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Por que a Cielo preocupa, mesmo tendo bons resultados

Custos maiores que receita e cenário mais competitivo preocupam analistas em relação à companhia

Sede da Cielo, na capital paulista: projeção de crescimento do setor de 15% a 19% para 2013 (Divulgação)

Tatiana Vaz

Publicado em 24 de outubro de 2012 às 12h06.

São Paulo – Os resultados da Cielo começam a mostrar os reflexos das mudanças do cenário competitivo e da conjuntura macroeconômica do país pela primeira vez. Uma situação que explica o motivo de analistas de mercado se mostrarem preocupados com o futuro da companhia, mesmo ela tendo apresentado crescimento em diversos indicadores. Para 2013, a Cielo espera um aumento do mercado de cartões entre 15% e 19%.

De julho a setembro, a companhia de serviços financeiros lucrou 589 milhões de reais, 28,7% mais que no mesmo período do ano passado, o ebtida, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, chegou a 782,5 milhões de reais, 32,1%, e a margem ebtida foi de 58,5%, uma das maiores entre apresentadas por as companhias abertas do país.

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O crescimento do volume de transações feitas por meio de crédito subiu 21,4% e chegou a 61,1 bilhões de reais. Já o volume captado por meio de débito cresceu para 34,6 bilhões de reais, 17,4% mais que o terceiro trimestre de 2011. “O volume financeiro de 96 bilhões de reais transacionados pela companhia até setembro faz da Cielo a quinta companhia do mundo hoje”, diz Rômulo Dias, presidente da empresa.

Ainda assim, os resultados não bastaram para tranquilizar alguns analistas.

Durante a teleconferência realizada hoje pela manhã ficou claro que uma das maiores preocupação deles gira em torno do novo cenário competitivo enfrentado pela empresa. Primeiro por conta do fechamento de capital da principal concorrente, a Redecard . Depois pelo amadurecimento do próprio setor.

“Além disso, a pressão do governo para a redução dos juros do cartão de crédito pode trazer impacto negativo sobre os resultados da Cielo”, projetou recentemente a equipe formada por Daniel Abut, Juan Arandia e Carlos Rivera, da Citi Corretora. A ideia é que, com menos juros, as credenciadoras teriam, por consequência, um menor resultado.

Outro ritmo

No caso da Cielo, o que aconteceu no terceiro trimestre foi que o faturamento da empresa cresceu num ritmo mais lento que o da elevação dos custos na comparação terceiro com segundo trimestre.


De julho a setembro, a receita operacional líquida mais a antecipação de recebíveis da empresa somaram 1,6 bilhão de reais, 28,1% a mais que o trimestre de 2011 e 5,5% mais em comparação com o segundo trimestre deste ano. Em compensação, os custos chegaram a 435,5 milhões de reais, um crescimento de 19,1% em relação ao mesmo período de 2011 e de 6,8% comparado ao atingido entre abril e julho.

“O crescimento do volume de cartões desacelerou, conforme nossas expectativas e a Cielo provavelmente perdeu participação em relação a seu principal concorrente”, afirmou relatório emitido pelo HSBC Securities e assinado por Paulo Ribeiro. “Mas as tendências ficaram em linha com nossas projeções, ainda que o aumento das receitas com cartões de débito e com aluguel de POS, de 3,2% e 4,5% comparado com o segundo trimestre, tenha sido mais forte que o previsto”, diz o relatório.

A antecipação de recebíveis gerou 207,9 milhões de reais, valor 30% maior em relação ao ano anterior. E ainda houve um aumento de 3,7% do custo unitário excluindo as controladas. Investimentos em marketing, responsáveis por boa parte das despesas, representaram 4% da receita total da companhia no período, ainda que tenham caído 20,5% em comparação com o segundo trimestre.

O indicador MDRs (Merchant Discount Rate) ficaram bem resilientes no trimestre, segundo análise do banco Votorantim, emitida há pouco. “Conforme o discurso da Companhia de manter a rentabilidade, o MDR de crédito permaneceu estável em 116% e o MDR de débito aumentou 1% para 80%, indicando que a Cielo não está focando em crescimento de participação de mercado a qualquer preço”, aponta o documento.

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