Negócios

Onde o Carrefour patinou neste ano até chegar ao rombo brasileiro

Rombo bilionário no Brasil encerra ano marcado por crise na Europa e venda de ativos

Carrefour: dependência de resultados na Europa prejudicou o grupo

Carrefour: dependência de resultados na Europa prejudicou o grupo

DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 05h00.

São Paulo – O rombo de 1,2 bilhão de reais nas contas da operação brasileira, antecipado pelo blog Primeiro Lugar de EXAME, é apenas o último capítulo de um ano tumultuado para o Carrefour. Uma das maiores redes de varejo do mundo, o grupo francês enfrentou também o desafio de manter as vendas em uma Europa sacudida pela crise e fazer caixa para manter as operações.

Entre janeiro e setembro, a varejista acumula uma receita de 74,497 bilhões de euros, apenas 2,7% maior que a do mesmo período do ano passado. O problema, aqui, é que a Europa responde por 74% desse faturamento. E, como se sabe, é o Velho Mundo que está no centro das preocupações atuais, com os países emparedados pela necessidade de realizar profundos cortes nos gastos públicos para retomar o ritmo de crescimento.

A França, de onde o Carrefour extrai 41% de suas vendas, apresentou um crescimento de apenas 0,8% para a rede neste ano. Já o restante da Europa andou para trás, com uma queda de 2% no faturamento. E é claro que algumas nações que ganharam manchetes negativas no noticiário econômico dos últimos meses lideraram essa queda. A Espanha encolheu 1,8% para o grupo francês; na Itália, as vendas caíram 6,2%; na Grécia, a redução foi de 3,7%. O próprio Carrefour destacou “o ambiente econômico e competitivo persistentemente difícil” dessas regiões.

Ponto para o rival

As dificuldades levaram os principais acionistas a pressionar o Carrefour ao longo do ano. Chegaram a circular rumores de que a operação brasileira seria vendida, o que despertou perplexidade entre os analistas e um desmentido oficial da empresa.

Para fazer caixa e dar uma resposta aos investidores, a rede decidiu se desfazer de suas operações na Tailândia em novembro. O comprador foi sua rival e conterrânea Casino, que, no Brasil, é sócia do Grupo Pão de Açúcar. O negócio foi fechado por 868 milhões de euros, incluindo dívidas.

Este foi o oitavo país do qual o Carrefour saiu nos últimos sete anos. Para justificar a decisão, a rede afirmou que sua perspectiva de crescimento no país não condizia com a estratégia de focar em países onde poderia ocupar a liderança. Somente no terceiro trimestre, a Tailândia havia apresentado um crescimento de 8,1% nas vendas, nas contas do Carrefour.

Para os analistas, trata-se de um tiro no pé do Carrefour. Em vez de lutar para aumentar a produtividade das operações no país, optou por transferi-la para um rival com boa experiência no varejo – e que pode, no final das contas, modernizar as operações e crescer bastante. Afinal, a Ásia é uma das apostas para puxar a economia mundial.

Buraco no Brasil

Em meio à briga para recuperar os resultados, a descoberta de um rombo bilionário de 1,2 bilhão de reais nas contas da unidade brasileira foi um revés e tanto. O próprio presidente da rede, o francês Lars Olofsson, reconhece que houve problemas. “O que aconteceu foi claramente um mau funcionamento”, afirmou ele durante teleconferência com analistas e investidores, segundo a agência Dow Jones.

Somente a revisão das contas brasileiras deve reduzir em cerca de 3 bilhões de euros a estimativa de lucro operacional do grupo. Falhas na contabilidade nunca são bem-vindas. Em um momento como o que o Carrefour atravessa, isso é ainda mais problemático. Justamente o país que poderia tirá-lo do sufoco escreveu o último episódio de um ano complicado. Com certeza, o grupo não sentirá saudades de 2010.

Acompanhe tudo sobre:CarrefourComércioEmpresasEmpresas francesasEuropaPrejuízoSupermercadosVarejo

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia