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O que levou a Johnson & Johnson a fazer o recall do CEO

Após 25 recalls de medicamentos em três anos e perdas de US$ 1 bilhão com o problema, companhia muda presidente para tentar melhorar reputação

Tylenol: recall do medicamento foi estopim para troca de comando da J&J (Getty Images)

Tylenol: recall do medicamento foi estopim para troca de comando da J&J (Getty Images)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 18 de fevereiro de 2013 às 17h54.

São Paulo - De 2009 para cá, a Johnson & Johnson (J&J) anunciou 25 recalls em seus medicamentos. Apenas essas operações foram responsáveis por um prejuízo de cerca de 1 bilhão de dólares. O último foi o Tylenol para bebês em mais de 570.000 frascos. Divulgado nesta semana, foi o estopim para que a companhia tomasse uma providência mais radical e decidisse trocar seu CEO , William Weldon.

A decisão tem a ver com a perda de reputação da companhia, que nos últimos três anos foi afetada pelos inúmeros problemas ligados à qualidade em alguns de seus remédios. Para se ter uma ideia, a J&J chegou a ocupar a segunda posição entre as empresas mais respeitadas dos Estados Unidos, de acordo com pesquisa realizada pela consultoria Harris Interactive, e hoje passou para a sétima posição.

William Weldon, CEO da companhia desde 2002, será substituído por um veterano da casa, Alex Gorsky, que desde o ano passado está no cargo de vice-presidente da empresa.  Além de tentar recuperar a credibilidade da J&J diante dos consumidores, o novo executivo terá que driblar outros obstáculos que estão no caminho da companhia.

A disputa de mercado com medicamentos  genéricos é outra dificuldade que o novo presidente da J&J terá que enfrentar daqui para frente. Estimativas indicam que, só com a perda de patentes de dois medicamentos, a companhia tenha deixado faturar 5,7 bilhões de dólares em todo o mundo nos últimos dois anos.

Diversificação

Além das dificuldades com o setor de medicamentos, a exploração de novos mercados é outro desafio que estará nas mãos de Gorsky, a partir de abril deste ano, quando ele de fato assume o posto de CEO. O segmento de dispositivos médicos, por exemplo, cujas vendas foram prejudicadas pela crise econômica, anda à deriva na companhia e precisa ser recuperado.     

Neste sentindo, Gorsky, desde o ano passado, já é responsável por algumas apostas de peso da companhia. É creditado a ele, por exemplo, a negociação de uma das maiores fusões já anunciadas pela empresa: a compra da Synthes, empresa de dispositivos médicos, por 21,3 bilhões de dólares, fechada em abril de 2011. 

Gorsky está na J&J desde 1988 e já ocupou diversos cargos de liderança.  Por meio de comunicado divulgado pela companhia, o novo chefe  está muito lisonjeado com a indicação, porém reconhece que os desafios que terá pela frente são grandes e de difíceis proporções. Mas com um salário anual de 1,2 milhão de dólares,  no entanto, ele está disposto a dar conta do recado.

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