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Petrobras volta a vender gasolina com prêmio, diz fonte

A queda acentuada nos preços do petróleo permite que a estatal volte a vender gasolina a preços mais altos do que o valor do produto importado, diz fonte


	Bomba de gasolina: gasolina não era vendida com um prêmio nas refinarias do Brasil ante o exterior desde o início de maio
 (Bloomberg)

Bomba de gasolina: gasolina não era vendida com um prêmio nas refinarias do Brasil ante o exterior desde o início de maio (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 16h24.

Rio de Janeiro - A queda acentuada nos preços do petróleo amplia ganhos da divisão de Abastecimento da Petrobras, permitindo que a estatal volte a vender gasolina no Brasil a preços mais altos do que o valor do produto importado, elevando também as margens de comercialização de diesel, disse uma fonte da cúpula da estatal à Reuters.

A gasolina não era vendida com um prêmio nas refinarias do Brasil ante o exterior desde o início de maio. Já o diesel, de uma maneira geral, tem sido comercializado acima dos valores externos há mais tempo, após o reajuste dos combustíveis em novembro do ano passado.

Os contratos futuros do petróleo, que interferem nas cotações de derivados no exterior, recuaram mais de 6 por cento para novas mínimas de mais de seis anos nesta segunda-feira, com a commodity nos EUA sendo negociada abaixo de 40 dólares o barril e o referencial Brent aproximando-se desse patamar. Essa situação de mercado potencializa os ganhos da divisão de Abastecimento.

"O mercado está bom para área de combustíveis (da Petrobras)", declarou uma alta fonte da companhia, na condição de anonimato, admitindo que os preços do petróleo em queda, por outro lado, afetam as vendas da commodity da petroleira para o exterior.

A fonte disse que os preços da gasolina vendida pela refinaria da Petrobras no mercado interno estão cerca de 4 por cento mais altos do que os praticados no exterior. Já os valores do diesel estão cerca de 7 por cento acima, com base em valores estimados na última sexta-feira.

Ainda que a fonte não tenha entrado em detalhes, essa situação de mercado deixa distante qualquer necessidade de reajuste de preços de combustíveis, ainda mais numa conjuntura de inflação em alta.

RECUPERANDO PERDAS

Interfere nesse cálculo da Petrobras, além do preço do petróleo, a cotação do dólar, utilizado nas operações de importações. A moeda norte-americana, que atingiu nesta segunda-feira o nível mais alto em mais de 12 anos, tem oscilado em torno de 3,50 desde o início de agosto.

A Petrobras, com cotação de combustíveis a preços fixos nas refinarias desde o início de novembro de 2014, acaba se beneficiando dessas variações do petróleo devido à correlação dos preços de derivados no mercado internacional, que flutuam também por questões sazonais, como a maior demanda na temporada de férias dos Estados Unidos.

A venda de combustíveis a preços mais altos do que no exterior ajuda a Petrobras a recuperar parte das perdas dos últimos anos, quando teve que importar elevados volumes a preços mais altos para atender ao mercado interno.

O diesel (combustível mais vendido no Brasil) com prêmio ante a cotação internacional ajudou a divisão da Abastecimento da estatal a ter lucros, nos últimos dois trimestres, revertendo prejuízos registrados por vários anos, quando o governo restringiu reajustes para evitar repasses para a inflação.

As considerações da fonte da Petrobras estão em linha com uma avaliação mais geral feita pelo diretor no Brasil da agência de classificação de risco Fitch, Rafael Guedes.

"Com certeza, a empresa está recuperando o tempo perdido... Números arredondados mostram que hoje a Petrobras está vendo na bomba a um preço de 75 dólares por barril e importa na casa dos 40. Esse é uma baita negócio. Obviamente, tem que incluir impostos, frete e outros", declarou Guedes, em entrevista recente à Reuters, sem entrar em outros detalhes.

Tradicionalmente, a Petrobras é importadora de gasolina e diesel para complementar a sua produção e atender a demanda interna. Ainda que o consumo interno esteja menor, o que impacta nas compras externas, a conta de importação é um fator importante para os resultados da divisão.

INCERTEZAS

Na avaliação da fonte da Petrobras, a cotação do petróleo permanecerá próxima dos atuais patamares durante os meses de setembro e outubro, pelo menos, embora existam "muitas incertezas críticas" que podem provocar uma oscilação de preços.

“O que a Opep vai fazer? O shale (petróleo não convencional) vai permanecer nesse nível de preços? Não dá para apostar que vai ficar nesse nível por muito tempo. Tem ainda menor demanda da China, aumento da taxa de juros nos Estados Unidos”, analisou.

"Setembro e outubro apontam para onde o Brent está...", adicionou.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, ponderou que a divisão de Abastecimento da Petrobras está faturando com o barril em um patamar baixo, mas ressaltou que se trata de uma bonança "míope de curto prazo".

"A Petrobras está num período de ganhar dinheiro. Como a receita de diesel é maior que a da gasolina e como importa mais diesel..., ela está botando dinheiro no bolso", disse ele.

Pires alertou, no entanto, que essa bonança pode se esvair no médio prazo e comprometer outras áreas da companhia, entre elas a produção do pré-sal.

"A Petrobras não controla preço nem câmbio. Os preços vão oscilar. Enquanto o mundo inteiro vai se beneficiar de petróleo barato para reduzir inflação e crescer mais, nós vamos tentar ajudar a Petrobras a reduzir as perdas do passado", opinou Pires.

“No médio e no longo prazo, esse preço baixo é ruim para a Petrobras, que tem a reserva do pré-sal para monetizar...", frisou.

A própria fonte da Petrobras reconheceu que as margens da divisão de "upstream" (produção) ficam mais apertadas com o barril em patamares mais baixos, mas destacou que a empresa ainda opera com margens "razoáveis".

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