Negócios

Petroleiros estão confinados há 7 dias em refinaria

Os operários não foram substituídos por outras equipes, pois não houve rendição


	Refinaria em Cubatão: Petrobras instalou dormitórios improvisados e empregados estão trabalhando em esquema de revezamento
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Refinaria em Cubatão: Petrobras instalou dormitórios improvisados e empregados estão trabalhando em esquema de revezamento (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2015 às 20h49.

São Paulo - Cerca de 90 funcionários da Petrobras estão confinados há sete dias na Refinaria Presidente Bernardes, no polo petroquímico de Cubatão, desde que foi iniciada a greve da categoria, na última quinta-feira (29).

Os operários não foram substituídos por outras equipes, pois não houve rendição. A refinaria deve funcionar sem interrupção. 

De acordo com Rafael Góes, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, a Petrobras instalou dormitórios improvisados e os empregados estão trabalhando em esquema de revezamento. O sindicato recorreu à Justiça, que determinou a liberação de 30 funcionários.

“A Petrobras não colocou equipes de contingência suficientes para operar a unidade com segurança e os trabalhadores se sentiram inseguros de abandoná-la. A gente está orientando discutir a parada das unidades para a saída desses trabalhadores, já que a empresa não está oferecendo contingente para substituí-los”, disse Rafael Góes. 

A refinaria produz 178 mil barris por dia, que tem como destinos a cidade de São Paulo, a Baixada Santista e as regiões Norte, Nordeste e Sul do país.

A Petrobras ainda não se manifestou. 

Interior do estado

Situação parecida ocorre na Refinaria Replan, em Paulínia, na região metropolitana de Campinas. A greve começou às 15h do domingo (1º), com adesão total do turno, segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo.

Sem funcionários do setor de operações, a Petrobras convocou uma equipe de contingenciamento, formada por supervisores, gerentes e engenheiros de processo, conforme o sindicato.

De acordo com o coordenador da regional Campinas do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, Gustavo Marsaioli, há dificuldade em trocar os turnos, com isso a jornada tem sido de 12 horas.

“A notícia que a gente tem é que essa equipe de contingência, em alguns setores, está incompleta, o que coloca a refinaria, na nossa avaliação, numa situação de risco. Um operador de refinaria opera partes da planta, que são muito complexas, grandes”, disse.

O sindicato estima que 20% dos funcionários da área administrativa, que funciona em horário comercial, aderiram à greve. No segmento operacional, a adesão é total.

A Replan responde por 20% de todo o refino de petróleo no país.

Outros terminais, plataformas e refinarias

A Refinaria Capuava, em Mauá, na Grande São Paulo, também teve adesão total dos trabalhadores ao movimento grevista, segundo o Sindicato Unificado.

O mesmo ocorre nos cinco terminais da Transpetro na região, da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG), nas cidades de Campinas e Hortolândia; e na Usina Termelétrica de Luiz Carlos Prestes, em Mato Grosso do Sul.

No total, incluindo os funcionários da Replan, são aproximadamente 5 mil trabalhadores parados, de acordo com estimativa o sindicato.

Na Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, no litoral paulista, 60% das funções administrativas estão paradas e o turno operacional segue paralisado desde a última quinta-feira.

“Na prática, a gente não está abrindo para o abastecimento dos caminhões de gás GLP”, disse o diretor do sindicato, Rafael Góes.

A usina recebe gases produzidos no pré-sal, na Bacia de Santos. A Petrobras entrou com liminar para liberar a saída dos caminhões, que foi negada pela Justiça.

O Terminal Aquaviário de São Sebastião teve paralisação total nas operações e 80% do setor administrativo. O terminal, o maior da Transpertro, recebe petróleo nacional e importado e abastece as refinarias do estado de São Paulo.

O Terminal Alemoa, na cidade de Santos, teve adesão semelhante.

Na plataforma em alto-mar, na Bacia de Santos, de Merluza, as atividades também foram prejudicadas com a greve.

Reivindicações

Gustavo Marsaioli explica que os trabalhadores são contrários ao plano de negócios e à privatização da Petrobras. 

“Estamos priorizando a defesa de um patrimônio público, a maior empresa da América Latina, que tem capacidade de impulsionar a economia, que tem muito êxito, com toda a sua história. Uma empresa que é fruto da mobilização social. Vamos precisar de muita mobilização e apoio da população”, disse.

O Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo pede 15% de reajuste salarial. A empresa ofereceu aproximadamente 8%.

Ontem (3), a Petrobras reconheceu que a greve dos petroleiros afetou as operações da companhia. Deixaram de ser produzidos 273 mil barris de petróleo na segunda-feira (2), o que representa 13% da produção diária no Brasil.

Houve redução ainda de 7,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, 14% da oferta diária ao mercado nacional. 

De acordo com a estatal, mesmo com a queda na produção, não há previsão de desabastecimento. 

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCombustíveisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGrevesIndústria do petróleoJornada de trabalhoPetrobrasPetróleoReajustes salariais

Mais de Negócios

Ranking Negócios em Expansão 2024: veja a lista das empresas selecionadas

Ranking Negócios em Expansão 2025: seja informado sobre quando as inscrições estiverem abertas

Da sidra ao vinagre

A grande aposta

Mais na Exame