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Por que o mercado está otimista com a brasileira PetroRio

O desempenho da petroleira - de porte muito menor do que concorrentes como a Petrobras - vem agradando mesmo diante da crise do setor

Plataforma de produção da companhia (Petrorio/Divulgação)

Plataforma de produção da companhia (Petrorio/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 8 de maio de 2020 às 06h00.

Última atualização em 8 de maio de 2020 às 06h00.

A indústria petrolífera está vivendo uma das maiores crises de sua história, diante da queda do consumo e dos problemas para reduzir o excesso de oferta global. Ainda assim, o mercado se mantém otimista em relação à PetroRio, petroleira de pequeno porte que vem apresentando bons resultados.

A companhia reportou nesta semana aumento da produção diária total em abril, mesmo em um cenário de pandemia do novo coronavírus e consequente redução drástica do consumo global.

Listada na bolsa brasileira B3, a PetroRio tem porte consideravelmente menor do que as grandes petroleiras - também conhecidas como majors do setor. Enquanto a Petrobras produz cerca de 2,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), o volume da PetroRio é de pouco mais de 24 mil boed.

Guardadas as devidas proporções, a PetroRio tem agradado, até o momento, pelos resultados que vem entregando. "A empresa tem uma posição estável, com alavancagem controlada e principalmente um baixo custo de extração", afirma Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Segundo último comunicado da PetroRio, seu custo de extração médio gira em torno de 18 dólares por barril. Este valor se assemelha à média registrada em grandes países produtores, como a Rússia, por exemplo, e está bem abaixo do shale gas americano - que supera 40 dólares.

Se adicionados os custos com royalties, operações e os descontos de mercado, o ponto de equilíbrio de produção (breakeven) da PetroRio fica em cerca de 24 dólares. A Petrobras trabalha com um breakeven de 21 dólares no pré-sal.

A estratégia da PetroRio tem sido a aquisição de campos maduros de grandes operadoras, como a Chevron e a Petrobras. Como a produção desses ativos já está em curso, mas com um declínio da curva, o trabalho do novo dono é aumentar o fator de recuperação das reservas - o que não é necessariamente fácil, mas exige muito menos recursos.

"A PetroRio tem sido bem-sucedida por isso. Exceto no curto prazo, em que a volatilidade dos preços deve ser muito grande, estamos otimistas com o futuro da empresa, porque o equilíbrio entre oferta e demanda de petróleo vai voltar eventualmente", avalia Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research. 

 

Ele acrescenta que o petróleo a 30 dólares exige cautela da companhia. "A PetroRio era a melhor empresa da B3 quando o barril estava a 60 dólares. Hoje, eles têm que segurar o caixa."

Segundo Renato Mimica, diretor da EXAME Research, os preços do petróleo vêm apresentando certa recuperação nos últimos dias, especialmente nos contratos mais curtos, resultado do anúncio de flexibilização das medidas de isolamento social por algumas economias globais.

"Se não houver um agravamento da pandemia, a recuperação de preços pode persistir", afirma Mimica.

Desinvestimentos da Petrobras

O horizonte positivo para a PetroRio também está ligado, em parte, ao programa de desinvestimentos da Petrobras. A estatal pretende se desfazer de ativos que não considera estratégicos e os campos maduros estão nessa lista.

Para Rivaldo Moreira Neto, presidente da Gas Energy consultoria, o momento é difícil para qualquer petroleira, mas os desinvestimentos da Petrobras são boas alternativas para empresas que pretendem crescer. "Existem fundamentos fortes no setor. A venda de ativos da Petrobras é uma oportunidade única para aumento de portfólio e da produção."

Segundo o especialista, enquanto o foco das majors está nos grandes campos, as petroleiras de menor porte podem aproveitar para avançar em ativos menores.

"Se o petróleo retorna a 40 dólares, o ambiente se torna perfeito para a PetroRio comprar ativos, aumentar a produção e reduzir custos", diz Barbosa.

Embora Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, tenha afirmado publicamente que não vai vender ativos "a qualquer preço", mesmo diante da pandemia, em tempos de crise as negociações tendem a se tornar mais acirradas.

"O momento agora é mais desafiador. Certamente o valor da negociação vai depender do cenário econômico, mas eu não descartaria a venda desses ativos", diz Moreira Neto.

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