Negócios

O outro rei da Suécia

O governo brasileiro terá um belo trabalho para pechinchar a compra dos novos caças da Força Aérea. Principalmente se os outros consórcios que disputam a venda tiverem negociadores como o sueco Peter Wallenberg. O executivo de 76 anos veio ao Brasil em junho, cheio de disposição para vender ao presidente Fernando Henrique seu peixe, o […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O governo brasileiro terá um belo trabalho para pechinchar a compra dos novos caças da Força Aérea. Principalmente se os outros consórcios que disputam a venda tiverem negociadores como o sueco Peter Wallenberg. O executivo de 76 anos veio ao Brasil em junho, cheio de disposição para vender ao presidente Fernando Henrique seu peixe, o caça JAS39, da Gripen.

Peter é o patriarca do clã Wallenberg, controlador da Investor, empresa criada em 1916 que manda em meia Suécia -- a expressão não é muito exagerada. Nos anos 90, a Investor chegou a deter 40% do valor de mercado listado na bolsa de Estocolmo. Hoje, são 12 bilhões de dólares em participações em companhias como Ericsson, Electrolux, Scania, Saab (dona de metade da Gripen), ABB, AstraZeneca, Volvo e Syngenta. O sobrinho de Peter, Marcus, é o atual executivo-chefe.

Em uma conversa, durante a qual fumou com gosto, Wallenberg exibiu um pouco do que se aprende em meio século de trabalho na indústria e em finanças. Num momento, é um senhor idoso impressionado com a velocidade das mudanças no mundo dos negócios. No outro, ri da cara do interlocutor, que não acompanha seu raciocínio:

EXPORTAR MAIS

"Nós nos preocupamos em exportar a partir de vários lugares, não somente da Suécia. E exportamos para o mundo todo, mesmo para mercados em amadurecimento. A Scania, por exemplo, exporta daqui para Angola. Conseguimos que o Brasil se tornasse fornecedor exclusivo deles."

SOBREVIVER NO NOVO AMBIENTE GLOBAL

"Você precisa ser sempre capaz de mudar a rota e a estrutura de custos. Você é capaz de remover grandes pedaços de sua empresa? Você pode ter de fazer isso em tempos ruins -- e rápido. Se esperar, pode estar morto."

INVESTIR NO BRASIL

"O primeiro investimento industrial sueco no Brasil foi da Ericsson, no século 19. Hoje, São Paulo é a maior cidade industrial sueca do mundo, em funcionários. A StoraEnso estuda com a Aracruz a construção da maior linha de produção de celulose do mundo. (A fábrica poderá ser erguida em Eunápolis, no sul da Bahia. A Investor tem 23% dos votos na produtora de papel StoraEnso -- a companhia mais antiga do mundo, criada no século 1.)"

A CONCORRÊNCIA DOS CAÇAS

O que faremos no Brasil, se o caça escolhido for o JAS39, dependerá de um estudo. Mas o governo brasileiro tem algo mais a considerar nessa escolha (leia mais no Portal EXAME, exame.com.br). Não se trata só de obter vantagens em produção industrial, mas de acesso a financiamento externo (a Investor tem participação no SEB, um dos maiores bancos suecos).

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