Odebrecht quer votar plano de recuperação no dia 14
Essa foi a nova data que a empresa propôs na assembleia geral de credores (AGC) realizada hoje, virtualmente
Janaína Ribeiro
Publicado em 31 de março de 2020 às 21h10.
Última atualização em 31 de março de 2020 às 22h01.
A Odebrecht vai tentar votar o plano de recuperação judicial, para reorganizar 55 bilhões de reais em compromissos, no dia 14 de abril. Essa foi a nova data que a empresa propôs na assembleia geral de credores (AGC) realizada hoje, após o desembargador Alexandre Lazzarini, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ter determinado ontem que este encontro não poderia deliberar sobre o plano proposto, atualizado na semana passada. No entendimento de Lazzarini, os credores necessitam de, pelo menos, mais 20 dias para compreender a sugestão da companhia.
A estratégia da empresa, então, foi colocar em votação uma proposta para retomar as decisões em assembleia no dia 14, se a Justiça assim permitir, ou então no dia 22.
O grupo tem 20 companhias em processo de recuperação. Desse total, 13 aprovaram que a votação seja retomada no dia 14, com aprovação acima de 58% no valor dos créditos e de acima de 80% dos credores participantes. Nesse grupo estão as principais holdings, a Odebrecht S.A. (ODB), Kieppe e ODBInv, entre outras. As demais sete optaram por votar o assunto apenas no dia 22. Dessa minoria, a Caixa é a principal credora e definidora dos resultados de cinco das sociedades.
As assembleias de hoje ocorreram todas virtualmente, por meio da plataforma ClickMeeting. O encontro teve início às 13 horas e seguiu por horas, até o início da noite desta terça-feira. O sistema funcionou continuamente na maior parte do tempo e sofreu apenas uma interrupção. “A experiência permitiu testar na prática o sistema e ver que tudo funcionou muito bem e, até mesmo, com maior organização”, comentou Eduardo Munhoz, advogado da Odebrecht que conduz o processo.
A Odebrecht tem 34 bilhões de reais em dívidas com os principais bancos brasileiros — Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil, BNDES e Caixa. A instituição federal presidida por Pedro Guimarães tem sido a mais contestadora no processo, uma vez que não participou do processo de negociação do plano proposto pela empresa.
Os demais cinco bancos definiram, junto com a Odebrecht, qual o encaminhamento para as dívidas, em acordo selado na semana do dia 16. Além de ser o grupo com maior volume de créditos, as instituições têm como garantia as ações que a Odebrecht possui na Braskem — o controle da petroquímica, equivalente a uma fatia de 38% do capital total.
Desde a crise no negócio, instalada após a Operação Lava-Jato, a Braskem tornou-se a joia da coroa, pois a construtora enfrenta uma dupla crise, com a paralisação das obras de infraestrutura no país e o desafio da reputação, afetada pelo maior escândalo de corrupção da história do Brasil.
Em 17 de junho do ano passado, a Odebrecht levou à Justiça o pedido de proteção contra credores, com 98 bilhões de reais em vencimentos. Desse total, 33 bilhões de reais são dívidas entre as empresas dentro do próprio grupo e 10 bilhões reais são compromissos relacionados a seguros de execução de obras, mas que foram retirados do processo.