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Petrobras reduz meta de produção e quer mais reajustes

A estatal também informou que buscará a paridade de preços dos combustíveis entre o mercado doméstico e o internacional nos próximos anos para reforçar seu caixa

Operários da Petrobras: a área de abastecimento da empresa tem registrado grandes perdas nos últimos tempos (Germano Lüders/EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2012 às 19h21.

Rio de Janeiro - A Petrobras detalhou nesta segunda-feira seu plano de negócios para o período 2012-2016, anunciando que produzirá 1 milhão de barris diários de petróleo a menos na nova curva de produção da companhia.

A estatal também informou que buscará a paridade de preços dos combustíveis entre o mercado doméstico e o internacional nos próximos anos para reforçar seu caixa e impulsionar seus investimentos, após ter dado um primeiro passo com o reajuste anunciado na última sexta-feira.

Reajuste este, entretanto, que não eliminou a defasagem de preços e pressionou fortemente as ações da estatal nesta segunda-feira, segundo analistas. O papel preferencial da Petrobras encerrou o pregão em queda de 8,95 por cento, maior baixa em um dia desde novembro de 2008.

E mesmo o anúncio de que a empresa buscará a paridade não sensibilizou o mercado. Segundo o analista da Ativa Corretora Ricardo Corrêa, a igualdade dos preços dos combustíveis entre o mercado doméstico e o internacional não é fato concreto.

"Essa decisão não cabe à presidente da Petrobras, tanto que o reajuste anunciado na última sexta-feira provocou a sensação no mercado de que a medida foi insuficiente para recuperar as perdas", disse o analista.


A área de abastecimento da empresa tem registrado grandes perdas nos últimos tempos, com as importações de gasolina a valores mais altos subindo vertiginosamente para atender ao mercado nacional, enquanto os preços dos combustíveis estavam mantidos para controle da inflação a pedido do acionista controlador da Petrobras, o governo federal.

Do ponto de vista da empresa, o reajuste que passou a valer nesta segunda-feira já traz um alívio.

"Uma revisão dos preços dos combustíveis abaixo das expectativas já nos dá a luz para trabalharmos de forma continuada. Mas trabalhamos com a paridade internacional e ponto", disse a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, em entrevista a jornalistas.

A propósito, o analista da Ativa comentou que a queda da cotação da commodity no cenário internacional está ajudando a empresa, apesar da alta do dólar.

Já o analista do BTG Pactual, Gustavo Gattass, escreveu em relatório que o aumento de preços anunciado levanta mais perguntas do que deveria.

"Não há mais espaço para a Petrobras reajustar os preços a partir de agora até 2015, já que não há como o governo compensar aumento de preço na bomba, então não vemos neste momento nenhuma evidência de um diferente comportamento para a empresa. Como resultado, nossas previsões de lucro são reduzidas em 30 por cento em média entre 2012 e 2015", escreveu Gatass.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse nesta segunda-feira que se a paridade de preços dos combustíveis no Brasil, em comparação com o mercado internacional, não foi atingida com o recente reajuste da gasolina e do diesel, isso será alinhado no médio prazo.

Produção - Outro desapontamento do mercado veio na área de produção.


A Petrobras também informou nesta segunda-feira que trabalha com metas mais realistas e que produzirá 1 milhão de barris diários de petróleo a menos do que previa anteriormente, de acordo com dados da nova curva de produção da companhia.

O volume representa metade do que a estatal produz atualmente no Brasil. Em 2016, agora a empresa prevê produzir cerca de 2,5 milhões de barris/dia, e em 2020 a Petrobras projeta 4,2 milhões de barris/dia, cerca de 700 mil barris diários a menos que a previsão anterior, de 4,9 milhões de barris diários.

No plano anterior, a companhia esperava produzir mais de 3 milhões de barris já em 2015.

Segundo a presidente da Petrobras, que prefere ser chamada de Graça Foster, a redução das perspectivas futuras de produção foi necessária porque as metas anteriores "eram ousadas demais", e agora os objetivos são realistas.

