Fábrica da Biolab: indústria de medicamentos segue avançando por ser tradicionalmente um dos últimos setores a serem atingidos pela crise (Cláudio Rossi / EXAME)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2015 às 11h20.
São Paulo - O laboratório farmacêutico brasileiro Biolab está projetando crescimentos de cerca de 18 por cento na receita neste ano e de 15 por cento em 2016, apoiado no lançamento de novos medicamentos vendidos com prescrição médica.
Apesar do ambiente de recessão da economia brasileira e da valorização do dólar contra o real, que encarece os insumos, a indústria de medicamentos segue avançando por ser tradicionalmente um dos últimos setores a serem atingidos pela crise, disse à Reuters Dante Alario Junior, presidente científico da companhia.
Segundo ele, a Biolab prevê encerrar 2015 com faturamento de 1,3 bilhão de reais, após 1,1 bilhão no ano passado. Quanto a 2016, para quando a empresa está calculando seu orçamento com base em um dólar a 3,85 reais, a expectativa é de crescimento para 1,5 bilhão de reais.
"As perspectivas para a economia para o próximo ano não são as melhores. Mas temos alguns lançamentos que faremos no ano que vem. Mesmo sendo um ano difícil, esperamos ter um bom resultado em função dos produtos", afirmou o executivo.
A companhia foi fundada em 1997 e, além de Alario, tem como sócios os irmãos Cleiton e Paulo Marques, da União Química.
A empresa prepara para os próximos meses o lançamento da primeira molécula desenvolvida totalmente pela própria Biolab e uma versão de anestésico tópico produzida a partir de nanotecnologia, que promete ter efeito em minutos ante intervalo de horas de anestésicos tradicionais similares.
A molécula, da classe química "imidasólicos", será usada em um medicamento da companhia para tratamento de micoses e vendido sob prescrição médica. No Brasil, a droga vai ter pela frente um mercado de 400 milhões de reais, disse Alario.
"É uma molécula que desenhamos e sintetizamos. É um trabalho que nunca foi feito no Brasil", disse o executivo, se referindo ao antimicótico. Segundo ele, a Biolab tem investido nos últimos quatro anos cerca de 7 a 10 por cento do faturamento em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Alario afirmou que no longo prazo o antimicótico poderá passar à categoria de medicamentos que não precisam de receita médica e que atualmente é disputado no país por companhias como a Hypermarcas.
Já o anestésico, produzido a partir de lidocaína e prilocaína e que, segundo a empresa, é primeiro o nanoanestésico tópico do mundo, terá pela frente um mercado nacional de 52 milhões de reais, disse Alario. Como tem aplicação mais rápida, a droga agiliza e simplifica o processo pré-operatório, segundo a Biolab.
O executivo comentou que, além destes dois produtos, a Biolab está promovendo testes pré-clínicos em animais, na França, de outras moléculas para outro antimicótico e um anti-hipertensivo. No Brasil, a empresa testa cinco moléculas de antibióticos, disse ele.
No total, a Biolab tem 260 depósitos de patentes, dos quais 46 já foram concedidas em mercados como Estados Unidos, Japão, Canadá e Europa, disse Alario.
O executivo comentou que os sócios da Biolab estão avaliando uma eventual entrada de investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em uma empresa de biotecnologia criada pela companhia em parceria com a Eurofarma.