Negócios

Petrobras pode reduzir pedidos de sondas à Sete Brasil

A estatal dá sinais de que poderá buscar no mercado internacional as unidades para negociar preços mais atrativos

Presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, na CPI da Petrobras (Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)

Presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, na CPI da Petrobras (Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2015 às 11h13.

Rio - A Petrobras estuda reduzir ainda mais o número de encomendas à Sete Brasil, empresa responsável pela construção de 19 sondas destinadas ao pré-sal. Com a necessidade de preservar o caixa, a estatal dá sinais de que poderá buscar no mercado internacional as unidades para negociar preços mais atrativos.

A diretoria da estatal também sinalizou que há "problema estrutural" nos contratos entre a Sete e os estaleiros, que poderiam atrasar as entregas.

Em reestruturação desde maio, a Sete Brasil apresentou aos credores proposta para reduzir de 28 para 19 as sondas em seu portfólio. A redefinição depende de aprovação da sua principal contratante, a Petrobras, que pode cortar ainda mais as encomendas. O tema voltará a ser debatido no conselho, na reunião do dia 6 de agosto.

As negociações, entretanto, têm esbarrado na indisposição da estatal com propostas que representam mais custos ou riscos às suas metas de produção.

Com a queda nas cotações internacionais do petróleo, no último ano, e o consequente corte de investimento das petroleiras, haveria mais sondas no mercado internacional disponíveis para negociação de preços de afretamento.

A estatal avalia se a opção seria mais econômica do que aguardar a Sete, com preços acima da média internacional já definidos em contrato.

Outro ponto que atrapalha as negociações é a desconfiança da estatal em relação ao prazo de entrega e ao modelo de operação das unidades. Considerada uma premissa fundamental para a rentabilidade da Sete Brasil no médio prazo, a operação própria das unidades é rejeitada pela Petrobras.

O tema ainda não foi levado ao conselho de administração, mas está sendo discutido internamente entre as empresas.

No plano original, as sondas seriam operadas por empresas especializadas, estrangeiras e nacionais, como a Odebrecht Óleo e Gás e Queiroz Galvão Óleo e Gás. Para garantir sua rentabilidade, entretanto, a Sete Brasil apresentou proposta de eliminar as operadoras do negócio, de modo a assumir a prestação de serviços e suas receitas.

A proposta previa um período de operação compartilhada, para que a Sete Brasil desenvolvesse o conhecimento técnico das operações.

A avaliação da Petrobras, entretanto, é que a empresa não tem experiência para a função, uma vez que originalmente a Sete Brasil seria apenas um veículo de gestão de ativos e contratos.

A estatal também sinalizou que há "problema estrutural" no contrato entre a Sete e os estaleiros, atingidos por uma crise de financiamento. Um dos estaleiros, o Atlântico Sul, cancelou o contrato em fevereiro. Um atraso na entrega de encomendas comprometeria a curva de produção da estatal, definida em 2,8 milhões de barris diários até 2020.

O plano de reestruturação da Sete Brasil previa diferentes cenários para a "nova" empresa, com a possibilidade de reduzir o número de sondas a até 13 unidades.

Entretanto, o cenário dado como "provável" aos investidores e clientes da empresa, até o momento, era de 19 unidades a serem construídas pelos estaleiros nacionais em parceria com empresas estrangeiras.

O prazo para definir a reestruturação, que venceu no início do mês, foi prorrogado por 45 dias.

Crise

A Sete Brasil enfrenta uma crise desde o último ano, após ter sido citada nas investigações da Operação Lava Jato. Dois ex-diretores foram citados como beneficiários das propinas rastreadas pela Polícia Federal.

Com o envolvimento, a companhia teve dificuldades para liberação de financiamento por parte do BNDES, que apesar de ter uma linha de crédito de cerca de US$ 3 bilhões à empresa, ainda não liberou o pagamento. A Sete está inadimplente desde março, com dívidas estimadas em R$ 4 bilhões.

Procurada, a Petrobras informou que não comenta informações a respeito da Sete Brasil. A empresa, por sua vez, indicou que não confirmaria as informações. Em nota, disse que "segue atuando em busca da viabilização de seu plano de reestruturação". 

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