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Petrobras mais BRF? A missão impossível de Pedro Parente

Cotado para assumir o conselho da fabricante de alimentos é o atual presidente da Petrobras

Pedro Parente: Dá para conciliar os dois cargos? Na visão de executivos próximos, não (Sergio Moraes/Reuters)

Pedro Parente: Dá para conciliar os dois cargos? Na visão de executivos próximos, não (Sergio Moraes/Reuters)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 18 de abril de 2018 às 18h11.

Última atualização em 18 de abril de 2018 às 22h48.

São Paulo - Gestor dos sonhos de dez entre dez grandes empresas brasileiras, Pedro Parente, presidente da Petrobras, aceitou o convite de Abilio Diniz para ser presidente do conselho da BRF. Por meio de uma carta divulgada à imprensa na noite desta quarta-feira, 18, o executivo disse que, se for eleito para o colegiado da fabricante de alimentos, vai renunciar à presidência do conselho da operadora da bolsa de valores de São Paulo, a B3.

O nome de Pedro Parente apareceu hoje como possível salvador da pátria na BRF. De acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico, o empresário Abilio Diniz e os fundos de pensão Petros e Previ haviam chegado a um acordo para ter o executivo como novo presidente do conselho de administração da dona das marcas Sadia e Perdigão.

Segundo o Valor, a expectativa de quem acompanhou de perto as tratativas é que Parente assegure credibilidade à empresa de alimentos, “zerando” a disputa entre acionistas e fazendo com que o foco das atenções volte a ser a recuperação da companhia, que terminou 2017 com prejuízo líquido de 1,1 bilhão de reais.

A simples menção ao nome de Parente fez as ações da BRF fecharem o dia em alta de 9,55%, ou quase 2 bilhões de reais em valor de mercado. A euforia faz sentido? Em parte, segundo executivos e investidores próximos à companhia ouvidos por EXAME.

Para começar, a forma importa. A confirmação do nome de Parente pode vir nesta quinta-feira em reunião do conselho para tratar da disputa, segundo o jornal Folha de S. Paulo. A definição do novo conselho, e de seu presidente, deve ser feita no dia 26. Se Parente ou qualquer outro executivo surgir como um nome de consenso, as chances de sucesso tendem a crescer.

“O que a BRF mais precisa neste momento é de uma liderança que consiga unir as pessoas. A empresa está sem comando, e muito dividida. Parente seria um nome certeiro para resolver este problema”, diz um investidor próximo à empresa.

Neste sentido, um nome como o de Luiz Fernando Furlan, acionista da companhia e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, poderia não ter o mesmo efeito apaziguador. Nesta terça-feira, o próprio Furlan afirmou à agência Reuters que há 14 candidatos para 10 assentos no conselho, e que o número pode crescer até o dia 26, numa divisão prejudicial à BRF. “Brigas por poder destroem o valor na companhia”, afirmou.

As dúvidas em torno de Parente giram em torno da dedicação que ele teria à empresa. “Este cargo não permite um chairman que aparece a cada três meses”, diz um gestor. Como é presidente da Petrobras e presidente do conselho da B3, Parente já tem uma agenda atribulada, que dificultaria dedicar o tempo necessário à virada que a BRF necessita.

Parente deixaria um dos dois cargos para assumir a BRF? Abandonar a B3, na visão de executivos, pode não ser suficiente. Ele teria, portanto, que deixar a presidência da Petrobras. Outra opção é acumular os dois cargos até o fim de seu mandato na estatal vai até março de 2019. O problema é que os 11 meses que faltam até lá são justamente o mais importantes da história da BRF.

Parente tem dito que dedicar mais atenção a conselhos de administração seria uma ótima opção de carreira depois de deixar a estatal — até porque são cargos mais bem remunerados que a presidência da estatal.

Se de um lado, portanto, Parente conseguiria acalmar o mercado no curto prazo, entregar resultados seria fundamental no médio e longo prazo. É o que ele tem feito na Petrobras, mas em cargo executivo, e com dedicação total. Desde que Pedro Parente assumiu a Petrobras, no início de junho de 2016, o valor de mercado da companhia mais do que dobrou, saindo de 125,6 bilhões para 291,3 bilhões de reais.

Antes da terceira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada dia 05 de março, a BRF valia 25 bilhões de reais. Desde então, a companhia perdeu 32% de seu valor, que passou para 17 bilhões de reais. A companhia já valeu 65 bilhões de reais em 2014. Para voltar ao patamar pré-Carne Fraca o peso do nome de Parente deve bastar. Para voltar à melhor fase, a empresa vai precisar de sangue, suor e lágrimas — dele mesmo, ou de qualquer outro nome escolhido para sua liderança.

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