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Eliminar os lanches gratuitos do escritório não sai barato

As saídas para lanchar representam 2,4 bilhões de horas em produtividade perdida nos EUA, segundo o estudo

Lanches no escritório: as saídas para lanchar representam 2,4 bilhões de horas em produtividade perdida nos EUA, segundo o estudo (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2015 às 13h29.

São Paulo - Para melhorar seus resultados a Sprint resolveu na semana passada acabar com a era dos lanches gratuitos no escritório para seus funcionários.

A medida representa uma minúscula fração do esforço da empresa de telecomunicações, que está em dificuldades, para reduzir US$ 2,5 bilhões de suas despesas operacionais totais. Cortar os alimentos gratuitos eliminará US$ 600.000 do orçamento. Mas a que custo?

“Eles nunca teriam dado os lanches, para começar, se não acreditassem que estavam impulsionando a produtividade de alguma forma”, disse Andrew Chamberlain, economista-chefe do site de análises de empregos Glassdoor.

Ansiosas por economizar dinheiro, as organizações tendem a ser criativas e as guloseimas gratuitas de escritório podem parecer, simplesmente, o tipo de despesa frívola que uma empresa que está entrando em uma fase de austeridade deveria reconsiderar.

Por exemplo: para cortar despesas, a Kraft eliminou, no trimestre passado, os palitos de queijo e os copos de gelatina gratuitos.

Mas o argumento econômico para a oferta de lanches gratuitos supera a economia relativamente insignificante -- e uma vez que um ambiente de trabalho fica viciado nos lanches, não se pode de fato voltar atrás.

Apenas 22 % dos escritórios oferecem lanches e bebidas gratuitos, segundo a pesquisa de benefícios de funcionários de 2015 da Sociedade para a Gestão de Recursos Humanos.

(A Bloomberg LP está entre os empregadores que oferecem alimentos gratuitos -- há uma ampla copa para lanches com todo tipo de coisa, de frutas frescas e barras de granola até batata frita). Na maior parte do mundo do trabalho os funcionários precisam se defender sozinhos.

Do ponto de vista mais cínico, contudo, não se trata apenas de generosidade corporativa. Os lanches mantêm os funcionários trabalhando no escritório em vez de saírem para comprar alimentos durante o horário de trabalho.

Um estudo de 2011 da Staples apontou que metade dos trabalhadores deixava o escritório para buscar lanches pelo menos uma vez por dia e que algumas pessoas faziam até cinco viagens para matar a fome.

As saídas para lanchar representam 2,4 bilhões de horas em produtividade perdida nos EUA, segundo o estudo. O que deve ser pontuado, é claro, é que a Staples e o seu chefe têm um interesse comum em manter mais pessoas no escritório.

“[Se] as pessoas tiverem comida lá, elas provavelmente permanecerão mais tempo -- você tem uma produtividade maior”, disse Ken Oehler, da Aon Hewitt, uma consultoria de RH que, entre outras coisas, é especializada em políticas de envolvimento do funcionário.

Vantagem simbólica

O custo da distribuição dos lanches gratuitos vai além da produtividade perdida. Um escritório que costumava ter lanches se coloca em risco eliminando essa vantagem.

“Essas pequenas vantagens podem ser pequenas em dólares, mas por outro lado podem ser altamente simbólicas”, disse Chamberlain. “Elas passam a imagem de que são um presente; retirá-las pode provocar um efeito psicológico que supera de longe a quantia em dólares”.

Os lanches, como muitas regalias, existem para aumentar o “engajamento do funcionário”, jargão de RH para o investimento emocional de um colaborador em seu trabalho.

Muitos estudos ligaram o alto engajamento ao sucesso dos resultados finais de uma empresa, apontando que os funcionários trabalham melhor quando eles gostam do emprego e do empregador.

Um estudo de 2012 da Towers Watson mostrou que os ambientes de trabalho que promoviam o nível mais elevado de bem-estar físico, emocional e social dos funcionários tinham margens operacionais de um ano muito mais elevadas do que aqueles sem qualquer tipo de política de engajamento.

Cortar algo tão visível pode enviar um sinal alto e estridente aos funcionários. “Existe um velho ditado que diz que o negócio é arrancar as penas de um pássaro com a menor quantidade de grasnados”, disse Chamberlain.

Quanto menos visíveis os cortes, melhor -- mesmo que isso signifique tirar dinheiro do bolso do funcionário.

“Mudanças nas contribuições dos planos de aposentadoria dos funcionários”, sugeriu ele, são um corte menos perturbador do que esvaziar a despensa de lanches. “Isso é altamente obscuro do ponto de vista do trabalhador”. Em contrapartida, sabe o que é bastante claro? A fome diária que lembra os funcionários sem lanches do benefício que eles possuíam anteriormente.

