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Odebrecht nega irregularidades no Peru

A construtura assegurou que emitirá dívida antes do final do ano

Sede da Odebrecht, em São Paulo: a construtura assegurou que emitirá dívida antes do final do ano (REUTERS/Rodrigo Paiva)
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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2015 às 10h46.

A Odebrecht negou ter cometido irregularidades no Peru para ganhar concessão de obras e de colaborar economicamente com a campanha do presidente Ollanta Humala. A construtura assegurou que emitirá dívida antes do final do ano.

Em entrevista à AFP, Jorge Barata, diretor executivo da Odebrecht Latinvest - braço de investimentos da empresa na América Latina - refutou as acusações feitas por um delator ao procurador que investiga por lavagem de dinheiro a primeira-dama do Peru Nadine Heredia, que também é presidente do Partido Nacionalista, que governa o país.

Em seu testemunho, revelado no domingo pelo programa de TV Quarto Poder, o informante, que teve a identidade preservada, garantiu que Barata entregou 400.000 dólares em 2006 para a campanha eleitoral do então candidato à presidência Ollanta Humala.

O dinheiro não foi declarado às autoridades eleitorais, segundo a denúncia jornalística.

"A afirmação do ex-postulante a colaborador eficaz, mencionada pelo programa de televisão, é falsa e a desmentimos imediatamente. A Odebrecht não fez nenhum aporte ao Partido Nacionalista, nem diretamente nem através de terceiros vinculados ao mesmo", disse Barata à AFP.

O presidente Humala também nega que essa operação tenha existido.

Um procurador peruano reabriu neste ano uma investigação contra Heredia - arquivada em 2011 - por suposta lavagem de dinheiro, pois não teria declarado uma quantia de 215.000 dólares entre 2005 e 2009, período em que Humala recebeu financiamento de empresas venezuelanas. O governante peruano descartou qualquer ilegalidade.

Um tribunal de justiça ordenou que o procurador arquivasse novamente a investigação. Contudo, o Congresso, onde o governo não tem maioria, recomendou que Heredia sofresse uma investigação fiscal pelo assunto.

Tudo isso acontece em um ano convulsionado anterior às eleições presidenciais, marcado por um forte ruído político e uma queda da aprovação presidencial.

"Infelizmente é comum no contexto político atual no Peru, que o debate pré-eleitoral tome um caminho pouco produtivo para o país, ainda mais quando pode prejudicar a reputação de terceiros”, acrescentou Barata.

Ele admitiu ter participado de reuniões, não só com Heredia e Humala, mas com todos os candidatos presidenciais em anos anteriores, em época eleitoral, para conhecer seus pontos de vista sobre investimentos.

"Nós empresários não podemos tomar decisões sem entender o que os políticos têm em mente", acrescentou.

Casos no Peru

A Odebrecht passa por um momento complicado. No Brasil, o presidente e alguns diretores estão presos, envolvidos em uma rede de subornos em troca de contratos da Petrobras. A empresa considera as prisões ilegais, executadas sem provas.

No Peru, com base nas denúncias da Lava Jato, foi sugerido que as empresas brasileiras ganhadoras de obras, entre elas a Odebrecht, poderiam ter pago suborno para conseguir as concessões.

"Tentam migrar o problema do Brasil, da Petrobras. Dizem, se tem no Brasil, por que não no Peru?. Especulam e querem encontrar uma semelhança", disse Barata.

A procuradoria peruana coleta informação para uma possível investigação. A Odebrecht assegura que não recebeu nenhum requerimento até o momento.

Na mira está a rodovia Interoceânica, que une a costa do Pacífico com o Atlântico. No Peru, seu orçamento inicial era de 800 milhões de dólares e terminou em 2 bilhões de custos extras.

A Odebrecht explica que participou em dois dos cinco trechos da rodovia, ao lado de empresas locais, com 19% do total. Detalha que quase todos os custos extras da sua parte na obra foram solicitados pelas autoridades, e que a Controladoria e o Congresso descartaram ilegalidades.

"Fizemos 65 obras no Peru. Ganhamos todas as licitações por meio de uma licitação (...) Não temos nenhuma dúvida que, se fosse para entrar em um processo que não fosse correto e transparente, não participaríamos", acrescentou.

Emissão da dívida

A empresa também tem sido prejudicada pela recessão brasileira. Nesse contexto, a Odebrecht Latinvest teve um atraso de três meses em seus planos de emissão da dívida para um de seus projetos mais ambiciosos no país: o Gasoduto sul-peruano, avaliado em 7,3 bilhões de dólares, para o transporte de gás desde o centro-sul do país em direção à costa.

