O fenômeno Smart Fit mais perto do IPO
O maior fenômeno do mercado de academias deu um passo decisivo para abrir capital
Letícia Toledo
Publicado em 27 de novembro de 2017 às 19h24.
Última atualização em 27 de novembro de 2017 às 19h24.
O maior fenômeno do mercado brasileiro de academias, a Smart Fit, deu um passo decisivo para abrir capital. Na sexta-feira, a companhia, do grupo Bio Ritmo, protocolou na Comissão de Valores Mobiliários um pedido de conversão de seu registro para poder negociar ações no Bovespa Mais – Nível 2.
Atualmente a Smart Fit tem registro para a categoria “B”, que permite a emissão de quaisquer valores mobiliários, exceto ações. O pedido feito deve alterar sua categoria para “a” e permitir a negociação de papéis.
A ida ao Bovespa Mais, pode ser passo para a abertura de capital. O segmento possibilita que pequenas e médias empresas acessem o mercado de forma gradual. A oferta inicial de ações (IPO) pode acontecer em até sete anos. O fato de ser listada no Nível 2 garante à Smart Fit o direito de emitir ações preferencias (sem direito a voto). A listagem seria também o caminho para que um de seus sócios, o fundo Pátria, consiga vender sua participação e recuperar o dinheiro investido. Nos Estados Unidos, redes de academia como a Planet Fitness, com mais de 1.000 unidades, valem mais de 3 bilhões de dólares na bolsa, com valorização de 100% em dois anos.
Em 2016 a Smart Fit inaugurou 90 academias e o grupo Bio Ritmo rompeu a marca de 1 bilhão de reais de faturamento. Para 2017 o objetivo é abrir mais 140 academias e chegar em 497 unidades. Para bancar essa expansão, além de contar com franqueados (que hoje são responsáveis por 20% das unidades da rede), o grupo recebeu um aporte de 188 milhões de reais no ano passado.
O dinheiro veio dos dois maiores acionistas do grupo: o fundo Pátria, que hoje detém 47% da empresa, e o fundo soberano de Cingapura (GIC). Além do Brasil, a Smart Fit também tem academias no México, na Colômbia, no Peru, no Chile, na República Dominicana e está em processo para abrir as primeiras unidades na Argentina.
Com uma receita simples — salas enormes, com aparelhos modernos, poucos professores e preços camaradas — a Smart Fit chegou a 1 milhão de alunos e 357 unidades, tornando-se o maior grupo da América Latina.
O maior desafio da companhia, agora, é rentabilizar o negócio. A Smart Fit começou a substituir parte dos equipamentos por salas para aulas de alongamento, dança, abdominais. Trocar parte dos saradões por turmas é uma mudança em todo o mercado brasileiro de academias.
As mudanças devem ajudar a empresa a concorrer com as academias especializadas que têm surgido oferecendo apenas uma ou duas modalidades de exercícios como crossfit, funcional e yoga. Nos Estados Unidos, essas miniacademias já respondem por 21% do faturamento do setor. E também é a mais nova aposta para ganhar escala e, enfim, sair do vermelho.
O Brasil tem mais de 32.000 academias — o segundo maior número de estabelecimentos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos — e quase nove milhões de alunos. Para a Smart Fit sustentar o seu negócio, ter escala é mais que fundamental, já que seu principal apelo são os preços baixos, que variam entre 59 reais e 89 reais por mês.
A companhia está inaugurando 25 salas por mês dentro de suas academias. Em entrevista a EXAME em maio, Edgard Corona, o presidente do Grupo Biot Ritmo, Edgard Corona, afirmou que as aulas são o jeito mais fácil e barato de chegar a uma fatia de 30% do público de academias que hoje não é atendido pela Smart Fit.
A companhia também investiu cinco milhões de reais na criação de linhas próprias de isotônicos, suplementos e roupas para ginástica. Os alunos contratam uma assinatura mensal de 14,90 reais e têm direito a uma dose por dia. Este ano também entrou no ar um site para a venda de suplementos da Smart Fit. Os suplementos foram desenvolvidos pelo laboratório Natulab, que é controlado pela gestora de ativos Pátria, também sócia da Smart Fit.
Os novos produtos e serviços podem ser um indício de que fazer as contas fecharem com mensalidades tão baixas é difícil. No último balanço publicado, de outubro, a empresa reportou um prejuízo de 22,22 milhões de reais em 2016. Em 2015, havia perdido 4,68 milhões de reais. Em 2014, 445.000 de reais.
Segundo Corona afirmou a EXAME em maio, o plano é aumentar as fontes de receita, mas também atrair mais gente para suas enormes unidades. Atualmente 4% da população brasileira frequenta academias e Corona vê espaço para levar o número a 8%. Para chegar lá, a Bio Ritmo vê a bolsa como um caminho.