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São Paulo - Para melhorar seus resultados a Sprint resolveu na semana passada acabar com a era dos lanches gratuitos no escritório para seus funcionários.

A medida representa uma minúscula fração do esforço da empresa de telecomunicações, que está em dificuldades, para reduzir US$ 2,5 bilhões de suas despesas operacionais totais. Cortar os alimentos gratuitos eliminará US$ 600.000 do orçamento. Mas a que custo?

“Eles nunca teriam dado os lanches, para começar, se não acreditassem que estavam impulsionando a produtividade de alguma forma”, disse Andrew Chamberlain, economista-chefe do site de análises de empregos Glassdoor.

Ansiosas por economizar dinheiro, as organizações tendem a ser criativas e as guloseimas gratuitas de escritório podem parecer, simplesmente, o tipo de despesa frívola que uma empresa que está entrando em uma fase de austeridade deveria reconsiderar.

Por exemplo: para cortar despesas, a Kraft eliminou, no trimestre passado, os palitos de queijo e os copos de gelatina gratuitos.

Mas o argumento econômico para a oferta de lanches gratuitos supera a economia relativamente insignificante -- e uma vez que um ambiente de trabalho fica viciado nos lanches, não se pode de fato voltar atrás.

Apenas 22 % dos escritórios oferecem lanches e bebidas gratuitos, segundo a pesquisa de benefícios de funcionários de 2015 da Sociedade para a Gestão de Recursos Humanos.

(A Bloomberg LP está entre os empregadores que oferecem alimentos gratuitos -- há uma ampla copa para lanches com todo tipo de coisa, de frutas frescas e barras de granola até batata frita). Na maior parte do mundo do trabalho os funcionários precisam se defender sozinhos.

Do ponto de vista mais cínico, contudo, não se trata apenas de generosidade corporativa. Os lanches mantêm os funcionários trabalhando no escritório em vez de saírem para comprar alimentos durante o horário de trabalho.

Um estudo de 2011 da Staples apontou que metade dos trabalhadores deixava o escritório para buscar lanches pelo menos uma vez por dia e que algumas pessoas faziam até cinco viagens para matar a fome.

As saídas para lanchar representam 2,4 bilhões de horas em produtividade perdida nos EUA, segundo o estudo. O que deve ser pontuado, é claro, é que a Staples e o seu chefe têm um interesse comum em manter mais pessoas no escritório.

“[Se] as pessoas tiverem comida lá, elas provavelmente permanecerão mais tempo -- você tem uma produtividade maior”, disse Ken Oehler, da Aon Hewitt, uma consultoria de RH que, entre outras coisas, é especializada em políticas de envolvimento do funcionário.

Vantagem simbólica

O custo da distribuição dos lanches gratuitos vai além da produtividade perdida. Um escritório que costumava ter lanches se coloca em risco eliminando essa vantagem.

“Essas pequenas vantagens podem ser pequenas em dólares, mas por outro lado podem ser altamente simbólicas”, disse Chamberlain. “Elas passam a imagem de que são um presente; retirá-las pode provocar um efeito psicológico que supera de longe a quantia em dólares”.

Os lanches, como muitas regalias, existem para aumentar o “engajamento do funcionário”, jargão de RH para o investimento emocional de um colaborador em seu trabalho.

Muitos estudos ligaram o alto engajamento ao sucesso dos resultados finais de uma empresa, apontando que os funcionários trabalham melhor quando eles gostam do emprego e do empregador.

Um estudo de 2012 da Towers Watson mostrou que os ambientes de trabalho que promoviam o nível mais elevado de bem-estar físico, emocional e social dos funcionários tinham margens operacionais de um ano muito mais elevadas do que aqueles sem qualquer tipo de política de engajamento.

Cortar algo tão visível pode enviar um sinal alto e estridente aos funcionários. “Existe um velho ditado que diz que o negócio é arrancar as penas de um pássaro com a menor quantidade de grasnados”, disse Chamberlain.

Quanto menos visíveis os cortes, melhor -- mesmo que isso signifique tirar dinheiro do bolso do funcionário.

“Mudanças nas contribuições dos planos de aposentadoria dos funcionários”, sugeriu ele, são um corte menos perturbador do que esvaziar a despensa de lanches. “Isso é altamente obscuro do ponto de vista do trabalhador”. Em contrapartida, sabe o que é bastante claro? A fome diária que lembra os funcionários sem lanches do benefício que eles possuíam anteriormente.

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