Petrobras: adiamento se deve aos novos fatos ocorridos após 13 de novembro, relacionados com Lava Jato (Acordo salgado)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 20h56.
São Paulo - A Petrobras confirmou, na noite desta sexta-feira, 12, que decidiu não divulgar hoje as demonstrações contábeis do terceiro trimestre deste ano não revisadas pelos auditores independentes, conforme antecipou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Agora, esses números não auditados, que estavam previstos para hoje, deverão ser divulgados até 31 de janeiro do próximo ano.
O fato relevante foi divulgado depois de o Conselho de Administração da Petrobras ter se reunido em São Paulo por quase 12 horas.
Segundo o fato relevante, o adiamento se deve aos novos fatos ocorridos após o dia 13 de novembro de 2014, relacionados, direta ou indiretamente, à Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga as denúncias de corrupção na estatal.
O balanço auditado da companhia deveria ter sido divulgado até o último dia 14 de novembro, mas a PriceWaterhouseCoopers (PwC) se recusou a assiná-lo por causa das denúncias de irregularidades.
Entretanto, a Petrobras divulgou na noite desta sexta, informações relativas aos indicadores operacionais e algumas informações econômico-financeiras que, segundo a estatal, não seriam afetadas pelos ajustes decorrentes da Lava Jato.
A companhia cita, entre os fatores que levaram ao adiamento do balanço não auditado, a postergação para 31 de janeiro de 2015 do vencimento dos primeiros covenants (cláusulas contratuais), "possibilitando a apresentação das demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 não revisadas até esta data sem risco de declaração de vencimento antecipado da dívida pelos credores".
Outro fato mencionado é o recebimento pela Petrobras, em 21 de novembro, de uma intimação (subpoena) da Securities and Exchange Commission (SEC, o banco central norte-americano) requerendo documentos relativos a uma investigação sobre a companhia iniciada pela SEC; o conhecimento pela Petrobras, em 03 de dezembro, dos depoimentos prestados no âmbito do acordo de colaboração premiada dos executivos Julio Gerin de Almeida Camargo (Grupo Toyo) e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (Grupo Setal); e citação da Petrobras, em 09 de dezembro, relativa à ação coletiva (class action) movida pelo investidor Peter Kaltman perante corte nos Estados Unidos.
"Nós acreditamos que outras ações serão apresentadas e possivelmente consolidadas com a ação do Sr. Kaltman", afirma a empresa.
O quinto fato citado pela Petrobras é o ajuizamento pelo Ministério Público Federal (MPF), no dia 11 de dezembro, de ações criminais contra diversas pessoas, dentre as quais o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e outros gestores de empresas, por corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.
"Entretanto, considerando o dever de informar e agindo com diligência e transparência, a companhia está divulgando informações relativas aos indicadores operacionais e algumas informações econômico-financeiras que acreditamos que não são afetadas pelos
potenciais ajustes decorrentes da 'Operação Lava Jato'", diz a Petrobras. "Essas informações não foram revisadas pelos nossos auditores independentes", ressalta.