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Petrobras foi liberada para buscar até US$ 19 bilhões

A Petrobras foi liberada para buscar financiamento de até US$ 19 bilhões, quantia que corresponde a 14% do seu endividamento total, segundo fonte


	Petrobras: captação foi aprovada na última reunião do conselho de administração da empresa
 (Sergio Moraes/Reuters)

Petrobras: captação foi aprovada na última reunião do conselho de administração da empresa (Sergio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 20h48.

Rio - A Petrobras foi liberada para buscar financiamento, ainda neste ano, de até US$ 19 bilhões, cifra que corresponde a 14% do seu endividamento total, que soma US$ 130 bilhões, segundo fonte diretamente envolvida nas negociações.

A captação foi aprovada na última reunião do conselho de administração da empresa. Apesar do aval dos controladores, ainda não há uma definição sobre o modelo da operação, que está sendo desenhado pela nova diretoria financeira, liderada por Ivan Monteiro.

A decisão de ir ao mercado em 2015 atrás de recursos indica uma mudança de rota na direção da companhia. Na gestão da ex-presidente Graça Foster, que deixou a Petrobras no mês passado, a ordem era passar o ano sem tentar acessar o mercado e viver exclusivamente do dinheiro que possui em caixa, para evitar pagar os juros altos que serão cobrados diante das incertezas impostas à empresa pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

O mercado não tem conhecimento do real tamanho do patrimônio da petroleira, depois que vieram à tona denúncias de que muitos projetos foram alvo de corrupção e superfaturados. Além disso, com a queda livre no preço do petróleo, a tendência é de que o crédito às empresas do setor de petróleo e gás fique mais escasso.

Apesar disso, a equipe do atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, tem outra visão: de que o caixa está muito apertado para dar conta de todos os investimentos que a Petrobras tem pela frente em um curto espaço de tempo. Já em 2016, terá que comprar equipamentos caros para avançar na exploração do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, considerado a grande oportunidade de fazer dinheiro a custo baixo, em relação à média dos campos da estatal. Se mantiver o cronograma, a empresa conseguirá começar a produzir e melhorar suas condições financeiras em 2018 ou 2019, um horizonte pequeno na indústria do petróleo.

Enquanto as finanças da Petrobras estavam nas mãos de Graça Foster, a intenção era recorrer à ajuda de bancos públicos de, no máximo, R$ 6 bilhões. Esse plano foi descartado por Monteiro. A estatal está disposta a enfrentar as adversidades do mercado para ter acesso a financiamentos em pouco tempo.

"O valor de US$ 19 bilhões é o que está autorizado para captação. Mas não quer dizer que a empresa conseguirá reunir esse dinheiro", afirmou a fonte.

A publicação do balanço financeiro de 2014 pela Petrobras é a peça chave para que a estatal consiga acessar o mercado de crédito internacional neste ano, na avaliação de analistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Um analista de um grande banco privado que não quis se identificar pondera ainda que, mesmo que consiga acessar o mercado, a elevação do endividamento da petroleira comprometerá ainda mais seu nível de alavancagem (relação entre patrimônio e dívida), o que pode motivar novos rebaixamentos de nota por agências de classificação de risco, além da Moody's, que já cassou o selo de grau de investimento da empresa. O indicador de alavancagem é um dos mais observados pelas agências de risco na hora de bater o martelo sobre a nota de cada empresa.

Sem o aval da agência e com dificuldades de mensurar o seu patrimônio, a perspectiva é de que a Petrobras pague muito mais caro pelo financiamento do que no passado, quando conseguiu fechar captações com juros inferiores aos praticados no mercado interno, de cerca de 4% ao ano.

"Já há um movimento local de aversão ao risco que, somado a todas as dificuldades da Petrobras e à queda do preço do petróleo, torna as condições de financiamento uma incógnita", avalia o economista-chefe da RC Consultores, Thiago Biscuola.

Em sua opinião, já era esperado que a Petrobras recorresse ao mercado neste ano. A avaliação se a medida é positiva ou não, diz o economista, está vinculada às condições da operação, que ainda é uma incógnita, mesmo dentro da empresa.

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