é muito difícil para as empresas tomarem decisões com impacto de longo prazo”, diz.

A pandemia tem levado a demissões e, no limite, parte dos escritórios podem ficar vazios. Gerenciar esse custo é um desafio para as companhias em um momento que exige controle de gastos para garantir a sobrevivência do negócio. Por outro lado, a experiência do home office no período da quarentena tem levado empresas a considerarem manter a prática mesmo com o fim do isolamento social, o que também muda a quantidade de postos de trabalho necessários nos escritórios.

No WeWork os tempos de contrato são mais dinâmicos -- há opções com duração a partir de um mês, e ampliar ou reduzir o número de posições no escritório fica mais simples. Na visão de Mendes, a tendência pós-pandemia é que as empresas continuem vendo a importância em ter seus próprios escritórios, mas o espaço será repensado. “Por melhor que as empresas trabalhem online, elas vão continuar vendo valor em se encontrar. E nós vamos promover isso da forma mais segura possível”.

Todos os seus escritórios brasileiros permanecem acessíveis, apesar das restrições à mobilidade, uma vez que algumas empresas instaladas neles atuam em serviços essenciais. Já os eventos, importantes para um negócio que também tem como meta estabelecer conexões, foram todos para o ambiente virtual.

Nesse período, a empresa tem feito adaptações para garantir mais higiene e distanciamento social. Dentre as medidas adotadas estão a instalação de maçanetas e dispensers de sabonete acionados por aproximação, eliminando a necessidade tocá-los com as mãos. As salas de reunião tiveram sua capacidade reduzida, assim como os espaços de trabalho coletivo. As rotinas de limpeza foram reforçadas. Há ainda sinalizações em espaços como corredores e elevadores a fim de evitar aglomerações.

Com isso, a capacidade dos escritórios tende a diminuir, o que afeta a receita da companhia. A flexibilidade nos contratos também torna mais fácil para empresas em contenção de custos simplesmente deixarem o WeWork. A empresa tem conversado com proprietários e locatários para negociar contratos de aluguel, quando necessário. O WeWork tem hoje 20 mil clientes no país e não divulga quantos encerraram contrato devido à crise.

Ainda que traga um alento para o modelo de negócio da empresa, a pandemia do novo coronavírus não tem sido fácil para o WeWork no Brasil e no mundo. A companhia está em 37 países. Na semana passada, a IBM anunciou que deixará de ocupar um espaço de 10 mil metros quadrados do WeWork em Nova York. No Brasil, o WeWork anunciou em maio o fechamento de duas unidades no Rio de Janeiro, e agora tem 28 unidades no país, sendo 19 em São Paulo.

“Como qualquer empresa do ramo imobiliário, avaliamos o retorno dos nossos investimentos. Mas continuamos vendo o Brasil como um lugar de oportunidades. A revisão de portfólio está ocorrendo no mundo todo”, afirma Mendes. Segundo ele, novos fechamentos podem ocorrer, mas não há planos imediatos por ora.

Sobre as recentes notícias envolvendo a companhia e o Softbank, Mendes diz que não são uma preocupação para a operação brasileira. “Existe esse barulho, mas isso não tem a ver com o nosso dia-a-dia. Temos um plano de cinco anos pra ficarmos rentáveis e estamos focados em cumprir esse plano.”

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