Polêmica lucrativa? A Nike e o efeito Kaepernick
Resultado trimestral da fabricante de artigos esportivos deve mostrar se vendas subiram ou caíram após marketing com jogador de futebol americano
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 07h05.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 07h37.
A fabricante de artigos esportivos Nike divulga nesta quinta-feira os resultados do segundo trimestre de seu ano fiscal. Os números devem reiterar o bom momento vivido pelo mercado esportivo mundo afora. De um lado, tênis e roupas esportivas têm invadido escritórios e ambientes de trabalho. De outro, a busca por hábitos mais saudáveis deve incrementar as vendas para produtos de esporte em 18% até 2022, segundo a empresa de pesquisas Euromonitor.
O bom momento faz as empresas esticarem a corda nas projeções. A maior concorrente da Nike, a Adidas, avisou no início de novembro que não conseguirá crescer os 10% anuais previstos, e que agora trabalha com a projeção de 8% a 9%. Para a Nike, a previsão é de crescimento num ritmo parecido. Segundo previsões de investidores, a empresa deve anunciar um faturamento de 9,17 bilhões de dólares, cerca de 7% a mais que os 8,5 bilhões do mesmo período no último ano, mas 8% a menos que os quase 10 bilhões do último trimestre. O lucro por ação deve ficar estável em 46 centavos de dólar. O valor de mercado da marca é de 113 bilhões de dólares, o mesmo de 12 meses atrás, num período em que o índice Dow Jones caiu cerca de 3%.
Os resultados divulgados hoje serão os primeiros a refletir a polêmica campanha lançada pela marca em setembro deste ano, estrelada pelo jogador de futebol americano Colin Kaepernick. Desde 2016, ele passou a causar reação do público ao se ajoelhar durante a execução do hino nacional americano nos jogos da NFL, em protesto contra a violência racial nos Estados Unidos. O ato foi criticado pelo presidente Donald Trump.
Em setembro deste ano, a Nike divulgou a campanha estampada por Kaepernick, que continha uma foto do rosto do jogador em preto em branco, seguida da frase: “Acredite em algo. Mesmo que isso signifique sacrificar tudo”. O anúncio causou polêmica e dividiu o público não só nos Estados Unidos.
Houve queima de produtos da marca por parte de não apoiadores e as ações da Nike chegaram a cair 3% um dia após a divulgação da campanha. Nas semanas seguintes, porém, especialistas do mercado passaram a esperar que o anúncio trouxesse maior atenção e aumentasse as vendas da empresa entre o público crítico ao presidente americano mundo afora.
Os números divulgados hoje confirmarão quem estava certo.