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Odebrecht e Cemig divergem sobre oferta chinesa por usina

Envolvida em uma enorme crise desde que foi atingida pelas investigações da Lava Jato, a Odebrecht está ansiosa para vender sua fatia na usina

Usina: a Cemig tem travado o negócio por não concordar com o valor oferecido (./Divulgação)

Usina: a Cemig tem travado o negócio por não concordar com o valor oferecido (./Divulgação)

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Reuters

Publicado em 27 de julho de 2017 às 17h35.

São Paulo - A estatal mineira Cemig e a empreiteira Odebrecht têm se desentendido sobre uma oferta apresentada pela chinesa State Power Investment Corp. (SPIC) para aquisição da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, onde ambas empresas são sócias, disseram à Reuters três fontes próximas ao assunto.

Envolvida em uma enorme crise financeira desde que foi atingida pelas investigações da Operação Lava Jato, a Odebrecht está ansiosa para vender sua fatia na usina, mas a Cemig tem travado o negócio por não concordar com o valor oferecido, disseram as fontes.

Uma primeira oferta da SPIC aos minoritários da usina já havia sido dispensada pela Cemig, mas uma segunda proposta feita no final de junho segue insatisfatória para os mineiros.

O aval dos mineiros é crucial para a operação, porque os chineses querem ser controladores, e a Odebrecht possui apenas cerca de 18 por cento do negócio.

Um dos problemas é que a proposta da SPIC avalia Santo Antônio por um valor bem menor do que o pago pela Cemig por parte da fatia da Andrade Gutierrez no empreendimento em 2014.

"Tem uma dificuldade, porque a Odebrecht aceita vender por um preço, mas a Cemig não quer aceitar porque pagou mais caro pelo ativo. Isso cria um certo impasse", disse uma das fontes, sob a condição de anonimato.

Orçada em 20 bilhões de reais, Santo Antônio já está completamente em operação e é uma das maiores usinas do Brasil, com cerca de 3,5 gigawatts em capacidade instalada.

O empreendimento tem como sócios a estatal Eletrobras, além de Cemig, Odebrecht, FIP Caixa Amazônia Energia e SAAG Investimentos, uma empresa de participações onde Cemig e Andrade e Gutierrez são sócias.

A Cemig e a Odebrecht têm capitaneado as conversas para vender a usina, enquanto a Eletrobras tem dito que vai aguardar essas negociações e poderá eventualmente acompanhar os demais sócios na venda.

Tanto Cemig quanto Eletrobras anunciaram grandes planos de desinvestimentos que incluem a previsão de venda de Santo Antônio e outros ativos para reduzir seus níveis de envididamento.

Briga interna

Uma fonte próxima às negociações da Cemig disse que a transação tem gerado desentendimentos na cúpula da empresa, com parte dos acionistas favorável à venda da hidrelétrica e outros em busca de uma oferta melhor pelo ativo.

A fonte disse que a oposição à venda neste momento é comandada pela Andrade Gutierrez, que é sócia da Cemig e controla a diretoria responsável pelas fusões e aquisições da companhia.

"Eles falam que o preço é insuficiente para vender o ativo", afirmou.

As fontes não citaram valores envolvidos nas negociações.

Segundo duas das fontes, a avaliação sobre o valor de Santo Antônio tem sido impactada por diversos fatores, como uma discussão judicial sobre a produtividade da usina.

Em junho, uma avaliação da Aneel apontou que a usina tem "desempenho insatisfatório", com uma geração média entre 2013 e fevereiro de 2017 que representa apenas 42,3 por cento da garantia física, que é o montante de eletricidade que a usina pode comercializar no mercado.

"A questão do valor (ofertado pela usina) ser baixo tem muito a ver com os passivos regulatórios, são um problema importante", disse a primeira fonte.

Executivos da Cemig disseram em teleconferência no início de julho que a companhia estava "muito próxima" de vender sua fatia em Santo Antônio, mas desde então a companhia não comentou mais o negócio.

Procuradas, Cemig, Eletrobras, Caixa e Andrade Gutierrez disseram que não iriam comentar o assunto. A Odebrecht disse apenas que "seguem as negociações" pela venda da usina.

A Santo Antônio Energia, que reúne os sócios da hidrelétrica, não comentou a avaliação da Aneel sobre sua performance e disse que não acompanha as negociações dos sócios. Não foi possível contatar representantes da SPIC.

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