Negócios

Os novos donos dos aeroportos do país

Seis empresas brasileiras se tornaram donas de aeroportos no país nos últimos dois anos


	Vista aérea das obras do aeroporto São Gonçalo do Amarante (RN), primeiro terminal sob concessão da iniciativa privada no país: a expectativa é de que a disputa em novos leilões continue acirrada
 (Sergio Moraes/Reuters)

Vista aérea das obras do aeroporto São Gonçalo do Amarante (RN), primeiro terminal sob concessão da iniciativa privada no país: a expectativa é de que a disputa em novos leilões continue acirrada (Sergio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2014 às 08h59.

São Paulo - Seis empresas brasileiras se tornaram donas de aeroportos no País nos últimos dois anos e pelo menos outras oito têm projetos em desenvolvimento para ingressar no setor.

O negócio requer aportes bilionários: só os leilões somaram investimentos de R$ 25,2 bilhões e outorga (pagamento ao governo) de R$ 45,5 bilhões.

Mas as empresas apostam no potencial das receitas adicionais, com maior oferta de serviços e exploração imobiliária dos espaços, para recuperar o capital injetado nos aeroportos.

Essa perspectiva de ganhos atraiu para o setor, principalmente, grupos ligados à construção civil, incorporação imobiliária, concessão de rodovias e até novas empresas.

A porta para a iniciativa privada investir em aeroportos se abriu em 2012, quando o governo quebrou o monopólio da estatal Infraero e promoveu uma rodada de leilões.

O primeiro aeroporto concedido ao setor privado foi o de São Gonçalo do Amarante, arrematado pelo grupo de engenharia Engevix. Em seguida, também foram privatizados os aeroportos de Guarulhos, Brasília, Viracopos, Galeão e Confins.

Empresas como Invepar, CCR, Triunfo, Engevix, Odebrecht e UTC Participações venceram os leilões, tornando-se controladoras dos aeroportos mais movimentados do País. E continuam de olho em novas oportunidades espalhadas Brasil afora: “Estamos 100% focados no Galeão, mas temos necessidade e expectativa de novos negócios para diversificar nosso portfólio”, diz Paulo Cesena, presidente da Odebrecht Transport, que hoje administra 19 empresas na área de concessões rodoviárias, terminais portuários e mobilidade urbana.


A expectativa é de que a disputa em novos leilões continue acirrada. A Engevix, que tem dois aeroportos (São Gonçalo do Amarante e Brasília) sob sua gestão, já manifestou interesse em novas concessões. Segundo José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, o plano é ter quatro aeroportos grandes ou médios e outros dez regionais.

Construção

Enquanto algumas empresas aguardam uma nova rodada de leilões, outras companhias planejam construir e administrar aeroportos novos.

A possibilidade surgiu em dezembro de 2012, quando o governo publicou um decreto autorizando a exploração comercial de aeroportos públicos focados em aviação executiva pela iniciativa privada.

Antes, as empresas podiam ter aeroportos próprios, mas não podiam cobrar tarifas para pouso ou decolagem.

Desde então, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) recebeu cinco pedidos de grupos privados para a construção de aeroportos para aviação executiva (leia abaixo). Na lista estão a incorporadora JHSF, o grupo paranaense JMalucelli, a novata Harpia, de São Paulo, e construtoras médias regionais - a Penido, do Vale do Paraíba, e as pernambucanas Casa Grande Engenharia e Romarco.

As perspectivas de retorno para as empresas que investem em aeroportos para voos comerciais e em espaços para aviação executiva são diferentes, explica o consultor da Bain & Company, André Castellini. “


Nos aeroportos de aviação executiva, a receita com tarifa é menor. O maior ganho é com exploração imobiliária.” Nos projetos de JHSF e Penido, em São Roque e Caçapava, o aeroporto é parte de uma espécie de bairro planejado, que também tem hotel, shopping e torres residenciais e comerciais.

Já os grandes aeroportos constituem negócios que garantem fluxos financeiros de longo prazo para seus investidores, com concessões de, no mínimo, 20 anos. As empresas podem ganhar com a cobrança de tarifas aeroportuárias, cujo preço é regulado, e ainda com a exploração comercial das áreas.

A Odebrecht Transport, que vai investir R$ 5,7 bilhões no aeroporto do Galeão, quer aproveitar o espaço para criar novos serviços aos passageiros.

A empresa pretende incrementar a receita comercial do Galeão com mais opções de restaurantes na praça de alimentação e novas lojas. “Temos muita área e passageiro predisposto a consumir”, disse Cesena.

Para fazer frente aos investimentos no Galeão e em outras concessões, a Odebrecht Transport recebeu R$ 1 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no fim de 2013. Na ocasião, o FI-FGTS aportou outros R$ 428 milhões para manter a participação de 30% na empresa (adquirida em 2010).

A Engevix também quer aprimorar as instalações para aumentar as receitas não tarifárias. Segundo Antunes, a empresa vai aproveitar que tem dois aeroportos para obter economia de escala. Na negociação com fornecedores, fechou contratos para os aeroportos de Brasília e São Gonçalo.


Segundo ele, as atenções da empresa no momento estão voltadas para a entrega das obras previstas para Brasília, em maio, e para a inauguração do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na segunda quinzena de abril. Antunes diz, no entanto, que planeja construir hotéis e centros de convenções no entorno do aeroporto de Natal.

Caieiras

As construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez também querem lucrar com seus aeroportos no Brasil. As empresas iniciaram os estudos para entrar no setor em 2007, com a construção de um terceiro aeroporto para a região metropolitana de São Paulo em Caieiras. “

Somos investidores em diversos negócios. Olhamos para aeroportos porque entendemos que a aviação ainda vai crescer muito no Brasil”, disse o diretor de novos negócios da Andrade Gutierrez, José Henrique Polido.

A intenção das empresas é fazer um aeroporto para aviação comercial, do porte de Guarulhos, com investimento estimado em R$ 9 bilhões. O projeto depende de alterações na legislação, que só permite novos aeroportos privados focados em aviação executiva, e não comercial.

A própria presidente Dilma Rousseff disse em dezembro que o governo vai mudar a regra e autorizar o aeroporto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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