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Os 6 passos que levaram a Lupatech para a beira do calote

Empresa afirma que está empenhada em reequilibrar as contas, mas investidores continuam preocupados

Plataforma da Petrobras: planos adiados atingiram a Lupatech (Germano Lüders/EXAME.com)

Plataforma da Petrobras: planos adiados atingiram a Lupatech (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2012 às 12h04.

São Paulo – A Lupatech, maior fornecedoras brasileira de equipamentos para o setor de petróleo, está no centro das preocupações dos investidores desde que divulgou seus números do terceiro trimestre, há duas semanas.

Os analistas não gostaram, em particular, de ver que o caixa da companhia se deteriorou em relação ao segundo trimestre. Nos dias seguintes, aumentaram as especulações de que a Lupatech, também uma das principais fornecedoras da Petrobras, estaria perto de um calote em suas dívidas.

Em particular, os investidores querem saber se a empresa terá condições de saldar 6,8 milhões de dólares em juros referentes a seus bônus perpétuos. O pagamento precisa ser feito em 10 de janeiro, e há quem tema que a Lupatech não tenha caixa para tanto.

Veja, a seguir, os seis passos que conduziram a Lupatech a essa situação:

1. A Lupatech se preparou para grandes encomendas...

Nos últimos anos, a Lupatech manteve um forte programa de investimentos, seja para crescer organicamente, seja por meio de aquisições. Havia dois objetivos nessa estratégia. O primeiro era preparar a empresa para a grande demanda que viria da Petrobras, cujo bilionário programa de investimentos pretende desenvolver o pré-sal.

O segundo era diversificar as áreas de operação da Lupatech, muito concentrada na prestação de serviços e fornecimento de equipamentos para o setor petrolífero. Nos últimos quatro anos, sua base de ativos passou de 1,007 bilhão de reais para 1,54 bilhão, segundo a empresa.


2. ... Para bancar os investimentos, a Lupatech se endividou...

Parte do dinheiro usado nos investimentos veio do lançamento de papéis para investidores. Um exemplo foi a emissão, em julho de 2007, de 200 milhões de dólares em bônus perpétuos (papéis que não tem prazo de vencimento).

Em troca desse dinheiro, a Lupatech se comprometeu a pagar um cupom (juros) de 9,875% ao ano, pago trimestralmente. Uma dessas parcelas, de 6,8 milhões de dólares, vai vencer no próximo dia 10 de janeiro. E é a fonte de preocupações dos investidores.

3. ...Mas nem todos os projetos vieram...

O problema é que a Petrobras, sua principal cliente, adiou uma série de projetos e nem todos os contratos com que a Lupatech contava viraram realidade.

Em 11 de novembro, enquanto a Lupatech realizava uma teleconferência com analistas para explicar os números do terceiro trimestre e tentar acalmar o mercado, a Petrobras jogava mais lenha na fogueira, ao comunicar o adiamento, por dois anos, do plano de declarar a viabilidade comercial do campo de Carioca. Esse era um dos campos do pré-sal para o qual a Lupatech pretendia fornecer equipamentos.

4. ...Sem projetos, a receita caiu...

Não há mágica. Qualquer empresa sabe que, sem projetos não há vendas e, sem isso, não há receita. Os analistas não gostaram nada, por exemplo, de ver a receita líquida do terceiro trimestre recuar 1,9% sobre o segundo trimestre, para 166,069 milhões de reais.

A queda foi causada pelo setor de energia, que concentra suas operações em petróleo. Apesar de responder pela maior parte da receita, 106,450 milhões de reais, a cifra foi 9,5% menor que a de abril a junho.

5. ...Com a receita menor, o caixa também recuou...

Um parâmetro caro aos analistas é a situação de caixa da empresa. E, neste quesito, a luz amarela também acendeu no painel dos analistas. O ebtida (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado do trimestre recuou 27,5% sobre o segundo trimestre, para 20,643 milhões de reais.

Outro item que indica a fase difícil da empresa é a disponibilidade de caixa da Lupatech, que encerrou setembro em 30,918 milhões de reais – uma queda de 49,1% sobre os 60,715 milhões do segundo trimestre.

6. ...O caixa está menor, mas a dívida cresceu.

Algo que chamou a atenção foi o forte aumento das dívidas de curto prazo da companhia (aquelas que vencerão nos próximos 12 meses). Em setembro, esses compromissos representavam 312,8 milhões de reais – um salto de 74% sobre junho.

Já a dívida total cresceu 9,8% na mesma comparação, para 1,255 bilhão de reais. Descontando aquilo que a Lupatech tem em caixa, a dívida líquida somou 1,224 bilhão de reais, ou 13% maior que a da comparação.

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