A obra está avançada em 24% e espera-se ter investido 1,7 bilhão de dólares no final de 2015. Barata espera concretizar a emissão da dívida por cerca de 4,124 bilhões de dólares até o fim do ano, com 14 bancos para financiar parte do trabalho. "Acreditamos que neste ano tudo deva estar resolvido", afirmou.

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Em entrevista à AFP, Jorge Barata, diretor executivo da Odebrecht Latinvest - braço de investimentos da empresa na América Latina - refutou as acusações feitas por um delator ao procurador que investiga por lavagem de dinheiro a primeira-dama do Peru Nadine Heredia, que também é presidente do Partido Nacionalista, que governa o país.

Em seu testemunho, revelado no domingo pelo programa de TV Quarto Poder, o informante, que teve a identidade preservada, garantiu que Barata entregou 400.000 dólares em 2006 para a campanha eleitoral do então candidato à presidência Ollanta Humala.

O dinheiro não foi declarado às autoridades eleitorais, segundo a denúncia jornalística.

"A afirmação do ex-postulante a colaborador eficaz, mencionada pelo programa de televisão, é falsa e a desmentimos imediatamente. A Odebrecht não fez nenhum aporte ao Partido Nacionalista, nem diretamente nem através de terceiros vinculados ao mesmo", disse Barata à AFP.

O presidente Humala também nega que essa operação tenha existido.

Um procurador peruano reabriu neste ano uma investigação contra Heredia - arquivada em 2011 - por suposta lavagem de dinheiro, pois não teria declarado uma quantia de 215.000 dólares entre 2005 e 2009, período em que Humala recebeu financiamento de empresas venezuelanas. O governante peruano descartou qualquer ilegalidade.

Um tribunal de justiça ordenou que o procurador arquivasse novamente a investigação. Contudo, o Congresso, onde o governo não tem maioria, recomendou que Heredia sofresse uma investigação fiscal pelo assunto.

Tudo isso acontece em um ano convulsionado anterior às eleições presidenciais, marcado por um forte ruído político e uma queda da aprovação presidencial.

"Infelizmente é comum no contexto político atual no Peru, que o debate pré-eleitoral tome um caminho pouco produtivo para o país, ainda mais quando pode prejudicar a reputação de terceiros”, acrescentou Barata.

Ele admitiu ter participado de reuniões, não só com Heredia e Humala, mas com todos os candidatos presidenciais em anos anteriores, em época eleitoral, para conhecer seus pontos de vista sobre investimentos.

"Nós empresários não podemos tomar decisões sem entender o que os políticos têm em mente", acrescentou.

Casos no Peru

A Odebrecht passa por um momento complicado. No Brasil, o presidente e alguns diretores estão presos, envolvidos em uma rede de subornos em troca de contratos da Petrobras. A empresa considera as prisões ilegais, executadas sem provas.

No Peru, com base nas denúncias da Lava Jato, foi sugerido que as empresas brasileiras ganhadoras de obras, entre elas a Odebrecht, poderiam ter pago suborno para conseguir as concessões.

"Tentam migrar o problema do Brasil, da Petrobras. Dizem, se tem no Brasil, por que não no Peru?. Especulam e querem encontrar uma semelhança", disse Barata.

A procuradoria peruana coleta informação para uma possível investigação. A Odebrecht assegura que não recebeu nenhum requerimento até o momento.

Na mira está a rodovia Interoceânica, que une a costa do Pacífico com o Atlântico. No Peru, seu orçamento inicial era de 800 milhões de dólares e terminou em 2 bilhões de custos extras.

A Odebrecht explica que participou em dois dos cinco trechos da rodovia, ao lado de empresas locais, com 19% do total. Detalha que quase todos os custos extras da sua parte na obra foram solicitados pelas autoridades, e que a Controladoria e o Congresso descartaram ilegalidades.

"Fizemos 65 obras no Peru. Ganhamos todas as licitações por meio de uma licitação (...) Não temos nenhuma dúvida que, se fosse para entrar em um processo que não fosse correto e transparente, não participaríamos", acrescentou.

Emissão da dívida

A empresa também tem sido prejudicada pela recessão brasileira. Nesse contexto, a Odebrecht Latinvest teve um atraso de três meses em seus planos de emissão da dívida para um de seus projetos mais ambiciosos no país: o Gasoduto sul-peruano, avaliado em 7,3 bilhões de dólares, para o transporte de gás desde o centro-sul do país em direção à costa.

A obra está avançada em 24% e espera-se ter investido 1,7 bilhão de dólares no final de 2015. Barata espera concretizar a emissão da dívida por cerca de 4,124 bilhões de dólares até o fim do ano, com 14 bancos para financiar parte do trabalho. "Acreditamos que neste ano tudo deva estar resolvido", afirmou.

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