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Por que o Grupo Águia Branca criou uma startup de mobilidade e está investindo R$ 140 milhões

A operação, no mercado desde 2018, faturou R$ 134 milhões em 2023 com três unidades de negócio: aplicativo de corrida, aluguel e assinatura de veículos

Leonardo Ballestrassi, da V1 Mobilidade:"Netflix é um produto por assinatura e queremos assim com o modelo de carro por assinatura" (V1 Mobilidade/Divulgação)

Leonardo Ballestrassi, da V1 Mobilidade:"Netflix é um produto por assinatura e queremos assim com o modelo de carro por assinatura" (V1 Mobilidade/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 10h08.

Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 15h21.

O grupo Águia Branca corta as estradas levando passageiros por diversas partes do país. É a face mais conhecida do negócio iniciado em 1946, em Colatina, no Espírito Santo, e que faturou 16 bilhões em 2023. 

Além da viação, o grupo inclui a Vix Logística, um braço que transporte de veículos, terceirização de frotas e transporte de funcionários de grandes companhias como Vale e ArcelorMittal. E foi lá que nasceu um novo negócio, a V1, criada em 2018 para pensar em modelos e inovações em transporte.

A unidade vai receber R$ 140 milhões ao longo deste ano. A maior parte dos recursos será usado no serviço de carros por assinatura. A divisão representa 32% do faturamento da V1, composta ainda por aluguel de veículos, 35%, e  V1 viagem, uma aplicativo de corrida, 33%. 

Apesar de ser a menor entre as três, é na assinatura que a companhia projeta os maiores múltiplos de expansão. Além disso, é a única com operação nacional. As duas outras ainda estão restritas ao estado capixaba.

Qual é o modelo de negócio

A vertical entrou em atividade em 2022 e tem mais de 1.500 assinantes, 25% no estado de São Paulo.  Com os novos investimentos, na renovação e ampliação da frota, a expectativa é de chegar até o final do ano com 2.400 clientes.

“Há mercados mais maduros, como o de São Paulo, mas existem outros nos quais ainda precisamos investir muito em marketing”, diz Leonardo Ballestrassi, diretor de negócios da V1. “Nós temos procurado mostrar o que é assinatura, os benefícios que a pessoa tem e que ela não precisa ter um carro próprio”. 

O tíquete médio fica em torno de R$ 2.400 por mês e os principais mercados estão nas regiões Sul e Sudeste. Segundo o executivo, o público masculino é o mais resistente à ideia, até pelo carro ser, para alguns, a extensão do próprio corpo. 

Para atrair novos consumidores, a empresa bate na tecla de que carro é um passivo e de que os consumidores não precisam perder dinheiro com desvalorização, depreciação, manutenção e todas os demais componentes relacionados às despesas dos veículos. 

A expectativa é de que, no médio prazo, o modelo de assinatura esteja popularizado pelo país e seja tão comum quanto lá fora.  “Netflix é um produto por assinatura e queremos assim com o modelo de carro por assinatura”, diz Ballestrassi. 

No Grupo Águia Branca há 17 anos, ele foi quem criou o laboratório de inovação da empresa, o Vix Labs, de onde saiu a V1. Em 2023, a operação, considerada uma startup dentro de casa, faturou R$ 134 milhões. Para este ano, a expectativa é de que o negócio avance em 20%, indo a R$ 161 milhões.

Em expansão, o modelo de carro por assinatura não tem atraído apenas o grupo capixaba. Segundo a Abla (Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis), os números de carros disponibilizados para a modalidade saltaram de 80.000 em 2020 para 160.000 em outubro de 2023. No passado, os investimentos em compra de veículos para a oferta de serviços chegaram a R$ R$ 65,9 bilhões, alta de 19% em relação aos números de 2022.

“O negócio de assinatura é de capital intensivo. Você compra o carro, ganha uma parcela por aquilo e depois, no final, você tem que vender. Então, o tempo todo você está comprando o carro para gerar o negócio”, afirma Ballestrassi.

Como funcionam as outras operações da V1 

Menos intensivas em capital, as outras unidades da startup atuam com modelos diferentes. A V1 Viagem é uma versão nichada do Uber e dialoga com um perfil classe A de público. Os motoristas são todos funcionários da empresa, que tem um custo, em média, 50% mais alto que os aplicativos  tradicionais. Por ora, atende apenas o Espírito Santo. 

Foi o primeiro produto da V1 e ajudou a operação chegar ao azul logo em 2021. “Nós fizemos várias estratégias de nichar o produto, ao invés de ganhar escala, e nos tornou positivo”, afirma o executivo, que estuda novos potenciais destinos para o negócio.

O outro produto é o de aluguel de carros, até agora o maior em representatividade no faturamento. Com o modelo puramente digital, em que o cliente retira sozinho o veículo, o produto está em testes em Curitiba, após ser bem sucedido em sua terra natal.  

A V1 ainda planeja um novo serviço, batizado de Frota Digital, dedicado a empresas. Como software as a service (SaaS), o negócio foi pensado para ajudar grandes companhias a reduzirem as suas frotas. Prevista para março, a frente deve consumir cerca de 15% dos R$ 140 milhões, principalmente com investimentos em marketing. 

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