Por Dentro do lugar que dá vida à Turma da Mônica
Na sede da Mauricio de Sousa Produções, trabalham cerca de 300 funcionários, entre desenhistas, animadores e equipes de produtos e comunicação
Karin Salomão
Publicado em 26 de agosto de 2015 às 10h52.
Última atualização em 18 de dezembro de 2018 às 13h49.
São Paulo - Na vida real, a Turma da Mônica não vive no bairro do Limoeiro, mas sim no bairro da Lapa em São Paulo. Na sede da Mauricio de Sousa Produções, trabalham cerca de 300 funcionários, entre desenhistas, animadores e equipes de produtos e comunicação. A série de quadrinhos surgiu em 1959 e os primeiros personagens eram o Bidu e o Franjinha. Desde então, foram criadas mais de 300 personagens. A Turma estampa 3.000 produtos e está em parques e espetáculos e a revistinha pode ser lida em mais de 30 países. Confirma nas fotos como é a sede da empresa.
As salas de reuniões são todas temáticas, assim como grande parte da empresa. Na foto, a sala do Chico Bento, com cactos e painéis personalizados. Também há uma sala da Turma.
Aqui está a sala de reuniões da Turma da Mônica Toy. A versão Toy da turma atua em um canal do YouTube. Cada animação tem um tema único e, como os filmes são sem fala, apenas onomatopeias, podem ter um alcance muito maior e em vários países diferentes.
Até os sachês de açúcar e adoçante são personalizados, com uma representação minimalista da Mônica e do Bidu.
Todo ano, a empresa promove algumas ações internas. Agora, a ação celebra os 50 anos da Magali, a personagem comilona. Ações anteriores celebraram os 50 anos da Mônica e do Bidu, por exemplo.
No 4o andar, fica a sala da equipe comercial. É aqui que são resolvidas as questões referentes a licenciamento de produtos. A empresa tem mais de 3.000 produtos licenciados, entre alimentos, produtos para higiene e brinquedos.
No mesmo andar, está a sala do Rodrigo Paiva, diretor de licenciamento. Nas suas estantes, ele guarda quase todos os livros, edições e gibis especiais já produzidos.
A diretora executiva da empresa também fica no 4º andar. Ela é a própria Mônica, filha do Mauricio e inspiração para a personagem baixinha e dentuça.
Aqui está a executiva em sua sala, rodeada dos produtos da turma e, claro, do Sansão.
Ainda no mesmo andar, está a sala da equipe de design. São eles que definem a aparência de todos os produtos, eventos, ações, material digital, entre outros. Eles também desenvolvem guias de estilo, que permeiam toda a comunicação da empresa.
É no 5º andar que nascem os gibis da Turma da Mônica. Aqui está uma caricatura do Mauricio de Sousa na entrada dos elevadores – a recepção de cada andar é estilizada.
Apenas três roteiristas trabalham na própria sede da empresa. A maioria envia sua sugestão por email e trabalha de sua própria cidade. A empresa percebeu que a qualidade de vida desses funcionários – e também de suas histórias – melhorava quando esses estavam perto de suas famílias, na cidade natal. Não há divisões entre os roteiristas. Eles podem criar histórias com qualquer um dos 300 personagens da Turma da Mônica.
O que eles criam é um rascunho, chamado de rough – ou, na versão abrasileirada, rafe. Os roteiristas indicam as cenas, os personagens e falas de forma simples e a lápis ou à caneta, sem muita preocupação com detalhes. Aqui, o roteirista está colorindo alguns pontos de sua história para ajudar os desenhistas a entender o que está acontecendo na cena. Até hoje, o próprio Mauricio lê e aprova pessoalmente todos os roteiros. Enquanto cada página de gibi tem 4 tirinhas de história, a Turma da Mônica Jovem trabalha com apenas 3 tiras.