"A minha primeira ação foi a revisão da meta, pautada em projetos reais. Durante três meses a equipe revisitou os projetos, trabalhando intensamente na revisão da capacidade de produção, e com metas realistas e visão pragmática nós definimos que a curva de produção terá uma redução próxima a 1 milhão de barris de petróleo (por dia), disse Graça Foster.

A executiva disse que nos últimos oito planos de negócios a Petrobras não conseguiu cumprir o que foi prometido. A nova curva representa um atraso de dois a três anos na produção da estatal, segundo o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa.

Baixa eficiência - A lém da mudança no cronograma de produção, a baixa eficiência da bacia de Campos, de onde provém a maior parte do petróleo extraído no Brasil, é uma das principais causas da redução da curva de produção projetada para os próximos anos, disse ela.


Em 2008, havia uma eficiência operacional de 89 por cento em Campos, e em 2011 esse percentual caiu para 71 por cento, segundo o diretor de exploração e produção da estatal, José Formigli, em meio ao declínio natural da produção dos poços.

Para recuperar a produtividade em Campos a empresa deverá lançar nos próximos dias um programa de aumento de eficiência, prevendo retomar para o patamar de 90 por cento em 2016, segundo Formigli.

Esse programa prevê uma campanha intensiva de recuperação de poços e a substituição de equipamentos, por exemplo.

Sondas - Outro motivo da redução das metas de produção, segundo Graça Foster, é o atraso na entrega de equipamentos.

"Das 10 sondas de perfuração feitas no exterior que teríamos que receber em 2011, com conteúdo local zero, algumas chegaram a ter 542 dias de atraso", afirmou ela.

Neste ano, a média de atraso se manteve, e, das 14 sondas previstas para entrega neste ano, todas construídas no exterior, apenas sete foram recebidas e estão em operação.

No novo orçamento da Petrobras, 90 bilhões de dólares vão para desenvolvimento da produção e 25 bilhões de dólares para exploração, disse o diretor de Exploração e Produção da estatal, José Formigli, nesta segunda-feira.

Ele afirmou ainda que a empresa tem 19 novos projetos de produção de petróleo até 2016 e 38 projetos previstos até 2020.

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Rio de Janeiro - A Petrobras detalhou nesta segunda-feira seu plano de negócios para o período 2012-2016, anunciando que produzirá 1 milhão de barris diários de petróleo a menos na nova curva de produção da companhia.

A estatal também informou que buscará a paridade de preços dos combustíveis entre o mercado doméstico e o internacional nos próximos anos para reforçar seu caixa e impulsionar seus investimentos, após ter dado um primeiro passo com o reajuste anunciado na última sexta-feira.

Reajuste este, entretanto, que não eliminou a defasagem de preços e pressionou fortemente as ações da estatal nesta segunda-feira, segundo analistas. O papel preferencial da Petrobras encerrou o pregão em queda de 8,95 por cento, maior baixa em um dia desde novembro de 2008.

E mesmo o anúncio de que a empresa buscará a paridade não sensibilizou o mercado. Segundo o analista da Ativa Corretora Ricardo Corrêa, a igualdade dos preços dos combustíveis entre o mercado doméstico e o internacional não é fato concreto.

"Essa decisão não cabe à presidente da Petrobras, tanto que o reajuste anunciado na última sexta-feira provocou a sensação no mercado de que a medida foi insuficiente para recuperar as perdas", disse o analista.


A área de abastecimento da empresa tem registrado grandes perdas nos últimos tempos, com as importações de gasolina a valores mais altos subindo vertiginosamente para atender ao mercado nacional, enquanto os preços dos combustíveis estavam mantidos para controle da inflação a pedido do acionista controlador da Petrobras, o governo federal.

Do ponto de vista da empresa, o reajuste que passou a valer nesta segunda-feira já traz um alívio.

"Uma revisão dos preços dos combustíveis abaixo das expectativas já nos dá a luz para trabalharmos de forma continuada. Mas trabalhamos com a paridade internacional e ponto", disse a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, em entrevista a jornalistas.

