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O resultado da gigante Nestlé e sua estratégia para não ficar para trás

Empresa tem tido bons resultados, devido a movimento global para ampliar margens e acelerar mudanças internas

Fábrica da Nestlé em Caçapava, São Paulo: produção com robôs inteligentes  (Germano Lüders/Exame)

Fábrica da Nestlé em Caçapava, São Paulo: produção com robôs inteligentes (Germano Lüders/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 18 de fevereiro de 2021 às 06h15.

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A Nestlé, maior fabricante de alimentos no mundo, anunciou na madrugada desta quinta-feira, 18, os resultados financeiros de 2020. Os números mostraram um efeito positivo da pandemia sobre os negócios. As vendas da companhia cresceram no ritmo mais rápdio em cinco anos graças ao apetite reforçado de consumidores presos em casa por causa da quarentena.

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As vendas em 2020 tiveram um crescimento orgânico (indicador que exclui variações cambiais do cálculo) de 3,6%, para um total de 84 bilhões de francos suíços - algo como 93 bilhões de dólares na cotação de hoje.

É um resultado acima da previsão original da empresa e de analistas, que era de "ao redor de 3%". É também acima do resultado obtido por concorrentes como a Unilever no período, cujo crescimento foi de 1,9%.

Por trás do bom resultado, segundo a companhia, está um crescimento expressivo das vendas nas Américas e no Oriente Médio. Por categoria, a maior fonte de expansão de receitas no período veio de marcas altamente demandadas por consumidores presos em casa, como a linha de comida para pets Purina, a de cafés e de farináceos como pães e bolos prontos.

As expectativas já eram positivas antes mesmo da divulgação dos resultados. A Nestlé tem conseguido manter bom crescimento nas vendas no ano, sendo que os números do terceiro trimestre de 2020 superaram as expectativas, chegando a 4,9% de crescimento orgânico.

O resultado até aqui foi puxado principalmente pelas vendas de café, produtos com foco em saúde e alimento para pets. A meta da empresa é crescer 3% em vendas orgânicas em 2020, um número conservador, de acordo com analistas.  Em 2019, o faturamento foi de 92,6 bilhões de francos suíços.

Os bons resultados se devem a um movimento intensificado na empresa com a chegada do presidente global Mark Schneider, que assumiu o comando da Nestlé em 2017. Desde então, a companhia vem trabalhando nos últimos anos para ampliar suas margens e acelerar mudanças e aquisições. De lá para cá, a margem de lucro foi de 8% para 13,6%.

O campo das aquisições também ficou mais dinâmico. Só no final do ano passado, a Nestlé comprou a empresa americana de comidas prontas Freshly, por 950 milhões de dólares, e também uma fatia da britânica Mind­ful Chef, que vende refeições congeladas. Ambas as empresas são focadas em alimentação saudável e vendem direto ao consumidor.

Em entrevista recente, Schneider afirmou que o segmento de saúde e nutrição “será um dos principais vetores de crescimento da companhia”. Outros segmentos que têm ganhado força são os de produtos para pets e itens com foco em saúde.

No Brasil, seu quarto maior mercado, a Nestlé tem investido em tecnologia. Nos últimos três anos, investiu mais de 2 bilhões de reais no país, em especial em modernização e ampliação de linhas nas fábricas. Em 2021, os investimentos chegarão a 900 milhões de reais, sendo 300 milhões para automação e modernização das fábricas.

Também acelerou projetos para estar mais perto do consumidor final, como o Empório Nestlé online, e-commerce da marca, e a plataforma Vem de Bolo, um serviço especializado de confeitaria feito em parceria com boleiras cadastradas. Com isso, a Nestlé ganha experiência na venda direta ao consumidor e conhece melhor o comportamento do cliente.

São todos esforços para que a companhia, com mais de 100 anos de história, não fique para trás em um mercado que muda cada vez mais rápido. Os resultados de hoje vão reforçar se a Nestlé escolheu o melhor caminho.

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