Depois de aprovado, o roteiro passa para os desenhistas. São eles que vão dar corpo às histórias. Quando chega à empresa, cada desenhista tem um traço diferente. Para se adequar aos padrões de desenho, eles passam por um treinamento que pode durar de poucos meses a quase um ano. Enquanto alguns ainda usam lápis e papel, muitos já passaram para o desenho digital, com ajuda de tablets.
Os desenhos são escaneados e vão para a arte final. É aqui que cada quadrinho ficará com o seu traçado final. O programa usado pelos arte-finalistas foi inicialmente desenvolvido para mangá, os quadrinhos japoneses. Mais do que digitalizar o traço, esse programa irá trazer noções de profundidade, movimento, textura, sombra e brilho, apenas usando traços mais finos ou mais grossos.
A Mauricio de Sousa produções está fazendo, aos poucos, a sua transição para o mundo digital. Praticamente toda a arte final é feita no computador – com a exceção do trabalho de Graciano. Com 49 anos de empresa, esse artista ainda usa lápis, papel, nanquim e uma infinidade de materiais para produzir suas páginas.
Chegou a hora de colorir os quadrinhos. Existem algumas cores pré-definidas, cada uma com distintas tonalidades. Ainda que a Mônica sempre use o famoso vestidinho vermelho e o Cebolinha sempre vista a camisa verde, a equipe de coloristas pode criar as roupas dos personagens figurantes, bem como outros ambientes. O céu também varia de cor. Amarelo para cenas mais agitadas e o azul apenas para aquelas mais calmas. Também usam rosa, roxo...
A revista da Turma da Mônica Jovem é em preto e branco. Mas as texturas, sombras e brilhos também são acrescentados nessa etapa, usando uma técnica de retícula – um filme digital, com várias texturas diferentes. Depois, serão acrescentados os quadrinhos e as falas de cada personagem. A tipografia usada em todas as revistas é chamada de fonte Mauricio. Foi desenvolvida a partir da letra do próprio criador e, até poucos anos atrás, era escrita à mão.
Esse é Bidu, um dos cães que acompanham o trabalho da equipe na Mauricio de Sousa Produções.
A equipe de “parquitetura”, termo que mistura parque e arquitetura, cuida de todos os espaços externos da empresa. O seu principal trabalho foi reformular o Parque da Mônica, que foi reinaugurado no shopping SP Marketem São Paulo, depois de ter fechado anos atrás. Mas outros espaços também são responsabilidade dessa equipe, como a vila Neymar Jr, que virou personagem da Turma, e passou por alguns shoppings do país.
Em outro andar, fica a equipe de animação. Todos os filmes, desenhos, curtas e até vídeos institucionais são feitos aqui. O animador recebe o storyboard – como uma história em quadrinhos, mostra o que ocorre em cada cena, indicando ainda movimentos de câmera e zoom. Cada frame é desenhado individualmente, transformado em vetor e animado. O cenário é ilustrado por outra equipe e só na edição que personagens e cenários são integrados. O animador também faz um som guia, imitando a voz de cada um dos personagens. Essa primeira gravação serve apenas como orientação.
Na sala de animação, estão expostos todos os cartazes de divulgação de um novo curta da Turma da Mônica Toy. Cada desenho é tratado como uma produção independente, por isso esse cuidado.
Em cima do som guia, atores contratados dublam a fala dos personagens no estúdio de som da animação. Todas as trilhas sonoras, onomatopeias e vinhetas também nascem aqui.
Essa é a sala do diretor de animação, José Marcio. Ele ainda desenha algumas histórias à lápis e, dentro do escritório, é conhecido por seu traçado característico.
A Mauricio de Sousa ao Vivo também fica na sede, apesar de ser uma empresa relativamente independente. A empresa de espetáculos organiza shows e outras aparições em carne, osso e fantasia dos personagens.
O presidente da Mauricio de Sousa Ao Vivo é Mauro, um dos filhos de Mauricio. Foi ele quem inspirou o personagem Nimbus, que nas tirinhas é irmão do Do Contra.
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