Os carros importados mais vendidos no Brasil
Devido ao acordo comercial que permite a importação com tarifa zero, a maior parte dos sucessos de vendas produzidos no exterior vem da Argentina
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2012 às 10h01.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
A maioria dos carros importados vendidos no Brasil vem de países da América Latina, como Argentina e México. Por trás dessa hegemonia, estão acordos comerciais que permitem que montadoras instaladas no Brasil tragam carros desses dois países com tarifa zero de importação, e vice-versa. A política permite o aumento da escala das montadoras, já que uma fábrica na Argentina, por exemplo, pode atender não apenas o mercado local como também outros países da América Latina. Além disso, é uma forma de o governo incentivar a vinda de montadoras ao país, a geração de empregos e a arrecadação de impostos. Atualmente, apenas as montadoras da Coreia do Sul conseguem, mesmo com todas as barreiras tarifárias, apresentar altos índices de crescimento no Brasil. A Kia traz todos os carros vendidos internamente de fábricas sul-coreanas, o que lhe obriga a pagar 35% de imposto de importação mais os tributos cobrados para os veículos com produção nacional (como IPI, PIS e Cofins). Já a Hyundai só produz no Brasil o utilitário-esportivo Tucson. O modelo é montado em parceria com o grupo Caoa na fábrica de Anápolis, em Goiás. Mas o i30, maior sucesso da Hyundai no Brasil, vem da Coreia e paga todos os impostos incidentes sobre a importação.
Sempre que alguém compra um Fiat Siena no Brasil só descobre na concessionária se vai levar para casa um carro nacional ou importado. O sedã da Fiat construído na mesma plataforma do Pálio é produzido na fábrica de Betim (MG) e também em Córdoba, na Argentina. Do total de 89.964 unidades emplacadas entre janeiro e setembro no Brasil, quase 58% são importados. De acordo com números da Fenabrave e da Abeiva, os 51.961 carros trazidos da Argentina são suficientes para colocar o Siena no topo do ranking dos veículos importados mais vendidos do país. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, os carros que saem das duas linhas de montagem são idênticos. A Fiat decidiu voltar a montar o Siena na Argentina há cerca de três anos, quando sua fábrica mineira já estava próxima do limite da capacidade de produção.
Com 44.879 unidades comercializadas nos primeiros nove meses deste ano, o Chevrolet Agile é o segundo carro importado mais vendido do Brasil. O modelo foi inteiramente desenhado e desenvolvido no país. Participaram da criação os engenheiros e designers do novo centro tecnológico de São Caetano do Sul (SP) e do campo de provas em Indaiatuba (SP). A General Motors decidiu, no entanto, que a produção do veículo caberia à unidade industrial de Rosario, na Argentina. Pelo acordo comercial entre os dois países, a GM pode trazer o Agile para o Brasil sem pagar imposto de importação. A maior parte dos veículos vendidos pela montadora no país tem fabricação nacional. Entre as exceções, também estão o utilitário-esportivo Captiva (trazida do México), o sedã Omega (da Austrália) e o Malibu (dos Estados Unidos).
Carro mais vendido da Hyundai no Brasil, o hatch i30 é trazido da Coreia do Sul. Paga, portanto, 35% de alíquota do imposto de importação, mas, mesmo assim, consegue ser bem competitivo em relação a rivais como Ford Focus, o Chevrolet Vectra e o Volkswagen Golf. O i30 vendeu 25.399 unidades no Brasil entre janeiro e setembro, segundo a Fenabrave. Para um consultor da indústria automobilística que pediu para não ser identificado, a Hyundai vende seus carros sem lucro no Brasil para ganhar mercado e justificar os investimentos em uma nova fábrica e na ampliação da rede de concessionárias e de assistência técnica. A montadora sul-coreana não tem planos de começar a fabricar o i30 no Brasil assim como outros carros de sucesso que continuarão a ser importados, como a Veracruz e a Santa Fe. Na fábrica de Anápolis, em Goiás, a Hyundai monta o estilitário-esportivo Tucson. É a única fábrica do mundo que ainda produz o modelo. No resto do mundo, o substituto para a Tucson é o ix35, que deve ser produzido por aqui dentro de alguns anos. Já a fábrica que a montadora vai construir em Piracicaba deve iniciar a produção de um novo modelo compacto em 2012. Chamado provisoriamente de HB, o carro popular chegará para disputar mercado com o Gol e o Pálio. A meta da Hyundai é vender 20.000 unidades do HB por mês, abocanhar uma fatia total de 10% do mercado de veículos e garantir a quarta posição no ranking nacional de montadoras.