A propósito, o analista da Ativa comentou que a queda da cotação da commodity no cenário internacional está ajudando a empresa, apesar da alta do dólar.

Já o analista do BTG Pactual, Gustavo Gattass, escreveu em relatório que o aumento de preços anunciado levanta mais perguntas do que deveria.

"Não há mais espaço para a Petrobras reajustar os preços a partir de agora até 2015, já que não há como o governo compensar aumento de preço na bomba, então não vemos neste momento nenhuma evidência de um diferente comportamento para a empresa. Como resultado, nossas previsões de lucro são reduzidas em 30 por cento em média entre 2012 e 2015", escreveu Gatass.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse nesta segunda-feira que se a paridade de preços dos combustíveis no Brasil, em comparação com o mercado internacional, não foi atingida com o recente reajuste da gasolina e do diesel, isso será alinhado no médio prazo.

Produção - Outro desapontamento do mercado veio na área de produção.


A Petrobras também informou nesta segunda-feira que trabalha com metas mais realistas e que produzirá 1 milhão de barris diários de petróleo a menos do que previa anteriormente, de acordo com dados da nova curva de produção da companhia.

O volume representa metade do que a estatal produz atualmente no Brasil. Em 2016, agora a empresa prevê produzir cerca de 2,5 milhões de barris/dia, e em 2020 a Petrobras projeta 4,2 milhões de barris/dia, cerca de 700 mil barris diários a menos que a previsão anterior, de 4,9 milhões de barris diários.

No plano anterior, a companhia esperava produzir mais de 3 milhões de barris já em 2015.

Segundo a presidente da Petrobras, que prefere ser chamada de Graça Foster, a redução das perspectivas futuras de produção foi necessária porque as metas anteriores "eram ousadas demais", e agora os objetivos são realistas.

"A minha primeira ação foi a revisão da meta, pautada em projetos reais. Durante três meses a equipe revisitou os projetos, trabalhando intensamente na revisão da capacidade de produção, e com metas realistas e visão pragmática nós definimos que a curva de produção terá uma redução próxima a 1 milhão de barris de petróleo (por dia), disse Graça Foster.

A executiva disse que nos últimos oito planos de negócios a Petrobras não conseguiu cumprir o que foi prometido. A nova curva representa um atraso de dois a três anos na produção da estatal, segundo o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa.

Baixa eficiência - A lém da mudança no cronograma de produção, a baixa eficiência da bacia de Campos, de onde provém a maior parte do petróleo extraído no Brasil, é uma das principais causas da redução da curva de produção projetada para os próximos anos, disse ela.


Em 2008, havia uma eficiência operacional de 89 por cento em Campos, e em 2011 esse percentual caiu para 71 por cento, segundo o diretor de exploração e produção da estatal, José Formigli, em meio ao declínio natural da produção dos poços.

Para recuperar a produtividade em Campos a empresa deverá lançar nos próximos dias um programa de aumento de eficiência, prevendo retomar para o patamar de 90 por cento em 2016, segundo Formigli.

Esse programa prevê uma campanha intensiva de recuperação de poços e a substituição de equipamentos, por exemplo.

Sondas - Outro motivo da redução das metas de produção, segundo Graça Foster, é o atraso na entrega de equipamentos.

"Das 10 sondas de perfuração feitas no exterior que teríamos que receber em 2011, com conteúdo local zero, algumas chegaram a ter 542 dias de atraso", afirmou ela.

Neste ano, a média de atraso se manteve, e, das 14 sondas previstas para entrega neste ano, todas construídas no exterior, apenas sete foram recebidas e estão em operação.

No novo orçamento da Petrobras, 90 bilhões de dólares vão para desenvolvimento da produção e 25 bilhões de dólares para exploração, disse o diretor de Exploração e Produção da estatal, José Formigli, nesta segunda-feira.

Ele afirmou ainda que a empresa tem 19 novos projetos de produção de petróleo até 2016 e 38 projetos previstos até 2020.

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