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O estilo Garoto Enxaqueca de Daniel Loeb, agora contra o Yahoo!

Gestor é uma velha dor de cabeça para os presidentes das empresas em que investe

Yahoo!: nova vítima dos ataques de Daniel Loeb (Getty Images)

Yahoo!: nova vítima dos ataques de Daniel Loeb (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2012 às 18h50.

São Paulo – Há dias em que Scott Thompson, o novo presidente do Yahoo!, deve realmente se perguntar onde foi amarrar seu burro. Não bastasse o desafio de resgatar uma empresa que já foi um ícone do mundo digital, o executivo enfrenta, agora, outra dor de cabeça: Daniel Loeb.

É natural que o dia-a-dia de qualquer grande CEO envolva lidar com as pressões de acionistas, mas Loeb é um caso à parte. Com 5,8% de participação no Yahoo!, o seu fundo de hedge, Third Point, se apresenta como o maior acionista independente da empresa – e, de fato, é um dos maiores investidores institucionais.

Loeb é um velho (e temido) conhecido de Wall Street. Ele faz parte da tribo dos “investidores ativistas”, conhecidos por pressionar publicamente conselhos de administração e diretorias executivas, em busca de maiores retornos para suas aplicações.

Outro nome conhecido da turma é Carl Icahn, que já aterrorizou empresas como a Motorola, Oracle e o próprio Yahoo!, quando, em 2008, tentou destituir o conselho da empresa, a quem chamou de “irracional” por recusar a oferta de compra apresentada pela Microsoft.

Marca própria

Mas Daniel Loeb tem um estilo próprio para pressionar as empresas a fazer o que deseja. Ele gosta de censurar, particularmente, indícios de ostentação dos executivos, sobretudo quando as empresas estão gerando um retorno abaixo do que espera – ou, o que é pior, nenhum retorno.

Sua escrita é pontuada por puxões de orelhas a quem se exibe com “chofer”, em “festas e eventos”, “confraternizando” com outros, em vez de arregaçar as mangas e entregar o que, na avaliação de Loeb, é o que se espera de qualquer alto executivo: polpudos resultados aos acionistas.

É claro que lavar a roupa suja em público é uma opção de Loeb, mas suas cartas são intimidadoras também por expor os executivos com expressões irônicas ou histriônicas. Certa vez, referindo-se a uma dessas vítimas, afirmou que ele caminhava para conquistar um “reluzente lugar no Firmamento da má gestão”.


Tênis versus lucros

Loeb teve, por exemplo, um verdadeiro acesso de raiva quando, em fevereiro de 2005, viu pela TV Leornhard Dreimann em uma das tribunas na final do torneio de tênis US Open.

Na época, Dreimann era o presidente mundial da Salton, que não vinha apresentando bons resultados – para desgosto de Loeb, que havia investido nela. “Meu espanto rapidamente se transformou em raiva, quando vi Dreimann e outros curtindo a partida sob o sol de verão, bebericando e degustando canapés”, escreveu na carta de protesto publicada na ocasião.

Sem contar a carta enviada ao Yahoo!, Loeb já publicou cerca de uma dezena de protestos públicos contra a gestão de empresas em que investe. Para os críticos, Loeb não engana ninguém. Já em 2005, a revista americana New Yorker afirmava que muitos o viam como um “egoísta disfarçado de moralista”.

Como Scott Thompson vai lidar com Loeb é um capítulo à parte na missão do executivo, que ficou famoso por transformar o PayPal em uma potência global no mercado de pagamentos online. Na carta enviada ao novo presidente do Yahoo!, Loeb já destilou um pouco de sua ironia, ao afirmar que acreditou, “talvez ingenuamente”, que a nova direção aceitaria a ajuda dos acionistas para sair da crise. Mas, de ingênuo, Loeb não tem nada.

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