Os planos da Avianca para voar e competir com aéreas low cost
A maior companhia aérea da Colômbia agora pertence a um grupo de credores que concedeu ajuda financeira durante o processo de concordata
Bloomberg
Publicado em 4 de dezembro de 2021 às 15h04.
Última atualização em 6 de dezembro de 2021 às 10h42.
PorEzra Fieser e Andrea Jaramillo
A colombiana Avianca Group International sai da recuperação judicial (concordata pela legislação americana) com planos de competir com os preços de operadoras de baixo custo ( low cost ), ao mesmo tempo em que preserva partes do negócio que a tornaram a segunda maior companhia aérea da América Latina antes da pandemia de Covid-19.
O CEO Adrian Neuhauser disse que a empresa foi capaz de reduzir o endividamento e acumular liquidez durante a reorganização sob o Capítulo 11 da Lei de Falência dos Estados Unidos, um processo de 18 meses encerrado nesta semana que passou.
A empresa vai aumentar a capacidade de assentos dos aviões e usar a estrutura de rotas ponto a ponto popularizada pelas aéreas de baixo custo, em vez de depender de voos por meio dos chamados hubs.
“Estamos tentando pegar o melhor do que éramos, uma operadora com foco em serviços e uma ampla rede de rotas, e combiná-la com o que vimos nossa concorrência fazer, o que tem sido muito eficaz: oferecer mais ponto a ponto e preços mais baixos”, disse Neuhauser em entrevista. “Estamos muito focados em ser disciplinados e nos custos.”
A maior companhia aérea da Colômbia agora pertence a um grupo de credores que concedeu ajuda financeira durante o processo de recuperação judicial.
Os novos proprietários incluem a Kingsland Holdings, que é controlada pelo magnata salvadorenho Roberto José Kriete Avila, e o hedge fund Citadel, do bilionário Ken Griffin. A United Airlines também é credora do grupo, mas sua dívida ainda não foi convertida em capital, disse Neuhauser.
A empresa reestruturada, que agora está domiciliada no Reino Unido, mas opera a partir de uma sede em Bogotá, ficará com o capital fechado até que a administração decida onde listar as ações, disse o executivo. A empresa avalia uma única listagem no Reino Unido ou nos Estados Unidos, mas ainda não tomou a decisão.
A empresa entrou com pedido de recuperação judicial em maio de 2020, depois que governos fecharam fronteiras para frear a propagação do coronavírus.
Latam Airlines e Grupo Aeroméxico também pediram proteção contra credores sob o Capítulo 11. A Avianca, a primeira das três a sair do processo, terá cerca de 1,2 bilhão de dólares em liquidez e aproximadamente 3,5 bilhões de dólares em dívidas de longo prazo, que incluem empréstimos estendidos durante a recuperação e arrendamentos de aeronaves, disse Neuhauser.
Neuhauser espera que a empresa registre lucro em 2023, depois que suas operações voltem aos níveis anteriores à pandemia -- caso isso ocorra. A aérea opera com cerca de 60% do volume de voos pré-Covid, e o mercado doméstico se recupera mais rápido do que rotas de longa distância, especialmente viagens de negócios internacionais, segundo o executivo.
Em resposta, a Avianca tem mudado suas ofertas de tarifas e disposição de assentos para fornecer mais flexibilidade, disse.
Segundo ele, a empresa vai focar mais no segmento de lazer e menos no mercado corporativo. “Isso não significa que estamos deixando para trás nosso cliente de negócios tradicional, mas significa que vamos encolher as cabines executivas e coisas assim”, disse. “Muitas viagens internacionais de negócios antes da pandemia incluíam consultores, banqueiros etc., e vemos essa recuperação muito mais lenta.”
A Avianca Brasil, por sua vez, teve a falência decretada em julho de 2020 na1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Parte de sua frota de aeronaves foi retomada por empresas de arrendamento, enquanto os seus direitos de pousos e decolagens mais valiosos, em Congonhas, foram redistribuídos para companhias como a Azul.
(Com a Redação)