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O lado sombrio de home office e trabalho remoto: a solidão

O número de trabalhadores remotos mais que dobrou entre 2008 e 2018, mas a solidão pode custar caro para as empresas

Home Office: empresas estão chamando funcionários de volta ao escritório para fortalecer a cultura da empresa (Hero Images/Getty Images)

Home Office: empresas estão chamando funcionários de volta ao escritório para fortalecer a cultura da empresa (Hero Images/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 26 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 26 de outubro de 2019 às 06h00.

Apesar de estarmos mais conectados que nunca por meio das redes sociais e tecnologia, nunca nos sentimos tão sozinhos. Mudanças no ambiente de trabalho, bem como outros fatores, criaram uma epidemia da solidão, de acordo com pesquisa realizada pela consultoria A.T.Kearney. No entanto, empresas que fortalecerem o sentimento de pertencimento ganharão no engajamento e na produtividade de seus funcionários.

O estudo é realizado anualmente pela consultoria para verificar as principais tendências para empresas, governos e cidadãos em todo o mundo nos próximos cinco anos. Essas tendências irão mudar a forma como organizações, públicas ou privadas, operam no médio prazo. Assim, têm grandes impactos nas companhias que não se adaptam.

Esse sentimento, segundo a pesquisa, vem de mudanças no mercado de trabalho. O número de trabalhadores remotos mais que dobrou entre 2008 e 2018 e a prática de trabalhar de casa por alguns dias na semana, o home office, se tornou um benefício importante em algumas empresas. No entanto, funcionários remotos são mais propensos a sair do trabalho.

Além disso, ter amigos no trabalho aumenta o sentimento de pertencimento, especialmente para os mais jovens - o que só é possível com o convívio. Cerca de 74% de pessoas entre 25 e 15 anos e 69% dos Millenials, entre 25 e 35 anos, disseram que estariam mais inclinados a se manter em uma empresa caso tivessem mais amigos. No caso das gerações mais velhas, isso é verdade apenas para 59% dos funcionários entre 35 e 50 anos e 40% das pessoas com 50 a 70 anos.

A solidão custa caro para as companhias. Um estudo de 2017 afirmou que a solidão no ambiente de trabalho custa 3,5 bilhões de dólares para as empresas no Reino Unido todos os anos. Os custos incluem perda de produtividade, gastos com a saúde e com faltas no trabalho e com a alta rotatividade dos funcionários.

O isolamento não é causado apenas pelas mudanças nas relações trabalhistas e entre colegas. Uso excessivo de redes sociais, aumento da polarização política e comunidades menos influentes também são fatores que explicam a tendência.

Cidades como Londres, Nova York, Dobai, Los Angeles, São Paulo e Hong Kong, entre as maiores metrópoles do mundo, também estão entre aquelas mais solitárias. 

Soluções

Os departamentos de recursos humanos das empresas têm um grande desafio de combater esse problema.

Empresas como Yahoo, Bank of America e IBM estão diminuindo ou eliminando seus programas de trabalho remoto e trazendo os funcionários de volta aos escritórios, de acordo com a pesquisa.

Além disso, empresas estão chamando funcionários de volta ao escritório para fortalecer a cultura da empresa e  aumentar o nível de inovação, diz a NBC News. Embora ferramentas de comunicação facilitem o trabalho remoto, é difícil coordenar grandes equipes e empresas com milhares de funcionários.

Celebrações simples, como a tradicional Happy Hour, já podem ajudar a criar um senso de equipe mais forte, diz Sandra Strongren, gerente de recursos humanos da A.T. Kearney. Grupos de discussão voltados a grupos específicos, como diversidade, também são ferramentas que podem aumentar o sentimento de pertencimento. 

Treinamentos e reuniões de planejamento presenciais também são importantes para manter a cultura coesa entre todos os funcionários.

 

Outras tendências

Além da epidemia de solidão, o estudo também elencou outras quatro macro-tendências. Uma delas é o fim do dinheiro. Cada vez mais, transações digitais estão tomando o lugar de pagamentos com dinheiro vivo.

Outra tendência é a mudança na matriz energética, para alternativas renováveis e sem queima de combustíveis fósseis. 

Também relacionada à preocupação com o meio ambiente é a tendência do crescimento de infraestruturas pensadas em resistir a desastres naturais. Situações climáticas extremas serão cada vez mais comuns e obrigarão instituições a criar estruturas resistentes a esses impactos.

Por fim, as mudanças tecnológicas e a quarta revolução industrial estão obrigando trabalhadores a se atualizar e desenvolver novas habilidades e conhecimentos.

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