Marfrig: frigorífico de Bagé emprega cerca de 890 pessoas e abate, em média, 750 cabeças de gado por dia (Divulgação/Marfrig)
Luísa Melo
Publicado em 18 de maio de 2015 às 17h56.
São Paulo - O frigorífico de abate de bovinos da Marfrig em Bagé, no Rio Grande do Sul, foi interditado na última sexta-feira (15) por oferecer risco à saúde e integridade física dos funcionários.
As atividades foram paralisadas devido a uma ação realizada em conjunto pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) durante a semana passada. Enquanto a unidade estiver fechada, os empregados devem receber os salários integralmente, como se estivessem em exercício.
Durante a investigação, foi encontrada uma série de irregularidades em diversos setores, que vão desde a sangria dos animais até a desossa e embalagem das carnes. Todos foram suspensos.
De acordo com o termo de interdição, havia no local vários problemas que poderiam causar acidentes, como equipamentos instalados de forma inadequada, máquinas que podem ser acionadas involuntariamente e falhas nos aparelhos de sinalização de emergência.
Além disso, foram flagrados em atividade trabalhadores que não usavam equipamentos de segurança. Foi constatada ainda a ausência de pausas e de rodízios de função entre os turnos, a falta de cadeiras ergonômicas e até mesmo ambientes com ruídos em níveis acima do permitido.
Os investigadores também concluíram que os trabalhadores que transportavam as carcaças precisavam fazer uso excessivo de força.
O documento indica ainda falhas no programa de controle médico e de saúde operacional da empresa, que não estaria monitorando os sintomas de dor dos funcionários do setor de desossa.
Eles apresentariam, principalmente, lesões nos braços por conta de posturas inadequadas e de um ritmo de trabalho excessivo imposto pela máquina. De 2011 até agora, 17 pessoas que desempenhavam essa atividade precisaram ser afastadas, segundo o MPT.
"Não é de hoje que encaminhamos à empresa as reclamações desses trabalhadores", diz em nota o presidente do sindicato regional que representa a categoria, Luiz Carlos Coelho Cabral Jorge, que acompanhou a investigação.
"Só que essas reivindicações são ignoradas e nenhuma medida é tomada, para o oferecimento das mínimas condições de trabalho", completa.
"Chamou nossa atenção, também, a falta de investimento em treinamento específico e conscientização aos trabalhadores para o exercício de suas funções", emenda o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul, Dori Nei Scortegagna, que também esteve presente na ação.
Ao todo, mais de 150 medidas para sanar os problemas foram impostas à Marfrig pelo MTE. A interdição só será suspensa se o frigorífico solicitar a suspensão da decisão junto ao órgão e comprovar o cumprimento de todas elas.
A unidade emprega cerca de 890 pessoas e abate, em média, 750 cabeças de gado por dia.
A companhia informou, em nota, que ainda na sexta-feira (15) "iniciou a implementação de um plano de trabalho para executar todas as adequações necessárias para regular as operações da unidade de Bagé".
A empresa também disse que vai requerer uma nova vistoria dos auditores para confirmar a execução de todas as correções.