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Para Santander, Brasil é o grande pilar de crescimento do grupo

No acumulado de janeiro a setembro, o lucro do banco foi de R$ 7,201 bilhões, crescimento de 34,6% em relação ao mesmo período de 2016

Santander: em nove meses, o banco entregou todo o lucro líquido do ano passado (Dan Kitwood/Getty Images)

Santander: em nove meses, o banco entregou todo o lucro líquido do ano passado (Dan Kitwood/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de outubro de 2017 às 18h44.

São Paulo - O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, afirmou que o País é "de longe, o grande pilar" de crescimento para os resultados globais do grupo, dos quais seguiu respondendo por 26%.

"Em nove meses, entregamos todo o lucro líquido do ano passado", comemorou o executivo, em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira, 26.

No acumulado de janeiro a setembro, o lucro do banco foi de R$ 7,201 bilhões, crescimento de 34,6% em relação aos nove primeiros meses de 2016.

No terceiro trimestre, ficou em R$ 2,586 bilhões, montante 37,3% superior ao visto em igual intervalo do ano passado, de R$ 1,884 bilhão.

Ao entregar tais números, o Santander Brasil renovou a marca de melhor resultado trimestral desde que desembarcou no País, em 2000, após a compra do Banespa.

No segundo trimestre, o banco espanhol já tinha atingido esse recorde, ao apresentar cifra de R$ 2,335 bilhões.

Meta para retorno

Segundo Rial, o Santander Brasil tem condições de continuar melhorando o seu retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROE, na sigla em inglês), aproximando-se ainda mais dos bancos privados.

Ele garantiu ainda que o foco do espanhol não é parar por aí e que apesar de já ter superado a meta para 2018, de 15,6%, o grupo considerou "prematuro" revisá-la.

Ao final de setembro, a rentabilidade do Santander foi a 17,1%, bem acima dos 15,8%, registrados no segundo trimestre.

"Certamente, no final de 2018, o grupo deve rever novas metas para o retorno da operação brasileira. Continuamos na linha de estreitar o retorno com os bancos privados, mas não vamos parar aí", destacou Rial.

O presidente do Santander disse ainda que o banco apresenta uma trajetória de melhora de resultados que deve se manter não apenas no quarto trimestre bem como em 2018.

Demanda de crédito

Existe espaço para a demanda por crédito no Brasil voltar a crescer no ritmo de dois dígitos, de acordo Rial. Esse avanço, porém, conforme o executivo, pode não se materializar em 2018 uma vez que o País passa por um processo de retomada do lado econômico.

"A demanda por crédito no Brasil, historicamente, apresentava crescimento de dois dígitos e deixamos de ver isso durante a crise. Deveríamos voltar a dois dígitos e estruturalmente temos tudo para fazer isso. Há demanda reprimida em várias frentes como é o caso claro do crédito imobiliário", explicou o presidente do Santander, acrescentando que haverá tanto crédito novo como continuidade de refinanciamentos.

De acordo com ele, a carteira de crédito imobiliário, na qual o banco está com uma campanha de juros menores, deve voltar a crescer em um ritmo mais forte a partir do primeiro trimestre de 2018.

Isso porque, conforme Rial, há um período de contratação das operações até que o crédito de fato seja desembolsado.

No terceiro trimestre, o segmento alcançou saldo de R$ 27,251 bilhões, alta de 0,7% em doze meses e crescimento de 0,8% em três meses.

Já a carteira de crédito total do Santander, no conceito ampliado, foi a R$ 263 bilhões ao final de setembro, cifra 2% maior em relação a junho e 6% superior em um ano.

Apesar do aumento dos empréstimos, o presidente do banco garantiu que a instituição não tem sacrificado rentabilidade e expansão sustentável em troca de aumento de market share.

"Ganhamos cotas no mercado de cartões, em crédito consignado, com a GetNet (adquirência), no setor de agronegócios, no qual éramos irrelevantes e hoje aparecemos nesta agenda. Fizemos escolhas estratégicas onde queríamos apostar. Não estamos trazendo um risco maior para o banco", garantiu Rial.

Apesar disso, os ativos ponderados pelo risco (RWA, na sigla em inglês) do banco aumentaram. No terceiro trimestre, o crescimento foi de 5,9% ante o segundo e de 10,9% em um ano, totalizando R$ 398,302 bilhões.

Sobre o desempenho da tesouraria do Santander, Rial disse que resulta da combinação de um crescimento estratégico da área que também tem se beneficiado com a ampliação da base de cliente do banco e que a expectativa é de resultados consistentes nesta linha.

Inadimplência

A tendência para a inadimplência do Santander Brasil é neutra, mas tem viés positivo no médio prazo, de acordo Rial. Nos últimos três trimestres, o indicador, considerando atrasos acima de 90 dias, permaneceu em 2,9%.

