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Petrobras dá fôlego a papéis de dívida de gigante do etanol

O primeiro aumento no preço da gasolina promovido pela Petrobras desde 2014 foi uma dádiva para os detentores da dívida da Cosan


	Cosan: os US$ 500 milhões em bonds da Cosan com vencimento em 2023 tiveram valorização de 14,9 por cento desde 30 de setembro
 (Divulgação)

Cosan: os US$ 500 milhões em bonds da Cosan com vencimento em 2023 tiveram valorização de 14,9 por cento desde 30 de setembro (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2015 às 18h30.

O primeiro aumento no preço da gasolina promovido pela Petrobras desde novembro de 2014 foi uma dádiva para os detentores da dívida da Cosan, a maior produtora de etanol do Brasil.

Os US$ 500 milhões em bonds da Cosan SA com vencimento em 2023 tiveram valorização de 14,9 por cento desde 30 de setembro, quando o aumento surpresa do preço do combustível pela Petrobras deu novo impulso à demanda pelo etanol como alternativa mais barata.

Antes da decisão da estatal de elevar os preços da gasolina, os papéis da Cosan haviam caído 18 por cento neste ano.

Outros fatores dão ânimo aos investidores da Cosan. A perspectiva de uma escassez global de oferta de açúcar está desencadeando uma recuperação nos preços do produto da cana-de-açúcar, também usada para fabricar etanol.

Os baixos preços da gasolina e do açúcar haviam feito com que 67 usinas brasileiras de etanol apresentassem pedidos de recuperação judicial desde 2011. Usinas deram um calote de US$ 1,3 bilhão em detentores de bonds neste período.

“A perspectiva para a Cosan está mudando para melhor”, disse Omar Zeolla, analista de crédito corporativo da Oppenheimer Co., por e-mail, de Nova York.

O governo brasileiro permitiu que a Petrobras elevasse os preços da gasolina em 6 por cento em 30 de setembro, uma medida pensada para ajudar a produtora de petróleo, que se recupera de um escândalo de corrupção sem precedentes.

O governo havia buscado anteriormente manter os preços baixos para ajudar em sua luta contra a inflação.

Os preços do etanol no Brasil deram um salto de 13,5 por cento neste mês, para o nível mais alto desde 2011, de acordo com dados do Cepea. A demanda pelo biocombustível vem subindo desde que o governo elevou os impostos aplicados sobre a gasolina, em janeiro, levando mais motoristas a optarem pelo etanol.

Com isso, a demanda por etanol no Brasil, segundo maior produtor de biocombustível do mundo, saltou 42 por cento neste ano até setembro, segundo a Agência Nacional do Petróleo.

O aumento nos preços do etanol ajudará a aumentar o Ebitda da Cosan em 8 por cento no ano que vem, disse o Bank of America Corp. em um relatório no dia 30 de setembro.

A Cosan e a Shell, que tem sede em Haia, controlam em conjunto a produtora sucroalcooleira Raizen Energia e a distribuidora de energia Raizen Combustíveis.

Os contratos futuros de açúcar bruto negociados na bolsa ICE Futures U.S. subiram 19,6 por cento neste mês, zerando as perdas do ano. As usinas do Brasil também estão tirando proveito da desvalorização da moeda do país, que está ajudando a reforçar a receita com as exportações de açúcar.

O real perdeu 35,3 por cento de seu valor em relação ao dólar neste ano, maior declínio entre as moedas de mercados emergentes.

As notas da Cosan para 2023 atingiram o maior valor em dois meses, a 84,85 centavos de dólar, o que fez o rendimento (yield) dos papéis cair para 7,73 por cento.

“Estamos mais otimistas em relação à Cosan após as medidas recentes”, disse Soren Bertelsen, gestor de recursos em Copenhague da BI Asset Management, que supervisiona US$ 1 bilhão em bonds corporativos de mercados emergentes.

“Vale a pena pescar créditos de boa qualidade no Brasil e isso inclui a Cosan”.

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