Exame Logo

Oito companhias aéreas estão sob risco de colapso - duas são brasileiras

O setor de aviação deve queimar cerca de 77 bilhões de dólares em caixa no segundo semestre e associação internacional pede mais apoio dos governos

Gol: aérea está em levantamento feito pela Bloomberg (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 12h00.

De acordo com uma análise da Bloomberg, há oito companhias aéreas mais propensas a terem dificuldades financeiras - e duas delas são brasileiras. Segundo a publicação, companhias aéreas em países em que há pouco suporte dos governos têm um risco maior de ter dificuldades. Veja a lista completa abaixo. O setor de aviação deve queimar cerca de 77 bilhões de dólares em caixa no segundo semestre e a Associação Internacional de Transporte Aéreo pede mais apoio dos governos, ao mesmo tempo em que enfatiza a segurança dos voos.

O levantamento é feito segundo um método chamado "Z-Score", ou pontuação Z, desenvolvida pelo Edward Altman na década de 1960. Esse método usa cinco indicadores para calcular a força de crédito de uma empresa aberta, normalmente na área de manufatura. Uma pontuação abaixo de 1,8 indica que a empresa poderia estar em risco de falência, insolvência ou recuperação judicial em até dois anos. A Gol tem pontuação de - 1,06 e a Azul tem pontuação de 2,04. Segundo a Bloomberg, o método tem uma taxa de acerto de 80% a 90%.

Veja também

A Bloomberg realizou o mesmo levantamento em março, quando o coronavírus começava a se espalhar pela Ásia e Europa e as viagens internacionais estavam sendo largamente canceladas. Entre as 10 empresas aéreas apontadas na ocasião, com exceção de uma todas estavam na Ásia e quatro reestruturaram suas finanças de alguma forma. Agora, as empresas com o maior risco de crédito estão mais espalhadas pelo globo. Aéreas na África e na América Latina estão mais presentes na lista.

Segundo a Bloomberg, a Azul e a AirAsia Group se recusaram a comentar e a Gol, Medview Airlines, Precision Air Services e Grupo Aeromexico não responderam imediatamente a pedidos de comentários da publicação. Já a Thai Airways International disse que deve divulgar uma proposta de reestruturação até o final do ano e que pretende cumprir compromissos com credores.

A Pakistan International Airlines disse que os dados não refletem a realidade e que tem gerenciado os riscos e recursos. A AirAsia X BHD está reestruturando mais de 15 bilhões de dólares em dívidas e o futuro da estatal Malaysia Airlines continua incerto e é improvável que o governo ajude a empresa, diz a Bloomberg.

Companhias aéreas na América Latina

Na América Latina, as empresas estão buscando novas opções de empréstimos e renegociando dívidas com seus credores. O grupo Aeromexico recebeu no ano passado recebeu um empréstimo de 1 bilhão de dólares e a colombiana Avianca Holdings, em recuperação judicial, teve um empréstimo de 2 bilhões de dólares aprovado para pagar suas dívidas.A Latam Airlines está em recuperação judicial nos Estados Unidos e, em setembro, assinou um acordo de empréstimo no valor de 2,45 bilhões de dólares. A Latam também é a primeira companhia no Brasil a negociar uma redução permanente de salários.

A Azul pediu registro para a oferta de 1,6 bilhão de reais em debêntures conversíveis em ações preferenciais. Os recursos serão usados para capital de giro, expansão da atividade de logística e outras oportunidades estratégicas, afirmou a companhia aérea nesta segunda-feira. Em setembro, a Azul recebeu uma proposta para receber uma linha de financiamento do BNDES desenvolvida para o setor por causa da pandemia da covid-19, para captar no mínimo 2 bilhões de reais e diluir seu capital em até 15%. Além disso, a brasileira teve aumento de caixa de cerca 700 mil reais por dia no terceiro trimestre, o que colaborou para manter sua posição de liquidez financeira diante da crise gerada pelos efeitos da covid-19, diz a empresa.

Já a Gol, que estava sofrendo pressão por conta de um pagamento para a Delta, comunicou o mercado ao final de agosto que quitou a dívida com a ajuda da companhia norte-americana.

"Muitos governos fizeram um bom trabalho ao suportar financeiramente os empregos na área de aviação", disse o diretor da Air Transport Association, Alexandre de Juniac, em entrevista para a Bloomberg. "Onde isso não aconteceu, por exemplo na América Latina, vemos falências. As aéreas continuam queimando caixa e é esperado que isso persista até o ano que vem. Sem uma segunda rodada de ajuda financeira, muitas aeronaves não devem sobreviver ao inverno", afirmou ele, em referência à estação no final do ano no hemisfério norte.

Companhia aérea PaísPontuação Z-Score
Pakistan InternationalPaquistão-6,83
Precision AirTanzânia-4,22
AzulBrasil-2,04
Medview AirlinesNigeria-1,73
AirAsia IndonesiaIndonesia-1,41
Thai AirwaysTailândia-1,08
Gol Linhas AéreasBrasil-1,06
Grupo AeromexicoMéxico-1,03

 

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoAviõesAzulcompanhias-aereasGol Linhas AéreasLatam

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame