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Odebrecht cobrou 16% menos que 2º colocado no leilão do rio Madeira

Vencedores pediram 78,90 reais por MWh, enquanto consórcio da Camargo Corrêa ofereceu 94 reais e Suez-Eletrosul, 98 reais

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O consórcio liderado por Odebrecht e Furnas venceu o leilão da usina de Santo Antônio com uma proposta 16,1% menor que a do segundo colocado. A Agência Nacional de Energia Elétrica divulgou hoje que a proposta vencedora do consórcio prevê a cobrança de 78,90 reais por MWh. As demais ofertas não foram divulgadas, mas o Portal EXAME apurou que o segundo menor lance foi apresentado pelo consórcio formado por Camargo Corrêa, CPFL Energia, Endesa e Chesf, de 94 reais. A maior tarifa foi oferecida pelo consórcio formado pela francesa Suez e a Eletrosul, de 98 reais por MWh.

A Aneel havia estabelecido um preço máximo de 122 reais por MWh para a energia produzida em Santo Antônio. Venceria o leilão quem apresentasse o maior deságio em relação a esse valor. Os participantes do leilão ficaram em salas isoladas e não podiam ter contato com executivos de outras empresas. Caso houvesse uma diferença inferior a 5% entre as duas menores ofertas, o leilão teria uma segunda fase.

No entanto, a proposta de Odebrecht-Furnas foi 35% inferior ao preço máximo e 16,1% menor que o segundo colocado. O consórcio teria vencido o leilão na primeira fase mesmo que tivesse cobrado até 89 reais por MWh. Especialistas ouvidos pelo Portal EXAME acreditam que o preço oferecido foi muito baixo para a expectativa de retorno do investimento. Prova disso é que as ações das principais geradoras de energia brasileira registram queda hoje na Bovespa.

A tarifa de 78,90 reais refere-se ao mercado cativo, que receberá 70% da energia produzida em Santo Antônio. Nesse mercado estão os consumidores residenciais e também a maioria das empresas, que recebem a energia por meio de distribuidoras. No entanto, grandes companhias também podem contratar a energia que utilizam diretamente das geradoras, no mercado livre. Especialistas acreditam que o consórcio Odebrecht-Furnas conseguiu oferecer uma tarifa mais baixa no leilão por ter negociado melhor que seus concorrentes o preço da energia que será direcionada ao mercado livre. Nesse mercado, a energia custa hoje entre 140 reais e 150 reais por MWh. Haveria, portanto, bastante espaço para compensar parte do deságio oferecido no mercado cativo, mantido o atual patamar.

Além disso, o consórcio Odebrecht-Furnas foi responsável pela elaboração do estudo de impacto ambiental das usinas do rio Madeira. Há anos as duas empresas se preparam para o leilão e tiveram melhores condições para planejar e fechar contratos com os fornecedores de máquinas e equipamentos necessários para sua construção - o que poderia reduzir os custos.

No primeiro semestre de 2008, o governo planeja leiloar a usina de Jirau, também no rio Madeira. É provável que os três consórcios participantes no leilão de hoje voltem a apresentar lances no próximo. O preço da energia e o custo da obra também devem ser semelhantes, segundo avalia o próprio governo.

As possíveis sinergias que dariam vantagem aos vencedores do leilão de hoje levarem também o próximo são relativas. Apesar de o custo de montar uma estrutura em Rondônia poder ser diluído em duas obras, o investimento em ambas é muito alto e eleva o risco do negócio. Além disso, o Portal EXAME apurou que os dois consórcios perdedores planejam ser mais agressivos no próximo leilão.

Uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a usina de Santo Antônio deve custar cerca de 10 bilhões de reais e terá capacidade para gerar 3.150 MW quando atingir sua capacidade máxima. A usina começa a operar parcialmente em 2012 e terá um total de 44 turbinas. O consórcio vencedor é formado por Odebrecht (17,6%), Furnas (39%), Construtora Norberto Odebrecht (1%), Andrade Gutierrez (12,4%), Cemig (10%) e um fundo formado por Banif e Santander (20%).

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