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Perdas com derivativos serão compensadas, diz Positivo

Diretor explica que baixa do dólar trará perdas no segundo trimestre, mas será compensada até o fim do ano

Produção de computadores na Positivo Informática (.)

Produção de computadores na Positivo Informática (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A oscilação do dólar nos últimos meses tem feito estragos nos resultados financeiros de empresas brasileiras, primeiro com a alta repentina do fim de 2008 e agora com o movimento inverso, de valorização do real. Segundo relatórios da Brascan e da Socopa, a Positivo seria uma das vítimas da baixa da moeda norte-americana no segundo trimestre por ter montado contratos de hedge (proteção) contra a continuidade da alta do dólar - sendo que a moeda acabou despencando. A Positivo, no entanto, afirma que a compensação já deve vir no segundo semestre.

Ariel Szwarc, diretor de Relações com Investidores e vice-presidente financeiro da Positivo Informática, explica que a companhia realizou operações com derivativos cambiais no início do ano para se proteger de uma eventual continuidade no movimento de ascensão do dólar.

Foi decidido travar em reais os fluxos de caixa das vendas de computadores ao governo com a contratação de NDFs (Non Deliverable Forward), que são contratos a termo de câmbio utilizados como hedge. O valor desses contratos ainda é desconhecido, mas está relacionado com o acordo de venda de computadores acertado com o governo no ano passado.

No entanto, ao invés de o dólar continuar se valorizando, houve uma queda de 15% em relação ao real neste ano. Com isso, os balanços do primeiro e do segundo trimestres financeiras apontarão perdas com as operações.

No próprio relatório de divulgação de resultados referentes aos três primeiros meses do ano, a companhia explica que se a trajetória do dólar for de redução, o resultado financeiro pode ser impactado negativamente, mas, por outro lado, isso traria ganhos no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dos trimestres seguintes, já que os contratos com o governo tiveram seus preços estipulados considerando um dólar mais valorizado.

"Os relatórios das corretoras dão conta do primeiro trimestre, mas não contabilizam quando terminam os contratos com o governo. No terceiro e quarto trimestres, acontece o faturamento, com as entregas, o que deve compensar as perdas. Depende dos calendários de entrega de cada órgão governamental, uma parte deve ficar ainda para 2010", disse Szwarc.

O diretor ressalta ainda que caso o governo cumpra todos os prazos de entrega ainda em 2009, o impacto das perdas financeiras com os contratos cambiais será praticamente nulo no lucro líquido da companhia. "Para nós, interessa fazer tudo o quanto antes, mas é algo que o governo decide. Os contratos estão assinados e vão ser entregues, mas não estão definidas as datas".

Além disso, a empresa espera ser beneficiada no longo prazo com a baixa da moeda norte-americana porque isso vai diminuir o custo com a importação de peças.

Impactos nos preços e expectativas

A variação do dólar no segundo semestre de 2008 impactou fortemente os custos de produção da Positivo. Szwarc explicou que, como no quarto trimestre houve uma valorização da moeda de quase 50% em cerca de três semanas, não houve tempo para acontecer um repasse total aos preços dos computadores. Para piorar a situação, o cenário de restrição de crédito e o temor de desemprego prejudicaram as vendas.

Com isso, houve um choque na demanda, impacto sentido ainda hoje, mesmo com os sinais de melhora. "O mercado continua menor que no ano passado. No nosso caso em particular, conseguimos manter o volume de vendas por causa da agressividade e do varejo, ganhando participação", disse.

A expectativa é de que o pior já tenha ficado para trás, mas uma recuperação deve acontecer aos poucos. Por isso, o diretor afirma que ainda é cedo para pensar nos investimentos de prazos mais longos, sendo essencial a constante reavaliação de cenário.

"Continuamos com investimentos estratégicos sendo efetuados, como aumento de capacidade de produção. Quando tivemos a oportunidade de aumentar o volume, reativamos o terceiro turno de produção e contratamos pessoal. Nossa expectativa é positiva", reforçou.

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