Carlos Slim: a Elementia SAB, que pertence a Carlos Slim e a Antonio del Valle Ruiz, planeja arrecadar cerca de 4,5 bilhões de pesos mexicanos (US$ 290 milhões) (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2015 às 21h29.
Um dos homens é o mais rico do México. Seu parceiro, outro bilionário, forneceu os melhores retornos acionários do país nos nove anos em que presidiu o conselho de uma companhia de produtos químicos.
Juntos, eles conseguem até que uma empresa de cimento pareça glamorosa.
A Elementia SAB, que pertence a Carlos Slim e a Antonio del Valle Ruiz, planeja arrecadar cerca de 4,5 bilhões de pesos mexicanos (US$ 290 milhões) quando abrir o capital no dia 9 de julho.
Os dois homens pretendem utilizar o arrecadado com a venda de ações para adquirir rivais de menor porte e fortalecer a concorrente da Cemex SAB, a maior fabricante de cimento do hemisfério ocidental.
Essa será a primeira abertura de capital no setor de cimento do México em pelo menos quinze anos e também será a primeira vez em que os traders poderão investir junto com os dois bilionários em uma única ação.
Slim, que acumulou uma fortuna de US$ 68 bilhões nas telecomunicações, não abre o capital de uma de suas empresas desde o IPO da rede de restaurantes Grupo Sanborns SAB em 2013. Sob o comando de Del Valle, a Mexichem SAB obteve um retorno acionário de 76 vezes de 2002 a 2011.
“Individualmente, os dois são bem reconhecidos no mercado”, disse Fernando Bolaños, analista da Monex, em entrevista por telefone. “Eles não são amadores”.
As raízes da Elementia, que também produz metais, plástico e materiais de construção, remontam a 1932 e a uma empresa chamada Eureka México. Ela é a quinta maior fabricante de cimento do México.
‘Longa história’
Del Valle controla 51 por cento, e Slim é dono de 49 por cento.
“Contamos com o apoio de nossos principais acionistas”, diz o último fato relevante da Elementia, publicado em 25 de junho. “Eles têm um longo histórico de criação de valor em diversas áreas geográficas e setores”.
Representantes da companhia controladora de Del Valle, a Grupo Kaluz, que supervisiona a Elementia, e da Grupo Carso não deram retorno imediato a pedidos de comentário.
A Elementia, com sede na Cidade do México, disse em um fato relevante que investirá cerca de US$ 250 milhões do montante arrecadado na abertura nos próximos três anos, principalmente para aumentar a produção de cimento; entre os planos do projeto, há uma reforma da usina de Tula, ao norte da Cidade do México.
A expansão “aumentará nossa capacidade total de produção para 3,5 milhões de toneladas anuais” até 2017, diz o fato relevante de 25 de junho.
A empresa planeja utilizar cerca de US$ 45 milhões para pagar a última parcela da aquisição dos 47 por cento da Cementos Fortaleza que ainda não eram seus à Lafarge SA, com sede em Paris. A compra, efetuada por US$ 225 milhões, foi anunciada no ano passado.
A Fortaleza, conhecida por ser patrocinadora da luta livre profissional mexicana, agora é a principal divisão de cimento da Elementia.
Novas fábricas
A Fortaleza consideraria adquirir empresas de cimento pequenas e médias, segundo uma entrevista feita em maio a Juan Francisco Sánchez Kramer, diretor de fusões e aquisições e de relações com investidores do Grupo Kaluz, em nome da unidade.
A companhia também poderia tentar construir algumas fábricas novas, disse Kramer.
Quando Del Valle, 77, dirigia a Mexichem, a empresa de produtos petroquímicos que é a maior fabricante de canos de plástico da América Latina, ele utilizou aquisições para incrementar a receita. Cinco delas foram realizadas em 2010.
“Faz sentido que a Elementia queira se expandir”, disse Sonia Baldeira, analista da Bloomberg Intelligence, em entrevista por telefone, de Londres.
“O jogo se resume a acumular mais carteira e capacidade. Há espaço no mercado para ter sucesso, embora a concorrência seja feroz”.