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Petrobras registra perda de R$ 6,2 bilhões por corrupção

A estatal registrou perdas em seu demonstrativo financeiro de R$ 6,2 bilhões por pagamentos indevidos descobertos pelas investigações da Lava Jato

Petrobras: em 2014, o prejuízo foi de R$ 21,587 bilhões (Paulo Whitaker/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2015 às 20h09.

São Paulo - A Petrobras divulgou nesta noite de quarta-feira, 22, o aguardado balanço auditado referente ao ano de 2014 e reportou prejuízo líquido de R$ 21,587 bilhões.

Este é o primeiro prejuízo desde 1991, quando a estatal reportou prejuízo de R$ 92 mil, segundo dados coletados junto à Economática, que ajustou os números para o real.

O ano de 2014 foi marcado pelo início da Operação Lava Jato , na qual a Polícia Federal investiga casos de corrupção e cartel na Petrobras.

"O prejuízo de R$ 21,587 bilhões no exercício de 2014 é devido à perda de R$ 44,636 bilhões por desvalorização de ativos (impairment). O valor da baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente no ativo imobilizado oriundos do esquema de pagamentos indevidos descoberto pelas investigações da Operação Lava Jato (baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente) foi de R$ 6,194 bilhões", destaca a Petrobras, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

A última vez em que a Petrobras divulgou um balanço auditado foi em agosto do ano passado, quando foram apresentados os dados referentes ao segundo trimestre de 2014.

Em novembro último, a estatal deveria ter apresentado os números do terceiro trimestre, porém, a auditoria PwC não deu aval em função do desenrolar da Lava Jato. Esses dados foram divulgados apenas no dia 28 de janeiro deste ano, mas sem a inclusão de baixas contábeis associadas aos casos de corrupção já identificados pela Polícia Federal. Pela mesma razão, a PwC não havia auditado o documento.

Após mais de cinco meses de impasse desde então, a Petrobras volta a divulgar um balanço auditado. O documento aponta que o resultado de 2014 foi afetado por desvalorização de ativos (impairment).

Tais fatores também pressionaram o Ebitda ajustado anual da Petrobras, que totalizou R$ 59,140 bilhões, uma retração de 6% em relação a 2013.

A receita líquida, por outro lado, apresentou salto de 11%, para R$ 337,260 bilhões ante cifra de R$ 304,890 bilhões em 2013, influenciada pelo aumento da produção e pelo dólar mais favorável à exportação, além do preço mais elevado dos combustíveis vendidos no mercado doméstico.

Quando considerado apenas o quarto trimestre, a Petrobras reportou prejuízo líquido de R$ 26,600 bilhões, ocasionado pela contabilização de perdas oriundas de operações fraudulentas envolvendo ex-diretores da estatal.

A estatal também informou prejuízo de R$ 5,339 bilhões no terceiro trimestre ante lucro de R$ 3,087 bilhões divulgado em janeiro.

Além disso, a companhia realiza, sempre no fechamento do ano, um ajuste contábil sobre o valor recuperável dos ativos, prática conhecida como impairment.

No quarto trimestre de 2014, o ajuste levou em consideração a forte desvalorização do petróleo e de derivados do petróleo no mercado internacional, além de ajustes internos realizados pela estatal.

O prejuízo do quarto trimestre de 2014 contrasta com o lucro de R$ 6,281 bilhões acumulado no mesmo intervalo do ano anterior. A Petrobras também reportou Ebitda ajustado de R$ 20,057 bilhões no quarto trimestre, expansão de 28,95% em igual base comparativa.

A receita líquida totalizou R$ 85,040 bilhões, alta de 4,95% sobre os três últimos meses de 2013.

Este é o primeiro resultado trimestral divulgado pela nova diretoria da Petrobras, comandada por Aldemir Bendine, que veio do Banco do Brasil, desde o início de fevereiro.

Os números de 2014, contudo, foram resultado ainda da administração da ex-presidente Maria das Graças Foster, que deixou o cargo em meio às investigações da Lava Jato.

*Texto atualizado às 19h59

São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
  • 2. Operação Lava Jato

    2 /9(Arquivo/Agência Brasil)

  • Veja também

    Deflagrada em março de 2014, a Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
  • 3. Fornecedores na mira

    3 /9(Germano Lüders/Exame)

  • Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
  • 4. Balanço incompleto

    4 /9(REUTERS/Paulo Whitaker)

    O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
  • 5. Mudança de comando

    5 /9(Ueslei Marcelino/Reuters)

    Dias depois da divulgação dos resultados, Graça Foster e outros cinco diretores da companhia renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de Aldemir Bendine para o cargo. Tido como um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
  • 6. Acidente fatal

    6 /9(REUTERS/Gabriel Lordello)

    Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa,caso fique comprovado erro de operação.
  • 7. Revolta dos acionistas

    7 /9(Scott Eells/Bloomberg)

    Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos, uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
  • 8. Dívidas em dólar

    8 /9(Scott Eells/Bloomberg)

    O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
  • 9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple

    9 /9(Divulgação)

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