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Pão de Açúcar e Hirota querem conquistar o cafezinho da tarde

Redes varejistas investem em espaços para escritórios corporativos, para não perder vendas para lanchonetes

Pão de Açúcar: indo ao encontro do trabalhador no escritório (Germano Lüders/Exame)

Pão de Açúcar: indo ao encontro do trabalhador no escritório (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 5 de julho de 2019 às 10h00.

Última atualização em 5 de julho de 2019 às 10h00.

A nova fronteira dos supermercados são os escritórios corporativos. Para conquistar o café da tarde e oferecer uma janta pronta para o trabalhador, a rede Hirota e o Grupo Pão de Açúcar estão abrindo unidades dentro de centros comerciais, para não perder vendas para lanchonetes próximas.

A rede Hirota, que já tem 38 unidades em São Paulo, abriu três mercados Express em sedes corporativas. Os locais possuem uma lanchonete, café e opções de pratos prontos refrigerados, para almoçar no escritório ou levar para casa. Uma das unidades, que fica em um escritório do banco Itaú, é a loja mais rentável por metro quadrado da rede varejista.

Segundo Hélio Freddi,  diretor de Marketing e Expansão do Hirota Food Supermercado, o objetivo é levar o formato para empresas com mais de três mil funcionários e estações de transporte público. Até o fim do ano, serão outras três unidades abertas. 

“As pessoas passam grande parte do dia em prédios comerciais e têm menos tempo para a alimentação. Queremos oferecer opções de refeição fáceis e baratas”, afirmou o executivo. 

Futuro da rede

O formato Express é a grande aposta do Hirota para o futuro. É inspirado nas kombinis, pequenas lojas japonesas de conveniência espalhadas pela cidade. A rede Hirota irá inaugurar um mercado até dentro de uma estação de metrô em São Paulo.

No entanto, o formato ainda não é rentável. Segundo Freddi, as lojas demoram cerca de 5 anos para maturar e atingir o volume ideal de vendas. As vendas do Express também são pequenas em relação ao faturamento da companhia: representam apenas 8% do total. 

A maior fonte de crescimento e de receita vem dos supermercados: são 16, com previsão de abertura de um a dois por ano. Nesse segmento, inaugurou recentemente uma loja conceito no shopping Morumbi, com destaque para os produtos japoneses. Algumas vezes por semana, um chef de sushi prepara combinados frescos. 

Investimentos

O faturamento do Hirota deve chegar a 500 milhões de reais em 2019 e a empresa deve investir cerca de 30 milhões de reais este ano. A maior parte foi aplicada na compra de um centro de produção de alimentos, de 10 mil metros quadrados, em São Bernardo do Campo, SP. 

Grande parte dos pratos prontos no mercado são preparados pela própria empresa, de massas aos combinados japoneses: são mais de 100 opções. A Hirota hoje tem uma fábrica de 2 mil metros quadrados e, com a nova unidade, a capacidade de produção se multiplica. A rede irá investir para expandir também o número de clientes: quer vender alimentos preparados para refeitórios e lanchonetes de grandes empresas e até para companhias aéreas.

Pão de Açúcar Minuto

O Pão de Açúcar está trilhando o mesmo caminho corporativo da rede Hirota. Lançou um novo modelo de loja a partir do formato Minuto, de lojas de proximidade, voltado para escritórios e grandes centros comerciais. 

O modelo será inaugurado já neste ano e parte das 15 aberturas de lojas Minuto previstas para 2019 será neste novo formato. A rede tem 235 lojas de proximidade, que representam 2,1% das vendas. No primeiro trimestre do ano, as receitas do grupo chegaram a 13,83 bilhões de reais, alta de 12,4%.

“As pessoas estão cada vez mais urbanas e em apartamentos menores. Oferecer opções rápidas de alimentação faz sentido nessa tendência”, diz Frederic Garcia, diretor de proximidade, postos de gasolina e drogarias e responsável pelo projeto. 

Desde abril, há uma unidade piloto na sede do Grupo Pão de Açúcar, em São Paulo, que serviu de laboratório de testes do novo modelo. No local, já havia uma loja Minuto tradicional. “Percebemos que perdíamos vendas para as lanchonetes da região”, afirma o diretor.

Mudanças

A loja ganhou novidades como uma cafeteria, com preparo de sanduíches, café e até ovos mexidos e uma área maior de pratos prontos, com microondas para esquentar a refeição. Os pratos são preparados pela Cheftime, startup de entrega de kits gastronômicos com a qual a varejista tem parceria. 

A geladeira de bebidas e laticínios também ganhou mais espaço, bem como a área de snacks, salgadinhos e doces. A área dedicada a vinhos permite comprar até rótulos que não estão no estoque a partir de um totem e receber na loja em poucas horas.

Em contrapartida, outros produtos perderam espaço, como temperos, produtos de limpeza e higiene pessoal e a estação de cortes de frios. Como resultado, a frequência de compra aumentou. “As pessoas passam na loja de uma a três vezes por dia”, afirma Garcia.

O novo formato tem uma rentabilidade semelhante a outras lojas Minuto. Como não tem equipamento para corte de frios, por exemplo, precisa de menos funcionários para operar. Além disso, é menor que outros Minutos, com até 150 metros quadrados, e custa cerca de 20% a menos para ser construído. 

Chuva de novidades

Como a loja piloto foi montada no próprio escritório do grupo, tem mais flexibilidade para experimentação. Uma das principais reclamações no início do projeto foi o tamanho das filas. O grupo, então, implementou o self checkout, em que o cliente pode finalizar a própria conta, e o pagamento pelos aplicativos do grupo, Pão de Açúcar Mais e Clube Extra. A compra pelo app, feita por meio de QR Code, é exclusiva do formato.

O novo modelo é a novidade mais recente do grupo. Nos últimos meses, lançou uma loja física, um aplicativo e um site dedicados a vinhos, o Pão de Açúcar Adega e uma plataforma digital para atacado de entrega dedicada a restaurantes, bares e outros estabelecimentos comerciais. Criou também totens do marketplace de serviços GetNinjas, para oferecer consumidores a contratação de serviços como diaristas, manicures e churrasqueiros e aliou-se à Microsoft para acelerar o processo de transformação digital do grupo. 

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