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O dilema da Ambev: as vendas crescem e o lucro diminui. Até quando?

Cervejaria precisa correr para mudar trajetória de queda de margens enquanto vê avanço da Heineken

Cerveja: Ambev enfrenta cenário de margens apertadas (Jack Andersen/Getty Images)

Cerveja: Ambev enfrenta cenário de margens apertadas (Jack Andersen/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 08h00.

A cervejaria Ambev, líder no mercado brasileiro e dona das marcas Brahma e Skol, tem suado para defender suas trincheiras em um mercado cada vez mais competitivo. A companhia tem conseguido ampliar seus volumes de vendas, o que é uma boa notícia. A expectativa do banco BTG Pactual é de crescimento de 14% no volume de vendas no quarto trimestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Mas paga um preço alto para manter esse ritmo. A estratégia da Ambev -- que historicamente sempre teve um poder de preço importantíssimo para o negócio -- tem sido segurar os preços o tanto quando possível, a fim de manter participação de mercado. Os analistas do BTG pontuam que a cervejaria esperou a movimentação da concorrência para aumentar os preços, e não o fez em todas as praças, mantendo uma forte estratégia promocional. “A Ambev continua disposta a sacrificar preços para preservar a participação de mercado  e o espaço nas prateleiras”, diz relatório do banco divulgado na segunda-feira (8).

A tática, no entanto, pode ter prazo de validade. A expectativa do banco é de que o custo de produção da companhia no Brasil tenha aumento significativo em 2021, pressionando suas margens ainda mais para baixo. O cenário traçado pelo banco é nebuloso. Além da pressão da inflação sobre o setor de alimentos, a expectativa é de que a demanda por cerveja seja mais fraca em 2021 em comparação com 2020.

Nos três primeiros trimestres de 2020, a receita da cervejaria foi de 39,8 bilhões de reais, um crescimento de 8% em relação ao mesmo período de 2019. Mas o lucro líquido despencou: foi de 7,9 bilhões de reais em 2019 -- o que representa margem líquida de 21,6% -- para 4,8 bilhões de reais em 2020 – margem líquida de 12%. Os resultados do quarto trimestre serão divulgados no dia 25 de fevereiro.

Para mudar a trajetória, a Ambev precisa reforçar seu porfólio e sua estratégia para enfrentar outras marcas. Em pesquisa recente, o Credit Suisse constatou que a Heineken é a marca preferida da maioria dos entrevistados, citada por 28% dos consumidores, à frente de Brahma e Skol, em segundo e terceiro lugar.

Embora a Heineken seja a favorita para 28% dos respondentes, apenas 22% dizem que essa é a marca consumida com maior frequência. Entre os possíveis motivos citados pelo Credit, estão os preços altos, o que reforça a importância para a Ambev em segurar os preços.

Outra frente promissora para a cervejaria é sua atuação na venda direta ao consumidor pela internet. A companhia já tem alguns bons exemplos como o serviço de entregas Zé Delivery, cujo objetivo é entregar a cerveja sempre gelada a partir de bares e lojas menores. Com o aplicativo, a Ambev se aproxima do consumidor final e passa a ter acesso rápido a dados valiosos sobre seu comportamento, o que pode ser decisivo na hora de identificar tendências, modular preços e desenhar novos produtos.

O aplicativo entrega inclusive cervejas da Heineken, dando à Ambev material para compreender o comportamento do consumidor em relação à concorrente nas diferentes regiões e de acordo com o preço dos produtos. Outra iniciativa que vai nessa direção é a plataforma Parceiro Bees, voltada para parceiros como bares e lojas.

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