Petrobras quer diminuir uso de itens e serviços nacionais no pré-sal
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, estatal já pediu ao governo a revisão das metas
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2011 às 06h00.
São Paulo – A Petrobras quer reduzir de 65% para 35% a meta de utilização de itens e serviços nacionais na exploração das novas reservas do pré-sal. A informação é do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (24). Segundo a reportagem, estatal já pediu ao governo para rever as chamadas metas de nacionalização. A incapacidade da indústria brasileira de atender a demanda por equipamentos e os preços 30% mais altos no país teriam levado a estatal a tomar essa decisão.
Por e-mail, a Petrobras informou que medidas de incentivo à indústria nacional estão sendo intensificadas, mas confirmou que há o problema de prazo na exploração da cessão onerosa com equipamentos nacionais. A empresa afirma, no entanto, que não há negociação para reduzir os índices e diz que não há atraso no cumprimento das metas no que diz respeito ao conteúdo nacional.
A estatal precisa extrair cinco milhões de barris para pagar ao governo pela sua capitalização até 2014. Segundo a empresa, não há como fabricar sondas no país durante o período. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou também que os preços praticados no mercado interno são um problema – cerca de 30% mais altos. Isso fez com que a estatal já encomendasse no exterior parte das 28 sondas que vai utilizar.
O pedido de redução da participação local se restringe às áreas do pré-sal cujos contratos ainda não foram firmados e não afeta os acordos já feitos, mas o Ministério de Minas e Energia agora estuda a flexibilização da regra. A possível redução de espaço das empresas nacionais na exploração do pré-sal já causa desconfortos.
Em entrevista ao jornal, o presidente da Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, disse que é estranho que a Petrobras tenha essa postura, já que o fortalecimento da indústria nacional foi bandeira do governo Lula e é defendido por Dilma. “Provavelmente a Petrobras quer se beneficiar de um câmbio favorável e comprar no exterior. Mas não acredito que o governo apoie isso.”