A picape Hilux é importada assim como todos os carros vendidos pela Toyota no Brasil, com exceção do sedã Corolla. Trazida da Argentina, a Hilux - cujo nome é uma contração de "high luxury" (alto luxo, em inglês) - tem como principais rivais a Chevrolet S10, a Ford Ranger e a Nissan Frontier. Nos nove primeiros meses do ano, 23.609 unidades da Hilux foram emplacadas, o que lhe garantiu o título de quarto carro importado mais vendido do país. Mesmo com a construção de uma nova fábrica da Toyota na cidade paulista de Sorocaba, a Hilux continuará a ser importada. A partir do segundo semestre de 2012, a unidade sorocabana deve começar a produzir um novo carro compacto global que chegará para concorrer com o Gol e o Pálio. Até agora, sabe-se apenas que a montadora japonesa lançará um modelo com versões hatch e sedã e motor bicombustível. O nome e as características do carro ainda não foram definidas.
O Renault Clio é o quinto carro importado mais vendido no Brasil, com 20.486 unidades comercializadas entre janeiro e setembro. O modelo chegou a ser produzido no Brasil, na fábrica da Renault em São José dos Pinhais, no Paraná. Com o lançamento do Sandero, no entanto, a montadora decidiu transferir a linha do Clio para a Argentina para que houvesse espaço na fábrica para a produção do novo veículo. Além do Sandero, a unidade no Paraná também produz o sedã Logan, a perua Mégane Grand Tour e o Sandero Stepway.Já o Kangoo, o Kangoo Express e o Symbol são trazidos da Argentina, país onde a Renault ocupa a quarta colocação em participação de mercado.
Desde que foi lançado no Brasil em 2000, o Focus tem sido importado pela Ford da fábrica argentina de General Pacheco. O modelo foi criado para substituir o antigo Escort, que fez muito sucesso no Brasil até a década de 90. A qualidade do Focus, entretanto, é muito superior. Com versão hatch e sedã, hoje o Focus disputa mercado com carros como o Chevrolet Vectra, o Volkswagen Golf, o Peugeot 307 e o Hyundai i30. Neste ano, a Ford já vendeu 16.742 unidades do Focus, o que lhe garante o posto de sexto carro importado mais vendido do Brasil.
Da mesma forma que as montadoras brasileiras podem trazer carros da Argentina com tarifa zero, os veículos importados do México também entram no Brasil isentos de imposto de importação. Mesmo assim, somente um carro mexicano entra na lista dos dez mais vendidos: o utilitário-esportivo CR-V, da Honda, que vendeu 12.349 unidades entre janeiro e setembro. Uma explicação é que o custo de logística para trazer carros do México não é tão baixo quanto para a vinda dos argentinos. A Honda chegou inclusive a estudar a abertura de uma fábrica na Argentina, mas o projeto ainda não saiu do papel. Outro fator importante é que os mercados brasileiro e argentino são muito parecidos. Vários carros fazem sucesso em ambos os países, o que favorece o intercâmbio. Na fábrica de Sumaré, no interior Paulista, a Honda produz o City, o New Fit, o New Civic e o Civic SI.
Além do Focus, outro carro da Ford produzido na fábrica argentina de General Pacheco aparece no ranking dos carros importados mais vendidos do Brasil: a Ford Ranger. Oitava colocada no ranking, com 11.234 vendidas neste ano, a picape pode ser comprada no Brasil em duas versões: com cabine simples ou dupla. O Ranger disputa o mercado brasileiro de picapes médias com concorrentes como a Chevrolet S10, a Mitsubishi L200, a Toyota Hilux e a Nissan Frontier. O modelo mais recente passou por uma reestilização e está no mercado desde julho de 2009.
Todos os modelos da Kia vendidos no Brasil são trazidos da Coreia do Sul. Apesar de não possuir uma fábrica local, a montadora sul-coreana tem planos agressivos de expansão e já comercializa 11 carros no país: Bongo, Carens, Carnival, Cerato, Magentis, Mohave, Opirus, Picanto, Sorento, Soul e Sportage. O Cerato é o grande sucesso da montadora. Com 10.198 unidades vendidas, o sedã responde por mais de um quarto das unidades comercializadas no Brasil. Por trás dos bons resultados, está um preço bastante competitivo. Apesar de pagar imposto de importação com alíquota de 35%, o sedã pode ser comprado no Brasil por cerca de 50.000 reais na versão mais simples.
O único carro da alemã Volkswagen incluído no ranking dos dez importados mais vendidos é o Spacefox, trazido da Argentina. A montadora possui quatro fábricas no Brasil e monta carros em três: São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR). Praticamente todos os carros mais populares da montadora são feitos no Brasil. Entre os importados, estão os utilitários-esportivos Tiguan e Touareg, os sedãs Jetta e Passat e a perua do Jetta - além da Spacefox. Relançada em junho, a Spacefox é equipada com motor 1.6, direção hidráulica, ar condicionado e porta-mala de 527 litros.
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