Funcionário do McDonald's oferece batatas fritas: diante de um cenário econômico mais fraco para o consumo na América Latina e Caribe, a Arcos Dorados colocará o pé no freio (Paulo Pampolin / Hype)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2014 às 07h30.
São Paulo - Apesar do crescimento da receita do McDonald's no Brasil não ter sido "dos melhores" em 2013, o presidente-executivo da Arcos Dorados, maior franquia da rede de fast food no mundo, afirmou que o país será quem menos sentirá a diminuição dos investimentos planejados pela empresa para este ano.
Diante de um cenário econômico mais fraco para o consumo na América Latina e Caribe, a Arcos Dorados colocará o pé no freio: depois de investir 313,5 milhões de dólares em suas operações globais em 2013, a perspectiva é de gastar 200 milhões de dólares neste ano. Já o número de restaurantes novos deve baixar para 90, ante 130 no ano passado.
Em entrevista à Reuters nesta terça-feira, o presidente-executivo da Arcos Dorados, Woods Staton, afirmou que o Brasil é quem será menos afetado pela desaceleração, mesmo tendo sido a região com menor avanço no lucro operacional em 2013, quando considerado o desempenho em moeda corrente.
"Nosso foco para crescimento em novos restaurantes será no Brasil. Quanto aos outros gastos de capital, também temos muito a fazer no país, que é quem menos sentirá qualquer diminuição", disse Staton.
A Arcos Dorados opera em cerca de 20 regiões na América Latina. Além de Brasil, a empresa está presente em países como Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, Uruguai e Venezuela, empregando mais de 90 mil funcionários.
Ainda que a rede tenha visto a receita crescer apenas 2,5 por cento no Brasil em 2013, a 1,8 bilhão de dólares, o executivo afirmou que houve ganho de participação de mercado, mas não deu detalhes.
Segundo dados mais recentes disponibilizados pela Euromonitor, o McDonald's detinha 9,3 por cento do mercado de fast food brasileiro em 2012, contra 3,6 por cento do Habib's e 2,1 por cento do Subway. O Burger King aparece na quinta posição do ranking, atrás do Bob's, com fatia de 1,7 por cento.
BOM, MAS NEM TANTO Staton, nascido na Colômbia e naturalizado argentino, disse que a Copa do Mundo será uma boa oportunidade para o Brasil em termos de visibilidade, mas não necessariamente implicará um boom nas vendas da Arcos Dorados.
Prova das expectativas moderadas com o torneio é que a companhia não mudará a ordem de investimentos em marketing no ano, mantida em 5 por cento das vendas.
"Durante a Copa, muitas pessoas ficam em casa para ver os jogos (...) Existem alguns benefícios com a Copa, especialmente se o Brasil ganhar, mas olhamos mesmo para o longo prazo", afirmou.
Staton considera que o ambiente de consumo brasileiro em 2013 foi "brando" e preferiu evitar comentários sobre a expectativa da Arcos Dorados para o cenário deste ano, afirmando que um ponto positivo do país é o baixo nível de desemprego, que em janeiro ficou em 4,8 por cento.
"Os números do PIB são mais de curto prazo. Claro que nossas vendas dependem muito deles, mas eu também olho para o que está acontecendo com o avanço da classe média", disse.
A Arcos Dorados prevê que a receita total crescerá de 13 a 16 por cento neste ano em uma base orgânica, que exclui efeitos cambiais e itens não recorrentes. Se confirmado, o resultado ficará abaixo do avanço de 16,7 por cento em 2013, quando o faturamento da companhia chegou a 4,03 bilhões de dólares.
RIVAL Em 2013, a empresa abriu 81 lanchonetes no Brasil, passando a somar 812 pontos de venda, enquanto a rival Burger King inaugurou 93 lojas, totalizando 317 unidades. Nos dois casos, os números excluem quiosques de sobremesas e formatos como cafeterias.
Apesar da maior agressividade do Burger King, que tem como sócios os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do 3G Capital, o presidente da Arcos Dorados afirmou que não enxerga a rede rival como uma ameaça à participação de mercado do McDonald's no país.
"Não são expansões comparáveis", disse Staton, acrescentando que a companhia dá prioridade a unidades em edifícios que contam exclusivamente com sua lanchonete, em vez de pontos em shopping centers, por exemplo.
Na opinião de Staton, a estratégia faz com que o McDonald's não dependa excessivamente de dinâmicas e custos associadas ao consumo em centros fechados, ganhando a possibilidade de explorar vendas por drive-thru, por exemplo. No ano passado, 42 inaugurações do McDonald's - ou pouco mais da metade do total - foram desse tipo de loja.