"Não vejo grande oscilação no indicador de inadimplência. O Brasil crescendo e o cenário macro melhor pode ajudar a inadimplência", explicou Rial, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

O presidente do Santander Brasil lembrou, contudo, que o banco não é uma história de reversão de provisão de crédito, mas de crescimento de linhas de receitas. Isso porque a instituição tem mais espaço para ganhar participação em alguns mercados como adquirência, cartões, consignado e menos exposição a crédito do que outros concorrentes que possuem carteiras maiores.

Rial disse ainda que não há nada que desperte preocupação em termos de inadimplência para o banco e que o aumento de 5,0% nas despesas com provisões, as chamadas PDDs, no terceiro trimestre em relação ao segundo foi pontual.

O aumento se deu, conforme explicou o banco, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, por "casos pontuais no segmento do Corporate".

Banrisul

O presidente do Santander Brasil, que sempre se posicionou como favorável à privatização de bancos estatais, afirmou que a possibilidade de esse movimento ocorrer com o Banrisul não é mais uma realidade uma vez que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul decidiu fazer uma oferta de ações da instituição na bolsa.

"O caminho tomado pelo Banrisul, certo ou errado, é irreversível", disse.

O executivo afirmou, contudo, que o Banrisul segue como um concorrente admirável e que a privatização do banco passou a ser uma discussão apenas "teórica".

GetNet

Rial também afirmou que não há discussão para a compra da fatia da participação de um acionista minoritário na GetNet, braço de adquirência do grupo.

Ele explicou, contudo, em coletiva de imprensa, que o banco avaliaria se houvesse uma oportunidade de compra dessa fatia, que é de 11,5%, dependendo do preço.

Reforçou, contudo, que o banco não precisa ter o controle de suas empresas e que tem obtido bom desempenho em diversas áreas por meio de parcerias. "Acreditamos que o minoritário agrega valor", disse o executivo.

A GetNet alcançou faturamento de R$ 99,944 bilhões de janeiro a setembro, com crescimento de 33% em um ano.

Com mais de 11% de mercado, a empresa mira alcançar 15% do setor de adquirência até o final deste ano, conforme já disse o próprio presidente do Santander.

Qatar

O presidente do Santander Brasil afirmou ainda que o Qatar Holding, acionista do banco desde a sua abertura de capital, não comunicou sobre eventual decisão de desinvestir a participação que ainda detém.

Depois da oferta subsequente de ações (follow on) feita este ano, sua fatia foi reduzida de 5,5% para 3,38% e, conforme antecipou a Coluna do Broadcast, no início do mês, o fundo avalia se desfazer do restante.

"Temos uma estrutura acionária estável e os acionistas reconhecem o resultado do banco. O Qatar está satisfeito com o resultado do banco e não nos comunicou sobre possível decisão de desinvestir", disse Rial, em coletiva de imprensa.

Para que o Qatar desinvestisse a participação que ainda detém no banco, o Santander Brasil teria de fazer uma nova oferta subsequente de ações.

A intenção do fundo já é antiga, mas, agora, o desinvestimento poderia sair do papel, visto que o período de restrição de negociação dos papéis, o chamado lock-up, terminou.

No movimento anterior, feito no início do ano, o Qatar se desfez de quase metade de sua participação e já era esperado outro movimento na sequência, para desovar as ações remanescentes.

O martelo, porém, ainda não teria sido batido, com a oferta podendo ocorrer agora ou no início do ano que vem, conforme noticiou a Coluna do Broadcast.

Ipanema

A aquisição de 70% da gestora Ipanema vai permitir que o Santander Brasil melhore a gestão das suas carteiras vencidas e inadimplentes, os chamados créditos podres, e obtenha uma melhor recuperação desses empréstimos, segundo o vice-presidente do banco, Angel Santodomingo.

O Santander obteve aval do Banco Central para o negócio, no mês passado. Com isso, o Santander concluiu a transação com os respectivos sócios da Ipanema na semana passada, no dia 16 de outubro.

"A Ipanema nos adiciona capacidade de gestão neste tipo de atividade (recuperação de créditos vencidos e inadimplentes) que é bem significativa. A parceria pode dar inteligência adicional à gestão e venda de carteira", explicou Santodomingo, também em coletiva de imprensa.

Sobre a possibilidade de o Santander Brasil mudar a postura que tem no mercado de créditos podres, do qual é bastante ativo com a venda de carteiras, o executivo do banco disse que não há decisão nesta direção e que o objetivo da associação com a Ipanema é fazer o "melhor entendimento" da dinâmica desses ativos.

Enquanto não obtinha o aval do BC para concluir o negócio com os sócios da Ipanema, o Santander seguiu vendendo créditos podres no mercado.

No mês passado, o banco se desfez de uma carteira de cerca de R$ 1 bilhão. Parte foi adquirida, conforme antecipou o Broadcast, no início do mês, pelo BTG Pactual.

Além disso, o mercado esperava que o Santander desovasse uma operação que tem engavetada de cerca de R$ 1,5 bilhão ainda neste ano.

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